15 de Outubro

Festa de Santa Teresa de Jesus

Fulcite me floribus, stipate me malis; quia amore langueo — “Acudi-me com confortativos de flores, trazei-me pomos que me alentem, porque desfaleço de amor” (Ct 2, 5)

Sumário. Consideremos o ardente amor que tinha a Deus esta seráfica santa. Parecia-lhe impossível que pudesse haver no mundo uma pessoa que não amasse a Deus, e chegou a dizer que não teria pena de ver outros no céu mais felizes do que ela, porém que não poderia consentir em ver alguém amar a Deus mais do que ela. Pondo os seus atos em harmonia com as suas palavras, esforçava-se por cumprir tudo que sabia ser agradável a Deus. Se, à imitação da santa, quisermos fazer progressos no amor, desapeguemos o nosso coração das criaturas, com a resolução de obrar e padecer por Jesus Cristo.

I. Consideremos o ardente amor que tinha a Deus esta seráfica santa. Parecia-lhe impossível que pudesse haver no mundo uma só pessoa que não amasse a Deus, e costumava dizer:

“Deus meu, não sois excessivamente amável por causa das vossas perfeições infinitas e do infinito amor que nos tendes? Como pode pois haver alguém que não Vos ame?”

Ela era muito humilde, mas, ao falar de amor, não hesitava em dizer:

“Sou toda imperfeição, exceto nos desejos e no amor”

A santa deixou-nos este excelente ensino: Desprende o teu coração de todas as coisas: busca a Deus e achá-lo-ás.

Costumava dizer, por outra parte, que é fácil para o que ama a Deus desprender-se da terra. “ Ah, meu Deus! ”, exclamava, “ só necessitamos amar-Vos deveras, para que nos torneis tudo fácil ”. E em outro lugar escreve:

“Já que devemos viver, vivamos para Vós; desapareçam os nossos interesses próprios. Que maior vantagem podemos conseguir, do que a de Vos agradar? Ó delícia minha e Deus meu! Que farei para Vos dar gosto?”

Ela chegou até a dizer que não teria pena de ver os outros no céu mais felizes do que ela mesma, mas que não poderia consentir em ver alguém amar a Deus mais do que ela.

O que há mais admirável em nossa santa é a firmeza de ânimo com que se esforçava por cumprir tudo o que sabia ser agradável a Deus: “ Nada há ”, dizia, “ por penoso que seja que não me animasse a empreender, se se me apresentasse ocasião de o fazer ”. Dali ensinava que o amor de Deus se alcança pela resolução de obrar e padecer por Deus, porque o demônio não teme as almas irresolutas. Para agradar a Deus, chegou ainda, como é sabido, a fazer o voto de executar sempre o que fosse mais perfeito. E como o amor se conhece no sofrer por Deus, desejava ela não viver senão para sofrer. Por isso escrevia:

“Parece-me que não há razão para viver, que não seja para padecer, e isto é o que mais ardentemente peço a Deus. Digo-lhe de todo o coração: Senhor, ou padecer ou morrer, só isto Vos peço para mim”

Chegou o seu amor a ser tão ardente, que Jesus Cristo lhe disse um dia: “ Teresa, tu és toda minha, e eu sou todo teu ”, e enviou um Serafim para lhe ferir o coração com uma seta de fogo.

II. Finalmente Teresa morreu como havia vivido, toda abrasada em amor. Aproximando-se-lhe o fim da vida, todos os seus suspiros eram por morrer, a fim de poder unir-se ao seu Deus. “ Ó morte! ”, dizia, “ não sei quem pode temer-te, porque em ti está a vida. Serve, ó minha alma, ao teu Deus e espera que ele dê remédio às tuas penas ”. Por isso compôs aquela afetuosa glosa:

“Vivo sem viver em mim; e tenho tamanho desejo da outra vida, que morro por não morrer”

Quando lhe levaram o viático, exclamou:

“O meu Senhor, chegou, enfim, o momento por tanto tempo anelado: agora começa o tempo em que nos veremos face a face”

Depois morreu de puro amor, como ela mesma revelou depois. Foi vista voando ao céu em forma de uma pomba branca; e de seu corpo virginal se espalhou pelo mosteiro todo um suavíssimo perfume.

Ó minha seráfica santa, regozijo-me convosco, agora que vos contemplo no céu, onde amais o vosso Deus com um amor que enche de contentamento o vosso coração, que tanto desejou amá-lo sobre a terra. Mas já que no céu o desejo de ver a Deus amado se confirmou juntamente com o amor do vosso próprio coração, assisti, ó santa Mãe, a esta minha alma miserável, que deseja, como vós, arder em santo amor desta Bondade infinita, que merece o amor de uma infinidade de corações. Dizei por mim a Jesus o que uma vez lhe dissestes por um servo seu: Senhor, tomemo-lo por amigo. Pedi-lhe que me faça tomar a resolução de lhe consagrar de uma vez para sempre a minha inteira vontade, nada mais buscando em todas as coisas senão o seu maior agrado e glória.

Agora, minha santa, volvei-vos à divina Mãe que tudo pode; e já que ela se gloria de ser a Mãe do belo amor, dizei-lhe que me abrase todo nestas santas chamas. Dizei- lhe também que pelas suas mãos espero receber a salvação eterna; e que de hoje em diante lance sobre mim, como protegido vosso, os seus mais piedosos olhos. Como esta grande Rainha é minha poderosa advogada junto de Jesus, vós também, ó Teresa, sede minha advogada junto de Maria. “E Vós, ó Senhor, concedei-me que, como me comprazo em celebrar a memória da vossa Bem-aventurada virgem Teresa seja nutrido pelo pão da sua celeste doutrina e penetrado pelo sentimento de uma terna devoção” (1).

Referência: (1) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 377-380)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.