1ª Sexta-feira de Julho

Coração de Jesus, modelo de Humildade

Discite a me, quia… sum humilis corde — “Aprendei de mim, porque sou humilde de coração” (Mt 11, 29)

Sumário. Oh! Quanto é bela a alma ornada da virtude da humildade! O humilde de coração, diz São Paulino, torna-se o Coração de Jesus Cristo, porque a humildade nos une a este divino Coração. O Filho de Deus veio do céu para nos ensinar a humildade, não somente pelas Suas palavras, mas ainda pelo Seu exemplo. Santo Agostinho falando da humildade de Jesus, diz: Se tal remédio não nos cura do nosso orgulho, difícil será achar-se outro meio de nos livrarmos dele. Aprendamos, pois, de Jesus Cristo a ser humildes.

I. Oh! Quanto é bela a alma ornada da virtude da humildade! O humilde de coração, nos diz São Paulino, torna-se o Coração de Jesus Cristo mesmo: Humilis corde Cor Christi est . E porque? Porque a humildade nos une ao Coração de Jesus Cristo, que é a humildade mesma, como Ele mesmo nos ensina: Aprendei de mim, que sou humilde de coração . Antes de Jesus Cristo, esta bela virtude era pouco conhecida e pouco estimada, ou antes era aborrecida sobre a terra; por toda a parte reinava o maldito orgulho, que causou a desgraça de Adão e de todo o gênero humano.

Então veio o Filho de Deus do céu à terra para no-la ensinar, não somente pelas Suas palavras, mas ainda pelos Seus exemplos. A este fim, “Ele se humilhou, até fazer-Se homem, tomando a forma de servos — Semetipsum exinanivit formam servi accipiens” (1). Ele quis até, entre os homens, ser tratado como objeto de desprezo e como o último dos homens: despectum et novissimum virorum , conforme o que disse Isaias (2). — Escutemos agora o que Ele nos recomenda:

“Eu Vos dei o exemplo, a fim de que façais o que Eu fiz por vós — Exemplum dedi vobis, ut, quemadmodum ego feci vobis, ita et vos faciatis” (3)

Como se dissesse : Meus filhos, se abracei todas estas ignomínias, é para que, seguindo o meu exemplo, não as desdenheis.

Santo Agostinho, falando da humildade de Jesus Cristo, diz que, se tal remédio não nos cura do nosso orgulho, difícil será achar-se outro meio de nos livrarmos dele. Eis aqui o que o mesmo Santo escrevia a um amigo: Se queres saber qual é a virtude principal que nos cumpre praticar, para nos tornarmos discípulos de Jesus Cristo, e a mais eficaz para nos unir a Deus, dir-te-ei que é a humildade; interroga-me quantas vezes quiseres, sempre terás a mesma resposta. Muitas pessoas são humildes de boca, sem o serem de coração. Todavia, a , a do coração, consiste em desejarmos ser desprezados dos outros e nos comprazermos nas humilhações. Esta é propriamente a humildade que Jesus Cristo veio nos ensinar pelo Seu exemplo.

II. A humildade, dizia São Vicente de Paulo, parece bela em especulação, mas na prática é horrível, porque consiste em amar os abatimentos e os desprezos. Conforme São Francisco Xavier, o amor das honras é coisa indigna de todo cristão, que deve ter sem cessar diante dos olhos as ignomínias de Jesus Cristo; quanto mais indigno é esse amor da alma que se diz discípula do Coração infinitamente humilde de Jesus Cristo. Se queremos, pois, santificar-nos, apreciaremos, segundo o conselho de São Boaventura, viver ignorados e ser tidos em nada.

Ó Coração humildíssimo de Jesus, que, por amor de mim, quisestes ser obediente até à morte de cruz, como ouso aparecer ante Vós e dizer-me discípulo Vosso, eu, tão grande pecador, e contudo tão orgulhoso, que não posso suportar um desprezo sem ressentir-me? De onde me vem esse orgulho, se, pelos meus pecados, tenho merecido tantas vezes ser calcado aos pés do demônio nos infernos? Ó Coração divino, saturado de tantos desprezos, fazei que eu me torne semelhante a Vós. Sinceramente desejo mudar de proceder; pelo meu amor sofrestes todos os opróbrios; quero, pelo Vosso amor, suportar todas as injurias.

Meu divino Redentor, pelo fato de abraçardes as humilhações com tanto amor durante a Vossa vida, Vós as tomastes tão honrosas e desejáveis, que eu, de agora em diante, quero pôr toda a minha glória em sofrer conVosco e por Vós: Longe de mim o pensamento de buscar a minha glória em outra coisa fora da cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo (4).

— Ó humildíssima Maria, Rainha do céu e Mãe de Deus, vós adquiristes a mais perfeita semelhança com o vosso divino Filho; obtende-me a graça de suportar com resignação todos os ultrajes que me forem feitos no futuro.

Referências: (1) Fl 2, 7 (2) Is 53, 3 (3) Jo 13, 15 (4) Gl 6, 14

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até à Undécima Semana depois de Pentecostes Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 375-377)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.