1ª Sexta-feira de Dezembro

O Coração de Jesus, modelo de Fidelidade

Fidelis est, qui vocavit vos; qui etiam faciet — “Fiel é o que vos chamou; o qual também o fará” (1 Ts 5, 24)

Sumário. Jesus tem um Coração tão fiel, que, quando é abandonado, traído, desprezado por uma criatura infiel, vai à sua procura, instando com ela para que torne à sua amizade. Estimulado por amor extremo, faz todos os esforços para reconquistar a alma que o deixou, a fim de que ela se digne ao menos responder a um Coração que nunca lhe faltou na fidelidade.

I. O Coração de Jesus é fiel a cada alma que se lhe quer dar (1). Mas, ai! Muitas vezes acontece que a alma cai na infidelidade e abandona a Jesus Cristo. O Coração de Jesus, porém, é tão fiel que, quando é abandonado, traído, desprezado por uma criatura infiel, vai à sua procura; estimulado por amor extremo faz todos os esforços para reconquistar a alma que o deixou; pede, exorta, convida, promete, ora, suplica, a fim de que ela se digne ao menos responder a um Coração que nunca lhe faltou com a fidelidade.

E de que maneira, ó meu Jesus, recebereis a alma infiel? Ela me será, diz Deus pelo profeta Jeremias, tão cara como antes.

“Volta, ó alma rebelde, e não farei cair a minha ira sobre ti; porque benigno sou, e não conservarei para sempre a minha ira” (2)

Tal é a linguagem cheia de ternura para com toda a alma que lhe foi infiel. Que bondade! Que caridade! Almas há que receberam de Jesus favores singulares e o deixam por uma miserável paixão. Almas há que deveriam experimentar a mais pungente dor por não ver o Coração de Jesus amado por todos os homens, e conservam o seu coração apegado às criaturas.

Uma das causas desta infidelidade é a falta de oração, que faz com que Deus nos retire o seu socorro; e sem o socorro de Deus não podemos observar os seus mandamentos, nem viver segundo os seus conselhos. Donde vem, diz o sábio bispo Abelly, a relaxação que se nota nos costumes, senão da falta de oração? Outra causa é o amor do mundo, que dificilmente se concilia com a fidelidade a Deus. Todos os que vivem para o mundo, diz Santo Ambrósio, estão sob o poder tirânico do pecado. O ar do mundo é nocivo à alma: aquele que o respira, contrai facilmente alguma enfermidade espiritual.

II. A terceira causa das infidelidades da alma são as paixões, os nossos mais terríveis inimigos. Há pessoas que praticam muitas devoções, comunhões, devoções, jejuns e penitências, mas desprezam vencer as suas paixões, certos ressentimentos, certas curiosidades, certas afeições perigosas; não sabem suportar as contrariedades, submeter a sua vontade à obediência. Estas pessoas não somente não atingirão a perfeição, mas, continuando a seguir as suas paixões, vão de mal a pior e tornar-se-ão infiéis a Deus. “ A menor faísca, que não se extingue ”, diz São Tiago, “ pode fazer arder toda uma floresta; e uma paixão não reprimida pode conduzir a alma à sua perdição ” (3).

Ó meu Jesus, se todos os homens parassem para Vos considerar na cruz com fé viva, crendo que sois o seu Deus, e morrestes para salvá-los, como poderiam viver separados de Vós e privados do vosso amor? E eu, sabendo bem tudo isto, como tenho podido dar-vos tantos desgostos? Se os outros Vos ofenderam, ao menos pecaram nas trevas, ao passo que eu Vos ofendi em plena luz. Mas estas mãos traspassadas, este lado aberto, este sangue, estas chagas, que eu considero em Vós, fazem-me esperar o perdão e a vossa graça.

Ó meu amor, aflito estou por Vos ter desprezado; agora Vos amo de todo o meu coração e nada me contrista mais que a lembrança de Vos ter ofendido; possa a dor que sinto, ser sinal de que me haveis perdoado! Ó Coração ardente de Jesus, abrasai o meu pobre Coração! Ó meu Jesus, morto pelas dores que Vos causei, fazei com que eu morra pela dor de Vos ter ofendido, e pelo amor que de mim mereceis. Eu me sacrifico todo por Vós, que Vos sacrificastes todo por mim. Ó Maria, Virgem fiel, fazei com que até a minha morte eu seja fiel ao amor de meu e vosso Jesus.

Referências: (1) Estas meditações foram tiradas do livro “Devoção ao Sagrado Coração de Jesus segundo Santo Afonso Maria de Ligório” pelo Pe. Saint-Omer, C. Ss. R. (2) Jr 3, 12. (3) Tg 3, 5.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 407-410)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.