21 de Março

Festa de São Bento, Abade

Omnis qui reliquerit domum, vel fratres, aut sorores, aut patrem, aut matrem… propter nomen meum, centuplum accipiet, et vitam aeternam possidebit — “Todo aquele que deixar por amor de meu nome a casa, ou os irmãos, ou as irmãs, ou o pai, ou a mãe…receberá o cêntuplo, e possuirá a vida eterna” (Mt 19, 29)

Sumário. Ó, quão bem sabe Deus recompensar, nesta vida e na outra, os pequenos sacrifícios dos seus servos. Eis como São Bento, por haver deixado as comodidades da casa paterna, possui agora um reino imenso e eterno. Por haver deixado parentes e amigos, ei-lo feito Pai de uma família numerosa e gloriosa. Regozijemo-nos com o santo Patriarca, e para participarmos um dia de sua recompensa, correspondamos à nossa vocação. Vivamos sobretudo desapegados dos bens terrenos, e se o Senhor te chamar a deixar inteiramente o mundo, não hesites em fazê-lo, que nunca disso te arrependerás.

I. Consideremos as sublimes virtudes que adornaram a vida do santo Patriarca. Oriundo de família nobre, dotado de todos os dons da natureza e da graça, era objeto das mais justas esperanças de seus pais. Logo que a idade o permitiu, os pais enviaram-no a Roma, onde se distinguiu menos pela aplicação no estudo do que pela prática da piedade, e especialmente de uma devoção terna e filial para com a grande Mãe de Deus. Chegado à idade de dezesseis anos apenas, assustou-se à vista dos perigos de condenação que se encontram no mundo, e temendo que o exemplo dos companheiros o arrastasse ao abismo do vício, resolveu retirar-se para o deserto e buscar ali um abrigo para a sua inocência.

Não contente com isso, Bento foi sepultar-se vivo na gruta de Subiaco, onde viveu por espaço de três anos em oração contínua e penitência rigorosa. O chão serviu-lhe de leito, seu sustento eram uns pedaços de pão recebidos por esmola, seu vestido era um cilício áspero. Tantas virtudes praticadas por tão jovem solitário causaram pasmo ao inferno, e o invejoso Lúcifer não só levantou contra ele as perseguições e calúnias dos maus, mas além disso, pela permissão de Deus, assaltou-o com tentações da carne tão fortes, que, para as vencer, o santo se revolveu em abrolhos e espinhos, enquanto a dor não tivesse extinto todo o sentimento de sensualidade.

Não menos virtuosa foi a vida que São Bento levou depois no Monte Cassino, onde, abrasado em zelo apostólico, reduziu a pedaços o ídolo de Apolo, derrubou o altar e operou muitíssimas conversões, porque o Senhor confirmou a sua pregação pelos mais estrepitosos milagres. Regozijemo-nos com o santo, e em seu nome demos graças a Deus, pelo haver dotado de tantas virtudes. E como ele ainda vive em seus filhos, roguemos ao Senhor que lhes aumente sempre o número e conserve o bom espírito.

II. Afinal São Bento morreu como tinha vivido: consumido pelo puro amor de Deus. Sabendo o santo, já velho, por revelação divina, que estava próximo seu fim, fez-se transportar a igreja para ali receber os santíssimos sacramentos. Depois, apoiando-se nos braços dos seus queridos filhos, com os olhos levantados ao céu, expirou num dia de sábado. Sua bela alma foi vista subir ao paraíso por uma estrada luminosa, que, partindo da cela do santo, foi terminar no céu. Ó! Quão bem sabe Deus recompensar ao cêntuplo os sacrifícios dos seus servos!

Por haver deixado as comodidades da casa paterna, eis agora São Bento possuidor de um reino imenso e eterno. Por haver deixado parentes e amigos, ei-lo feito Pai de uma família numerosa, que tem sido e será sempre o asilo e baluarte da civilização; de uma família na qual foram tantos reis, rainhas e imperadores, achar a paz; que deu a Igreja grande número de Pontífices, Doutores e Santos.

Se desejamos ter um dia parte na recompensa do santo, obedeçamos fielmente aos convites divinos, a, seja qual for o nosso estado de vida, empenhemo-nos de hoje em diante na imitação das belas virtudes do santo Patriarca. Vivamos sobretudo desapegados, ao menos pelo afeto, das coisas terrestres. Se o Senhor te chamar a deixar o mundo, não hesites em fazê-lo, visto que nunca disse te há de se arrepender.

Meu santo Patriarca, regozijo-me convosco pela glória a que o Senhor vos sublimou, e animado pela vossa grande bondade, escolho-vos hoje por meu pai, meu mestre e meu advogado. Pelo amor que tendes a Jesus e Maria, suplico-vos que me admitais no número dos vossos devotos e me protejais como vosso servo. Obtende-me a graça de imitar sempre as vossas virtudes e de trilhar sempre o caminho da perfeição cristã. Obtende-me especialmente o desprendimento de todas as criaturas, uma devoção terna e constante a Jesus sacramentado e a Maria Santíssima, o espírito de oração e um zelo ardente pela salvação das almas.

Aceitai, ó meu querido santo, esta pequena oferta, penhor da minha servidão; assisti-me na minha vida e em particular na hora da minha morte; para que, tendo-vos venerado e servido na terra, mereça gozar convosco da posse de Deus no céu. “Ó Senhor, concedei-me pela intercessão de São Bento, abade, que patrocinado por ele consiga obter o que meus méritos não merecem” (1). Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria.

Referência: (1) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 451-454)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.