2a Meditação – Dia 26 de Dezembro

Uma visita à Gruta de Belém

Transeamus usque Bethlehem, et videamus hoc verbum, quod factum est – Cheguemos até Belém, e vejamos o que é isto que sucedeu (Lc 2, 15)

I Tende ânimo, Maria convida todos, os justos e os pecadores, a entrarem na Gruta para adorarem seu divino Filho e beijarem-lhe os pés. Eia pois, ó almas devotas, entrai e vede sobre a palha o Criador do céu e da terra, feito Menino pequenino, mas tão encantador, tão radiante, que para toda a parte irradia torrentes de luz. Já que Jesus nasceu, a gruta não é mais horrorosa, senão foi feita um paraíso. Entremos e não temamos. Jesus nasceu, e nasceu para todos. Ego flos campi, et lilium convallium: Eu, assim manda-nos avisar Jesus, eu sou a flor do campo, e a açucena dos vales (1). Jesus se chama açucena dos vales, para nos dar a entender que, assim como ele nasceu tão humilde, assim somente os humildes o acharão. Por isso o anjo não foi anunciar o nascimento de Jesus Cristo a Cesar nem a Herodes; mas sim a pobres e humildes pastores. Jesus chama-se também flor dos campos, porque, segundo a interpretação do cardeal Hugo, quer que todos o possam achar. As flores dos jardins estão reclusas e não se permite a todos procurá-las e tomá-las. Ao contrário, as flores dos campos estão expostas à vista de todos, e quem quiser as pode tirar: é assim que Jesus Cristo quer estar ao alcance de todo aquele que o desejar.

Entremos, pois a porta está aberta: Non est satelles, qui dicat: non est hora – “Não há guarda”, diz São Pedro Crisólogo, “para dizer que não são horas”, cercados de soldados, e não é fácil obter-se audiência. Quem deseja falar com os reis, tem de afadigar-se muito, e bastantes vezes será mandado embora com o conselho de voltar em outro tempo, por não ser dia de audiência. Não é assim com Jesus Cristo. Está na gruta de Belém, como criancinha, para atrair a quem vier procurá-lo. A gruta está aberta, sem guardas nem portas, de modo que cada um pode entrar à vontade, quando quiser, para achar o pequenino Rei, para falar com ele e mesmo abraçá-lo, e assim satisfazer a seu amor.

II. Almas devotas, contemplai naquela manjedoura, sobre aquela pobre palha o tenro Menino que está a chorar. Vede como é formoso; mirai a luz que irradia, e o amor que respira; esses olhos atiram setas aos corações que o desejam, esses vagidos são chamas abrasadoras para os que o amam. No dizer de São Bernardo, a própria gruta e as próprias palhas chamam e vos dizem que ameis aquele que vos ama, que ameis um Deus que é digno de amor infinito, baixou do céu, se fez menino e menino pobre para manifestar o amor que vos tem e para cativar por seus sofrimentos e vosso amor.

Pergunta-lhe: Ó formoso Menino pequenino, dizei-me, de quem és filho? Responde-lhe: Minha mãe é esta linda e pura Virgem, que está a meu lado. E teu pai, quem é? Meu pai é Deus. Mas como? Tu és o Filho de Deus, e és tão pobre, tão humilde? Nesse estado quem te reconhecerá? Quem te respeitará? A santa fé, responde Jesus, me fará conhecer por quem sou, e me fará amar pelas almas que eu vim remir e inflamar em meu amor. Não vim para me fazer temido, senão para me fazer amado, e por isso, quis manifestar-me, a primeira vez que me vedes, como criança tão pobre e humilde, afim de que assim me ameis com mais ternura, vendo a que estado me reduziu o amor que vos tenho.

Mas dizei-me, meu Menino, porque volves os teus olhos para todos os lados? Que estás esperando? Ouço que suspiras, dizei-me: para que são esses suspiros? Ó Deus, ouço que estás chorando, dizei-me porque choras?

Ah, responde Jesus, eu olho ao redor de mim, porque estou procurando alguma alma que me queira. Suspiro pelo desejo de ver junto de mim algum coração abrasado em meu amor, assim como estou abrasado em seu amor. Choro, sim, e choro porque não vejo corações, ou vejo-os nimiamente poucos, corações que me procurem e me queiram amar.

Ó Maria, Mãe do belo amor, fazei que o meu coração seja também do número daqueles que buscam e amam Jesus.

Referências: (1) Ct 2, 1

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 84-86)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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