1ª Quarta-feira de Março

Da viagem de São José e Maria Santíssima a Belém, onde nasceu Jesus

Ascendit autem et Ioseph … in civitatem David, quae vocatur Bethlehem — “Subiu também José … à cidade de Davi, que se chama Belém” (Lc 2, 4)

Sumário. Consideremos os doces colóquios dos santos Esposos sobre o mistério da Encarnação, durante a viagem de Nazaré a Belém. Imaginemos a tristeza de São José vendo-se com Maria expulso de Belém e obrigado a refugiar-se numa gruta. Mas a tristeza se trocou em alegria, quando o Patriarca ouviu o doce canto dos anjos, viu o Filho de Deus feito menino, e os pastores e os magos prostrados em adoração. Unamos os nossos afetos ao de São José e admiremos como o Senhor alterna as alegrias com as tristezas na vida dos justos.

I. Considera com que ternura Maria e José deviam entreter-se naquela viagem, sobre a misericórdia de Deus, que manda seu Filho à terra para Redenção do gênero humano; e sobre o amor do Filho, que quer vir a este vale de lágrimas, a fim de satisfazer com sua paixão e morte pelos pecados dos homens. Considera também a aflição de José, que na noite em que devia nascer o Verbo divino, se viu com Maria expulso de Belém, de modo que foram obrigados a se refugiarem numa gruta. Qual não deve ter sido a sua dor, vendo sua santa Esposa, jovem de quinze anos, próxima a dar à luz, tremer de frio naquela gruta úmida e aberta de todos os lados?

Mas, qual não deve ter sido em seguida a sua consolação, quando ouviu Maria chamá-lo e dizer-lhe: Vem, José, vem adorar o nosso Deus-Menino, que já nasceu nesta gruta. Vê como é formoso; vê nesta manjedoura sobre um pouco de palha ao Rei do universo. Vê, como está tremendo de frio aquele que abrasa os Serafins de amor. Vê como está chorando aquele que é a alegria do paraíso. Contempla aqui, meu irmão, qual deve ter sido a ternura e amor do santo Patriarca, quando, com os seus próprios olhos viu o Filho de Deus feito menino, e ao mesmo tempo ouviu os anjos cantarem em torno do seu Senhor nascido, e viu a gruta resplandecente de luz.

Então José, de joelhos, e derramando lágrimas de ternura, disse: Adoro-Vos, meu Senhor e meu Deus. Que felicidade minha é a de ser o primeiro, depois de Maria, a Vos ver nascido, de saber que nesta terra quereis ser chamado meu filho, e tido por tal. Permiti, pois, que eu também assim Vos chame, e desde agora Vos diga: Meu Deus e meu Filho, consagro-me todo a Vós. A minha vida não será mais minha, será toda vossa, e não me servirá mais, senão para Vos servir, ó meu Senhor. Como ainda aumentou a alegria de São José, vendo naquela noite virem os pastores convidados pelo Anjo a adorarem seu Salvador nascido; e depois também os santos Magos, que chegaram do Oriente para tributarem as suas homenagens ao Rei do céu, vindo à terra para salvação das suas criaturas.

II. Une os teus afetos aos dos Pastores e dos Magos, ou, melhor ainda, aos de São José mesmo e de Maria, sua Esposa imaculada. Depois reflete no que diz São João Crisóstomo, quando fala das dores e das alegrias do santo Patriarca: Misericors Deus moestis rebus etiam iucunda permiscuit . Na sua infinita misericórdia e sabedoria, o Senhor dispôs que a vida do justo seja uma alternação de aflições e de alegrias; e se não permite que seja oprimido pelas tribulações, tampouco quer que ande sempre por entre gozos.

Meu santo Patriarca, pela dor que sentistes em ver o Verbo divino nascido numa gruta, tão pobre, sem fogo e sem paninhos, como também em o ouvir chorar pelo frio que o atormentava, Vos rogo que me alcanceis uma dor sincera dos meus pecados, que foram causa das lágrimas de Jesus. E pela consolação que tivestes em ver pela primeira vez a Jesus nascido no presépio, tão formoso e gracioso, que desde então vosso coração começou a arder de um amor mais ardente para com o Menino tão amável e tão amoroso, alcançai-me a graça de o amar com amor ardente na terra, a fim de ir um dia gozá-lo no paraíso.

E vós, ó Maria, Mãe de Deus e minha Mãe, recomendai-me a vosso Filho, e alcançai-me o perdão de todas as faltas que tenho cometido, e a graça de não mais o ofender. Ó meu amado Jesus, perdoai-me pelo amor de Maria e José, e dai-me a graça de um dia Vos ver no céu, para Vos louvar e amar a vossa divina beleza e a bondade que Vos fez nascer criança por meu amor. Amo-Vos, bondade infinita; amo-Vos, meu Jesus; amo-Vos, meu Deus, meu amor, meu tudo; e não Vos peço outra graça, senão a de Vos amar com todas as minhas forças, Jesus, Maria, José, eu Vos dou o meu coração e o meu espírito (1).

Referência: (1) Indulgência de 100 dias cada vez.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 472-475)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.