9º Dia da Novena do Sagrado Coração de Jesus (Quinta-feira)

Coração de Jesus desprezado

Filios enutrivi et exaltavi; ipsi autem spreverunt me – “Criei uns filhos e engrandeci-os; eles, porém, me desprezaram” (Is 1, 2)

Sumário. Para um coração amante não há pena mais pungente do que ver desprezado seu amor, mormente quando as provas de amor foram manifestas e a ingratidão é grande. Vejamos, pois, qual deva ter sido a pena do Coração sensibilíssimo de Jesus que em retorno dos muitos benefícios feitos aos homens, só recebe ofensas, injúrias e desprezos, como nem se praticariam para com o mais vil dos homens. Poderemos pensar nesses tratos indignos para com Deus sem sentirmos compaixão e sem nos esforçarmos para o desagravar com o nosso amor?

I. Não há para um coração amante pena mais pungente do que ver seu amor desprezado; mormente quando as provas de amor foram manifestas é mais negra a ingratidão que se mostra. – Se alguém por amor de Jesus Cristo se privasse de todos os seus bens, fosse viver num deserto, se alimentasse só com ervas, dormisse no chão, se macerasse com penitências, se, afinal, se deixasse martirizar; que seria tudo isso em compensação do sangue e da vida que o grande Filho de Deus sacrificou por nós? Se nós nos entregássemos cada instante à morte, de certo nada seria em compensação do amor que Jesus Cristo nos mostrou em se dando a nós no Santíssimo Sacramento. Um Deus esconder-se sob as espécies de um pouco de pão e fazer-se o sustento de suas criaturas!

Mas, ó céus! Como é que os homens reconhecem e recompensam o amor de Jesus Cristo? Como? Com ultrajes, desprezo de suas leis e doutrinas; numa palavra, com injúrias tais, que não as haviam de fazer nem a um inimigo ou escravo, nem ao homem mais abjeto do mundo. – poderemos pensar em todos os ultrajes que Jesus Cristo tem recebido e ainda recebe todos os dias, sem que nos compadeçamos dele, sem que procuremos compensar com nosso amor o amor imenso de seu divino Coração que no Santíssimo Sacramento arde do mesmo amor para conosco, desejoso de nos comunicar seus bens, de se dar todo a nós, disposto a acolher-nos em seu Coração cada vez que a ele recorramos? Qui venit ad me, non eiciam foras (1) – “O que vem a mim, não o lançarei fora”.

Estamos habituados a ouvir falar em Coração, Encarnação, Redenção, em Jesus nascido numa gruta, em Jesus morto na cruz. Ó Deus! Se algum homem nos tivesse prestado um destes benefícios, ser-nos-ia impossível não o amar. Só Deus, por assim dizer, é tão desditoso, que, apesar de não saber mais que fazer para ser amado dos homens, não pode conseguir o seu intento: em vez de amado, é ultrajado e desprezado. Tudo provem de que os homens se esquecem do amor de Deus.

II. Coração do meu Jesus, abismo de misericórdia e amor, à vista de vossa bondade comigo e de minha ingratidão, como é possível não morrer eu e consumir-me de dor? Ó meu Salvador, depois de me haverdes dado o ser, ainda me destes todo o vosso sangue e a vida e Vos entregastes por amor de mim aos opróbrios e à morte. Não contente disto, inventastes o meio de Vos sacrificar todos os dias por mim na santíssima Eucaristia, não recusando expor-Vos às injúrias que deveis receber (como de antemão o sabíeis) neste Sacramento de amor. Ó céu! Como posso ver-me tão ingrato a vosso respeito sem expirar de confusão?

Ah Senhor! Ponde termo às minhas ingratidões, feri meu coração com vosso santo amor, e fazei que seja todo vosso. Lembrai-Vos das lágrimas e do sangue que derramastes por meu amor, e perdoai-me. Não sejam para mim perdidas tantas dores. Apesar de me verdes tão ingrato e tão indigno de vosso amor, não me deixastes de amar, ainda quando eu Vos não amava, nem desejava ser amado de Vós; quanto, pois, não devo esperar vosso amor, agora que desejo unicamente Vos amar e ser de Vós amado?

Por piedade, contentai plenamente meu desejo; ou antes o vosso desejo, já que sois Vós que mo inspirais. Seja o dia de hoje o da minha inteira conversão, começando desde já a Vos amar, ó soberano Bem, para nunca cessar de o fazer. Fazei-me morrer completamente a mim mesmo e não viver mais senão para Vós, arder sempre no vosso santo amor e reproduzir em mim as vossas belas virtudes, especialmente a humildade e a mansidão no meio dos desprezos. † Ó Jesus, manso e humilde de Coração, fazei meu coração semelhante ao vosso (2).

– Ó Maria, vosso coração foi o feliz altar em que ardeu sem cessar o fogo do divino amor.

– Minha terna Mãe, fazei meu coração semelhante ao vosso. Rogai por mim a vosso Filho, que se compraz em vos honrar, não recusando coisa alguma que lhe pedis.

Referências:

(1) Jo 6, 37 (2) Indulg. de 100 dias

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 170-172)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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