30 de Novembro

Festa do Apóstolo Santo André

Qui non accipit crucem suam et sequitur me, non est me dignus — “Aquele que não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim” (Mt 10, 38)

Sumário. Embora o apóstolo Santo André fosse insigne em todas as virtudes, todavia distinguiu-se particularmente em três: na pronta obediência ao convite de Jesus; no zelo incansável pela glória divina; e no seu grande amor à cruz. Regozijemo-nos com o santo e no seu nome agradeçamos a Deus. Depois, lançando um olhar sobre nós mesmos, vejamos como é que temos imitado os exemplos do santo. Há quanto tempo o Senhor nos chama a uma vida mais perfeita e lhe resistimos obstinadamente!

I. Embora o apóstolo Santo André fosse insigne em todas as virtudes, todavia distinguiu-se particularmente em três: na pronta obediência ao convite de Jesus Cristo; no zelo incansável pela glória divina, e no seu grande amor à cruz. O santo já se havia habilitado para a sublime dignidade do apostolado por uma vida pobre e inocente, e fazendo-se discípulo do Precursor São João. Quando, pois, nas margens do mar de Galileia, o Salvador o chamou para o seu seguimento, no mesmo instante deixou as redes, a fim de o seguir. Reflete que não pediu tempo para arranjar os negócios da sua casa; não se desculpou com a necessidade de ganhar a vida; nem reservou para si parte alguma dos seus bens; nem perguntou aonde teria de ir, nem o que havia de fazer, ou o que seria dele. Com fidelidade e presteza admiráveis se prontificou a seguir Jesus:

Continuo, relictis retibus, secuti sunt eum (1)— “Eles, sem mais detença, deixadas as redes, o seguiram”.

Igual foi o seu zelo pelo aumento da glória de Deus. Começou a exercitá-lo mesmo antes de ser chamado ao ministério apostólico, quando ganhou para Jesus Cristo Simão, seu irmão, que mais tarde foi feito a pedra fundamental da Igreja (2). Depois de Pentecostes, o santo pregou o Evangelho na Cítia, no Epiro e na Acaia. Quando na extrema velhice foi condenado por Egeas ao suplício da cruz, e já estava pregado no doloroso patíbulo, esquecido de si próprio e unicamente solícito pela glória divina, pregou dois dias inteiros para as multidões que assistiam ao seu martírio. Eis os belos exemplos que Santo André nos deixou. E tu, como o tens imitado? Qual é o teu zelo pela glória divina? Como respondes aos convites divinos? Há quanto tempo Deus te chama a uma vida mais perfeita, e tu lhe resistes obstinadamente!

II. Santo André distinguiu-se ainda pelo seu amor à cruz, que é o apanágio de todos os discípulos de Jesus Cristo. Instruído, pelo próprio Filho de Deus, de que, quem quiser gozar um dia com ele no céu, deve resolver- se a beber nesta terra o cálice da paixão, a cruz não tinha para o santo nada de desagradável; ao contrário, sentiu-se para com ela todo abrasado de amor. E isso bem o provou ele, quando, depois de Pentecostes, sendo com os outros apóstolos encarcerado e açoitado, como refere São Lucas:

“Saíram todos da presença do Conselho, contentes de terem sido achados dignos de sofrer afrontas pelo nome de Jesus” (3).

O amor de Santo André à cruz resplandeceu particularmente no fim da sua vida, quando, à semelhança do seu divino Mestre, foi condenado a ser crucificado. Instou com o povo para que não se opusesse à execução da sentença, e, avistando de longe o instrumento do seu suplício, exclamou num transporte de alegria:

“Ó santa cruz, objeto dos meus mais vivos desejos, dos meus mais ardentes suspiros, eu vos saúdo! Ó boa cruz, procurada por mim tanto tempo, não vos dedigneis receber-me nos vossos braços, a fim de me trasladar para os de Jesus Cristo, que de vós se quis servir para me resgatar: Ut per te me recipiat qui per te me re demit ” (4).

Examina aqui se, como o santo apóstolo, amas sinceramente a cruz de Jesus Cristo. Como cristão dê glórias do estandarte triunfante da cruz; mas dê glórias também de estar pregado na cruz com o teu divino Mestre, quer dizer, nas enfermidades e tribulações? Todavia é só assim que se pode entrar no céu. Escolhe, portanto, Santo André por teu protetor especial, e pede a Deus, pela sua intercessão, que te dê forças para o imitar.

“Ó Senhor, humildemente rogo a vossa Majestade que assim como Santo André, vosso apóstolo, foi pregador e diretor da vossa Igreja, seja também para convosco o nosso perpétuo intercessor” (5). Fazei-o pelo amor de Jesus e Maria.

Referências: (1) Mt 4, 20. (2) Jo 1, 41. (3) At 5, 41. (4) Lect. II Noct. (5) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 395-398)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.