1ª Sexta-feira de Junho

Apostolado Perpétuo do Coração de Jesus

Semper vivens ad interpelandum pro nobis — “Vivendo sempre para interceder por nós” (Hb 7, 25)

Sumário. O grande apostolado do Coração de Jesus se exerceu sobre a cruz, quando ofereceu por nós, a seu Pai, o seu sangue, a sua vida e os seus merecimentos. Mas o Coração de Jesus o exerce ainda continuamente sobre os nossos altares por meio da missa. Este apostolado redentor podemos exercê-lo com Jesus, quer celebrando, quer ouvindo a missa, unindo então as nossas intenções às intenções do seu adorável Coração. Ofereçamo-la ao Pai Eterno para nossa própria salvação e para a do próximo.

I. O grande apostolado do Coração de Jesus se exerceu sobre a cruz. A oferenda que ele fez então a seu Pai, do seu corpo, do seu sangue, da sua vida e dos seus merecimentos, teve por efeito a salvação do mundo e o cumprimento da obra tão necessária da Redenção. Não julguemos, entretanto, que este apostolado de Redenção tenha terminado no Calvário; o Coração de Jesus o exerce continuamente sobre os nossos altares por meio da missa.

O sacrifício do altar é o mesmo que foi oferecido na cruz. Se estivesses no Calvário no momento da morte do teu Salvador, com que devoção e enternecimento terias assistido a esse grande sacrifício! Pois bem, reanima a tua fé, e pensa que o que se fez então para a salvação das almas, se faz ainda agora na missa, que não é somente oferecido pelo sacerdote, mas ainda pelos fiéis.

Cada vez, portanto, que tiveres a felicidade, ou, como sacerdote, de imolar o Cordeiro divino, ou, como leigo, de te achar presente a esta imolação, concorres com o Coração de Jesus na Redenção do mundo, a sua ocupação de cada instante; semper vivens ad interpelandum pro nobis . Para este fim, quando ouvires ou celebrares a missa, une-te às intenções do seu adorável Coração. Ele se oferecia sobre o Calvário, e ainda se oferece cada dia nos nossos altares, para expiar todos os pecados que se cometem continuamente na terra; porque só ele pode satisfazer à justiça divina.

Pois bem! Durante a missa, oferece ao Pai Eterno o Sagrado Coração com todos os seus merecimentos, e assim darás a Deus satisfação completa por todos os pecados dos homens; farás o que pode mais eficazmente aplacar a ira de Deus contra os pecadores e abater as forças do inferno, a coisa que grangeia as graças mais abundantes para os homens na terra e os maiores alívios para as almas do purgatório; enfim executarás a obra de que depende a salvação do mundo inteiro.

II. Aproveitemo-nos da Santa Missa para operar a nossa salvação, e contribuir para a do próximo. Vamos prostrar-nos com confiança diante do trono da graça (1) — Adeamus cum fiducia ad thronum gratiae ; isto é, ao pé do altar onde o Sacerdote Eterno se sacrifica e ora por nós: ofereçamos a Deus o Coração amabilíssimo de Jesus que é seu Filho. Ó! Com quanto interesse e eficácia este divino Coração pleiteará a nossa causa! Este meio de salvação nos é aconselhado por Santo Anselmo. Pode-se, pergunta o santo, pode-se imaginar maior misericórdia do que a do Filho de Deus, dizendo ao homem: Eis-me aqui, resgata-te!

Pai celeste, eu, miserável pecador, digno do inferno, nada tenho para Vos oferecer em expiação dos meus pecados; mas ofereço-Vos o Coração inocente de vosso Filho que se imola sobre os nossos altares, e pelos seus merecimentos Vos peço misericórdia. Se eu não tivesse este divino Coração para Vos oferecer, estaria perdido, não haveria mais esperança para mim; mas Vós mo destes, para que eu possa esperar a minha salvação pelos seus merecimentos. Senhor, a minha ingratidão tem sido enorme, mas a vossa misericórdia é maior ainda. E que maior misericórdia podia eu esperar de Vós, do que a que me haveis feito, dando vosso próprio Filho como vítima digna de Vos ser oferecida em expiação dos meus pecados?

Pelo amor então de Jesus Cristo, perdoai os meus pecados, concedei-me a santa perseverança. Por piedade, meu Pai, não me abandoneis; tremo em pensar nas infidelidades de que me fiz culpado contra Vós: quantas vezes voltei-Vos as costas depois de haver prometido Vos amar! Ó meu Criador, não permitais que eu tenha a desgraça de me ver de novo privado da vossa graça. Não permitais que eu me separe de Vós. Meu Jesus, ó caro amor da minha alma, prendei-me ao vosso divino Coração pelas cadeias do vosso amor; eu Vos amo e quero Vos amar eternamente. Divino Coração de Jesus, eu Vos ofereço, pelo Coração Imaculado de Maria, todas as minhas orações, ações e padecimentos deste dia, em união com todas as intenções que tendes imolando-Vos sem cessar sobre os nossos altares.

Referência: (1) Hb 4, 10.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até à Undécima semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 372-375)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.