04 de Outubro

Festa de São Francisco de Assis

Ego stigmata Domini Iesu in corpore meo porto — “Eu trago em meu corpo os estigmas do Senhor Jesus” (Gl 6, 17)

Sumário. Posto que São Francisco fosse adornado de todas as virtudes cristãs, a sua virtude característica contudo foi o seu ardente e entranhado amor para com Jesus Cristo. Pelo que mereceu que Jesus Cristo lhe imprimisse os santos estigmas, e que tanto ele como a sua ordem fossem distinguidos pelo mundo todo com o título de Seráfico. Se quisermos que em nós também se acenda esta bela chama do amor, procuremos, à imitação do santo, viver desapegados dos bens terrestres e sobretudo estudar todos os dias no grande livro que é o Crucifixo.

I. Contempla as sublimes virtudes que ornaram a vida deste grande Patriarca. A Providência que o destinou a ser uma cópia viva do divino Redentor, dispôs que, semelhante nisto a Jesus fosse amantíssimo da pobreza. Dali nasceu no santo a sua extrema devoção ao mistério da Encarnação; e é opinião comum que foi ele quem primeiro introduziu o uso de se armarem Presépios na festa do Natal.

Quando jovem e destinado ao comércio, fazia tão largas esmolas, que o pai econômico o obrigou a renunciar à sua herança; e o santo ficou extremamente contente com isso, porque, como dizia, poderia desde então com mais confiança chamar Deus seu Pai. Dali por diante viveu sempre pobre, não quis mais outra companhia senão a de pobres e experimentou todos os incômodos que a pobreza traz consigo. Não foi menor a sua penitência, que o fez inventar mil modos de afligir o seu corpo e fazer-se imagem viva de Jesus crucificado. A sua humildade foi tal que pôde fazer suas as palavras do Apóstolo:

“Eu sou feito como um néscio por amor de Jesus Cristo… como a imundície do mundo e a escória de todos” (1).

A virtude característica, porém, de São Francisco, que foi a motriz de todas as outras, é o seu entranhado amor para com Deus; amor este que o santo aprendeu pelo estudo contínuo que fazia no grande livro do Crucifixo. Regozija-te com o santo e agradece a Deus o tê-lo enriquecido com tão sublimes virtudes. E como São Francisco continua a viver nos seus filhos, pede ao Senhor aumente o seu número e lhes conserve o bom espírito.

II. Considera como aprouve a Deus recompensar, mesmo na terra, as exímias virtudes de São Francisco. Recompensou-lhe a devoção à Santíssima Virgem, concedendo-lhe por meio dela graças mui assinaladas, e especialmente a indulgência chamada da Porciúncula. Recompensou- lhe o desapego dos parentes, fazendo-o pai de uma geração de santos de todas as idades e condições: mártires, pontífices , doutores, confessores, virgens e viúvas. Recompensou-lhe a pobreza, provendo sempre ao seu sustento e ao dos seus filhos, de modo que podem dizer:

Nihil habentes, et omnia possidentes (2) — “Não tendo nada, e possuindo tudo”

Em recompensa das penitências, comunicou-lhe o seu poder divino sobre as doenças, os elementos e a mesma morte, obrando por intermédio de Francisco contínuos milagres. Em recompensa da humildade, exaltou-o diante dos grandes do mundo e deu-lhe no céu um trono muito excelente.

A recompensa, porém, mais insigne foi dada por Deus ao amor que o santo lhe teve: imprimiu-lhe os santos estigmas, que o fizeram cópia viva de Jesus crucificado; conferiu, tanto ao santo como à sua ordem, o título glorioso de Seráfico; finalmente, deixou-o morrer todo consumido pelas chamas do amor, num dia de Sábado. Se quiseres ter parte nestas recompensas de São Francisco, e particularmente na última, cuida em lhe imitar as virtudes, e para este fim recomenda-te ao Senhor pela intercessão do santo.

“Ó Deus, que dais um novo brilho à vossa Igreja multiplicando os filhos do vosso glorioso servo São Francisco, concedei-me a graça de, a seu exemplo, desprezar sempre os bens da terra e obter os bens da bem-aventurança eterna” (3). Fazei-o pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela intercessão da minha querida Mãe, Maria.

Referências: (1) 1 Cor 4, 10. (2) 2 Cor 6, 10. (3) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 372-374)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.