Terça-feira da Terceira Semana da Quaresma

A separação dos escolhidos e dos réprobos no Juízo Final

Exibunt angeli, et separabunt malos de medio iustorum – “Sairão os anjos e separarão os maus do meio dos justos” (Mt 13, 49)

Sumário. Quando todos os homens estiverem reunidos no vale de Josafá, virão os anjos separar os réprobos dos escolhidos. Estes ficarão à direita e aqueles serão, para sua confusão, impelidos para a esquerda. Oh, que triste separação! Meu irmão, de que lado nos acharemos nesse dia? À direita com os escolhidos, ou à esquerda com os condenados? Se quisermos estar à direita, deixemos o caminho que conduz à esquerda.

I. Assim que os homens tiverem ressuscitado, ser-lhes-á intimado que se dirijam todos ao vale de Josafá, para serem julgados. Quando todos estiverem ali reunidos, virão os anjos e separarão os réprobos dos escolhidos: Exibunt angeli, et separabunt malos de medio iustorum . Os justos ficarão à direita, e os condenados serão impelidos para a esquerda. — Que mágoa não sentiria quem fosse banido da sociedade ou da Igreja! Mas que dor muito maior não sentirá, quando se vir expulso da companhia dos Santos! Unus assumetur, et alter relinquetur (1) — “Um será tomado, e outro será desprezado” . Diz São Crisóstomo que, se os réprobos não tivessem outra pena a sofrer, esta confusão já seria para eles um suplício infernal.

Atualmente no mundo são julgados felizes os príncipes e os ricos; e são desprezados os santos que vivem na pobreza e humildade. Ó cristãos fiéis, vós que amais a Deus, não vos aflijais porque neste mundo viveis desprezados e em tribulações: Tristitia vestra vertetur in gaudium (2) “A vossa tristeza se há de converter em alegria” . Então se dirá que vós sois os verdadeiros felizes, e tereis a honra de ser proclamados os cortezãos da corte de Jesus Cristo.

Que brilhante figura não fará então um São Pedro de Alcântara, que foi vilipendiado como apóstata! Um São João de Deus, que foi tratado como insensato! Um São Pedro Celestino, que morreu numa prisão depois de ter abdicado o papado! Que honra receberão então tantos mártires, cruciados aqui pelos algozes! Tunc laus erit unicuique a Deo (3) — “Então cada um terá de Deus o louvor” . Que horrível figura, pelo contrário, não fará um Herodes, um Pilatos, um Nero, e tantos outros grandes da terra, agora condenados! — Ó partidários do mundo, espero-vos no vale de Josafá. Aí mudareis sem dúvida de sentimentos; aí deplorareis a vossa loucura. Infelizes! Por uma curta aparição no teatro deste mundo, tendes de fazer depois o papel de condenados na tragédia do juízo final.

II. Os escolhidos serão colocados à direita, ou antes, segundo o que diz o Apóstolo, para sua maior glória, serão elevados aos ares sobre as nuvens, para irem com os anjos ao encontro de Jesus Cristo, que deve vir do céu: Rapiemur cum illis in nubibus, obviam Christo in aera (4) — “Seremos arrebatados com eles nas nuvens ao encontro de Cristo” . E os condenados, como um rebanho de cabritos destinados ao matadouro, serão impelidos para a esquerda, esperando pelo Juiz, que virá pronunciar publicamente a condenação de todos os seus inimigos. — Meu irmão, de que lado nos acharemos nós nesse dia? À direita com os escolhidos, ou à esquerda com os réprobos?

Ó meu amado Redentor, ó Cordeiro de Deus, que viestes ao mundo, não para castigar, mas para perdoar os pecados: ah! Perdoai-me sem demora, antes que chegue o dia em que deveis ser meu Juiz. Se eu então viesse a perder-me, à vossa vista, ó doce Cordeiro, que me tendes aturado com tanta paciência, a vossa vista seria o inferno do meu inferno. Ah! Perdoai-me, repito, sem demora. Com o socorro da vossa mão misericordiosa, fazei-me sair do precipício onde me fizeram cair os meus pecados. Arrependo-me, ó soberano Bem, de Vos ter ofendido tantas vezes. Amo-Vos, ó meu Juiz, que tanto me haveis amado.

Suplico-Vos pelos méritos da vossa morte, que me deis uma graça tão eficaz, que me torne de pecador em santo. Prometestes atender a quem Vos roga: Clama ad me et exaudiam te (5) — “Clama por mim e Eu te atenderei” . Não Vos peço bens terrenos; peço-Vos a vossa graça, o vosso amor e nada mais. Atendei-me, ó meu Jesus, pelo amor que me dedicastes morrendo por mim na cruz. Meu amado Juiz, sou um culpado, mas um culpado que Vos ama mais que a si próprio. Tende piedade de mim! — Maria, minha Mãe, vinde depressa em meu auxílio, agora que me podeis ainda socorrer. Não me abandonastes quando vivia esquecendo-me de vós e de Deus. Socorrei-me, já que estou resolvido a servir-vos sempre e a nunca mais ofender a meu Senhor. Ó Maria, vós sois a minha esperança.

Referências:

(1) Mt 24, 40 (2) Jo 16, 20 (3) 1 Cor 4, 5 (4) 1 Ts 4, 17 (5) Jr 33, 3

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 342-345)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.