21 de Setembro

Festa de São Mateus, Apóstolo

Vidit hominem sedentem in telonio, Matthaeum nomine, et ait illi: Sequere me — “Jesus viu sentado no telônio um homem, chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me” (Mt 9, 9)

Sumário. Consideremos como este santo respondeu admiravelmente ao convite divino; pois, mal o convidou Jesus Cristo para o seguir, logo se levantou do telônio e o foi seguindo. E quantas dificuldades teve que vencer! Somos nós igualmente solícitos em obedecer ao convite de Deus? Há quanto tempo nos convida ele para sairmos da nossa tibieza, e lhe resistimos obstinadamente? Ah! Cuidemos que a nossa demora não nos leve finalmente a um sofrimento longo no purgatório, e quiçá, à perdição eterna, como sucedeu a tantos outros.

I. Considera como este santo respondeu admiravelmente ao divino convite. Não fez como aquele homem do Evangelho que, antes de seguir Jesus Cristo, pediu permissão para prestar os últimos ofícios a seu pai (1). Ainda menos se houve como aquele jovem que, ao ouvir que, para ser perfeito, devia vender tudo o que possuía e distribuir o produto entre os pobres, se foi embora triste: abiit tristis (2). São Mateus, porém, apenas o Senhor o convidara para o seguir, levantou-se logo do telônio e o foi seguindo.

E quantas dificuldades não devia generosamente vencer! Devia deixar, não só as redes e uma barca, como os demais apóstolos, mas haveres bastante avultados e um emprego muito lucrativo. Devia renunciar a si mesmo, fazer violência ao seu espírito, para crer no contrário do que via: às paixões, para abraçar aquilo que aborrecia; às próprias inclinações, renunciando a tudo que desejava. E tudo isto para que? Para ser discípulo de Jesus Cristo, na aparência tão pobre, desprezado e perseguido por toda a classe de pessoas. Ó! Quais e quantas dificuldades! Todavia, São Mateus soube num instante vencê-las todas:

Et surgens, secutus est eum — “Levantando-se, seguiu-o”.

Depois de te rejubilares com o santo, examina-te acerca da maneira como respondes aos convites divinos. Há talvez meses e anos que Jesus Cristo te está falando dentro do teu coração: Sequere me — “ Segue-me ”. Deixa, ó filho, o pecado, levanta-te da tua tibieza, imita os meus exemplos de humildade e mansidão; mas, tu, sempre obstinado, vais sempre protelando. Cuida, porém, que a tua demora não te leve afinal a longos sofrimentos no purgatório, e quiçá, à perdição eterna, como sucedeu a tantos outros. Reflete bem: que seria agora de São Mateus, se não tivesse obedecido logo ao convite divino?

II. Muitos começam bem, mas são poucos os que perseveram; pelo que são poucos os que se salvam. Do número destes poucos foi São Mateus, que seguiu Jesus Cristo, não só com prontidão e com grande generosidade, mas também com admirável constância; e tendo uma vez deixado o telônio, nunca mais a ele voltou. Não contente de ele mesmo amar a seu divino Mestre, empenhou todo o seu zelo para que por todos fosse amado. Para este fim foi até a Etiópia anunciar a palavra divina. E como a pregação oral não satisfizesse a imensidade dos seus desejos, quis pregar também pela palavra escrita, sendo assim o primeiro que por inspiração divina escreveu o santo Evangelho.

Finalmente, por defender a virgindade de uma nobre donzela que se tinha consagrado a Jesus Cristo, teve São Mateus a dita de terminar o seu apostolado pelo martírio, morrendo enquanto estava celebrando o sacrifício divino. Pelo que São Hipólito lhe dá o título de hóstia e vítima da virgindade e de grande protetor das virgens. Congratula-te de novo com o santo e dá graças a Deus por tê-lo assim glorificado. Voltando em seguida ao exame de ti mesmo, envergonha-te da tua inconstância no bem e suplica a Deus que te dê força, a fim de sempre imitares, para o futuro, este teu poderoso protetor.

“Ó Senhor, favoreçam-me os rogos de vosso apóstolo e evangelista Mateus, a fim de que, pela sua intercessão, me concedais o que a minha fraqueza não alcança” (3). Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria.

Referências: (1) Lc 9, 59. (2) Mt 19, 22. (3) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 365-368)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.