07 de Março ou 28 de Janeiro

Festa de Santo Tomás de Aquino

Quasi sol refulgens, sic ille effulsit in templo Dei – “Como o sol resplandecente, assim ele resplandeceu no templo de Deus” (Ecle 50, 7)

Sumário. É com justa razão que os fiéis dão a este Santo o nome de Sol; porquanto, assim como o sol material alumia e aquece a terra, Santo Tomás nos aquece com os seus exemplos e nos alumia com sua doutrina. Rendamos graças a Deus, por nos ter concedido este Astro benfazejo, e roguemos-lhe a graça de aproveitarmos o seu influxo salutar. Lembremo-nos, porém, de que a sabedoria celestial se adquire mais pela oração do que pelo estudo.

I. Não é sem justa razão que os fiéis dão a Santo Tomás o nome de Sol ; porquanto, assim como o sol material ilumina e aquece a terra, o Santo nos aquece com os seus exemplos e alumia-nos com sua doutrina.

Ele é em primeiro lugar um belo modelo de devoção à Virgem Santíssima . Desde criança se distinguiu pelo amor a nosso Senhor, engolindo um papelzinho no qual estava escrito a Ave-Maria, e que com suas lágrimas obteve que lh’o restituíssem depois de lh’o terem tirado das mãos. Desde então a grande Mãe de Deus tomou posse daquele coração inocente.

– É o Santo modelo de assiduidade na oração . Sendo ainda menino, o que mais desejava era que lhe ensinassem quem é Deus, e desde a idade de dez anos passava cada dia duas horas em oração, e afim de tratar mais livremente com Deus, tomou o hábito na Ordem de São Domingos, quando tinha apenas quatorze anos de idade.

É igualmente modelo de desapego do mundo e de firmeza heroica . Para lhe tirarem a resolução de se fazer religioso, os parentes o maltrataram e encerraram num cárcere; chegaram mesmo a mandar para junto dele uma mulher perdida afim de perverter. Mas o santo jovem venceu tudo. Não podendo fugir, como fez José, repeliu de si aquela mulher impudente com um tição em braça. Em recompensa disso os anjos cingiram-no com a cinta de perpétua virgindade.

É ainda modelo de caridade e de zelo pela glória de Deus e pela salvação das almas, promovendo-a por meio da pena, da palavra e da oração; acolhendo todos com mansidão e consolando e socorrendo onde pudesse.

É modelo de humildade ; não fazendo nunca ostentação da sua sabedoria, nem afagando pensamentos de vaidade, pelo que no princípio o tiveram por pouco talentoso.

Finalmente, Santo Tomás é modelo de amor para com Deus . O que o Santo provou claramente, quando, perguntado por Jesus Cristo que galardão desejava por haver tão bem escrito sobre Ele, respondeu:

“Senhor, não quero senão só a Vós mesmo” (1)

– Regozija-te com o Santo, e promete ser-lhe sempre devoto. Lembra-te, porém, do que diz Santo Agostinho:

A verdadeira devoção consiste na imitação das virtudes do Santo por quem o venera – Vera devotio est imitari quem colimus

II. Santo Tomás é chamado de Sol , não só porque nos aquece pelos seus exemplos, mas também, e mais ainda, porque nos alumia com a sua doutrina. As muitas obras com que enriqueceu a Igreja, são outros tantos monumentos da sua profunda ciência humana e divina. Cada artigo é um prodígio de sabedoria, cada linha uma sentença, digna de ser escrita em letras de ouro. Baste-nos saber que o Concílio de Trento não hesitou em se servir das próprias palavras do Santo para formular as suas decisões.

– Numa palavra, é tão vasta a ciência do Santo, que mereceu o título de Doutor Angélico , de Padroeiro das escolas católicas . Jesus Cristo mesmo se dignou tecer-lhe elogio com estas palavras notáveis:

Bene scripsisti de me, Thoma – “Tomás, escreveste bem sobre mim” (2)

Agradece a Deus o ter feito surgir na sua Igreja este novo Astro, que alumiará até ao fim dos séculos, e pede-lhe pelos méritos do Santo a graça de aproveitares as suas luzes. Para este fim é necessário que imites a Santo Tomás, que adquiriu tamanha ciência não só pelo estudo, mas também e muito mais pela oração assídua, acompanhada de penitências e jejuns: Nunca o Santo se pôs a estudar sem que primeiro recorresse ao Pai das luzes:

Da mihi, Domine, sedium tuarumassitricem sapientiam – Dá-me aquela sabedoria que está ao pé de ti no teu trono (3)

“Ó Deus, que ilustrastes a vossa Igreja com a erudição admirável de Santo Tomás, e a fecundastes com as suas santas obras, concedei-me compreender com minha inteligência o que ele ensinou, e imitar o que fez” (4). Fazei-o pelo amor de Jesus Cristo, e pela intercessão de Maria Santíssima.

Referências: (1) Lect. II Noct. (2) Lect. II Noct. (3) Sb 9, 4 (4) Or. Festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 438-441)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.