Domingo da Semana da Septuagésima

A parábola dos operários e a recompensa divina

Voca operarios et redde illis mercedem, incipiens a novissimis usque ad primus – “Chama os operários e paga-lhes o jornal, a começar dos últimos até os primeiros” (Mt 20, 8)

Sumário. A vinha do Senhor são as nossas almas; e Jesus Cristo, que é o grande Pai de família, nos chama em qualquer hora do dia e da maneira mais variada, para as cultivarmos. Irmão meu, examina-te sobre como até agora respondeste à voz de Deus. Se achares que foste negligente, recupera os anos perdidos, trabalhando com zelo dobrado, pensando que Deus mede a recompensa de seus servos, não tanto pelo tempo durante o qual, mas pelo modo como foi servido.

I.O reino dos Céus ” diz Jesus Cristo, “ é semelhante a um pai de família que ao romper da manhã saiu a contratar operários para a sua vinha. E, feito com eles o ajuste de um dinheiro por dia, mandou-os para a sua vinha. E, saindo perto da hora terceira, viu que estavam outros na praça ociosos, e disse-lhes: Ide vós também para a minha vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram. Saiu novamente perto da sexta e da nona hora, e fez o mesmo. E quase à undécima hora saiu ainda e achou outros que lá estavam, e lhes disse: Porque estais aqui todo o dia ociosos? Eles responderam: Porque ninguém nos assalariou. Ele lhes disse: Ide vós também para a minha vinha: Ite et vos in vineam meam ”.

Consideremos a significação desta parábola. A vinha do Senhor são as nossas almas. Jesus Cristo, o pai de família, depois de as ter resgatado da escravidão do demônio com o preço de seu divino sangue, no-las deu com o fim de as cultivarmos, por meio das boas obras, para poderem um dia ser admitidas na glória eterna, à qual nos convida continuamente. — Vocati nos undique Deus , diz São Gregório. O Senhor nos chama da maneira mais variada; chama-nos por meio dos anjos da guarda e por meio dos seus ministros, e chama-nos ainda hoje pela presente meditação.

Coisa estranha, porém! Deus nada tem poupado e nada poupa para a salvação das nossas almas, e os cristãos, que creem tudo isso pela fé, vivem como se não cressem. Mas põem toda a sua atenção nos negócios da terra, e na alma nem sequer pensam, como se o negócio da salvação da alma não fosse o mais importante de todos. Ó infelizes! Bem reconhecerão a sua loucura quando não houver mais tempo para a remediar. Perdida a alma uma vez, perdeu-se para sempre.

II. No fim da tarde, assim continua o Evangelho, “ o senhor da vinha disse ao seu mordomo: Chama os operários, e paga-lhes o jornal, a começar dos últimos até os primeiros ”. Assim se fez, sendo preferidos os operários que vieram em último lugar, aos que vieram primeiro e trabalharam mais tempo. — Com isso o Senhor nos quer dar a entender que na recompensa a dar a seus servos não olha para o tempo ou anos, mas tão somente para a diligência com que o serviram. Daí é que frequentes vezes os que foram os primeiros no serviço de Deus, ficam sendo os últimos, e que os últimos ficam sendo os primeiros.

Animemo-nos, meu irmão, e se no passado temos sido negligentes no cultivo da vinha que o Senhor nos confiou, redimamos o tempo perdido servindo a Deus com dobrado fervor: Tempus redimentes, exhorta-nos São Paulo, quoniam dies mali sunt — “Recobrando o tempo, porque os dias são maus” (1). Imitemos este Apóstolo, que, como observa São Jerônimo, embora fosse o último no apostolado, foi contudo o primeiro em merecimento, porque trabalhou mais do que os outros.

Ó meu Redentor, não quero mais perder o tempo que me concedeis em vossa misericórdia. Quero empregá-lo em chorar as ofensas que Vos fiz, a servir-Vos com fervor dobrado, a fim de Vos desagravar de minhas ingratidões. Jesus meu, perdoai-me, já que estou resolvido a Vos amar de hoje em diante sobre todas as coisas, e a perder antes tudo, mesmo a vida, do que a vossa amizade. Ajudai-me, Senhor; para que esta minha resolução não tenha a sorte dos meus propósitos anteriores, que não foram senão perfeitas traições. Deixai-me antes morrer, do que tornar a ofender-Vos e perder o vosso amor.

— E Vós, ó Eterno pai, “ ouvi clemente as minhas preces, a fim de que, sendo justamente punido por meus pecados, deles me livreis piedoso, para glória do vosso nome ” (2).

Fazei-o pelo amor de Jesus Cristo, vosso Filho, e de minha amada mãe Maria.

Referências: (1) Ef 5, 16 (2) Or. Dom. curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 244-247)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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