1a Meditação – Sábado Santo

Sétima Dor de Maria Santíssima – Sepultura de Jesus

Involvit sindone, et posuit eum in monumento – “Amortalhou-O no sudário, e depositou-O no sepulcro” (Mc 15, 46)

Sumário. Consideremos como a Mãe dolorosa quis acompanhar os discípulos que levaram Jesus morto à sepultura. Depois de O ter acomodado com suas próprias mãos, diz um último adeus ao Filho e ao sepulcro, e volta para casa, deixando o coração sepultado com Jesus. Nós também, à imitação de Maria, encerremos o nosso coração no santo tabernáculo, onde reside Jesus, já não morto, mas vivo e verdadeiro como está no céu. Para isso é mister que o nosso coração esteja desapegado de todas as coisas da terra.

I. Quando uma mãe assiste a seu filho que padece e morre, sem dúvida ela sente e sofre todas as penas do filho; mas quando o filho atormentado, já morto, deve ser sepultado e a aflita mãe deve despedir-se dele, ó Deus! O pensamento de o não tornar a ver é uma dor que excede todas as outras dores. Essa foi a última espada que traspassou o coração aflito de Maria.

Para melhor considerá-la, voltemos ao Calvário e observemos atentamente a aflita Mãe, que ainda tem abraçado seu Jesus morto e se consome de dor ao beijar-Lhe as chagas. Os santos discípulos, temendo que ela expirasse pela veemência da dor, animaram-se a tirar-lhe do regaço o depósito sagrado, para o sepultarem. Com violência respeitosa tiraram-lh’O dos braços, e embalsamando-O com aromas, envolveram-No em um sudário adrede preparado. — Eis que já O levam à sepultura; já se põe em movimento o cortejo fúnebre. Os discípulos carregam o corpo exânime; inúmeros anjos do céu O acompanham; as santas mulheres O seguem e juntamente com elas vai a Mãe aflitíssima, acompanhando o Filho à sepultura.

Chegados que foram ao lugar destinado, a divina Mãe acomoda nele com suas próprias mãos o corpo sacrossanto; e, ó! Com quanta vontade Maria se sepultaria ali viva com seu Jesus! Quando depois levantaram a pedra para fechar o sepulcro, afigura-se-me que os discípulos do Salvador se voltaram para a Virgem com estas palavras: Eia, Senhora, deve-se fechar o sepulcro: tende paciência, vede pela última vez o vosso Filho e despedi-vos d’Ele. — Ah! Meu querido Filho (assim deve ter falado então a aflita Mãe), não te hei então de tornar a ver? Recebe, pois, nesta última vez que te vejo, recebe o último adeus de mim, tua afetuosa Mãe.

II. Finalmente os discípulos levantam a pedra e encerram no santo sepulcro o corpo de Jesus, aquele grande tesouro, a que não há igual nem na terra nem no céu. Diz São Boaventura, que a divina Mãe, antes de deixar o sepulcro, abençoou aquela sagrada pedra. E assim dando o último adeus ao Filho e ao sepulcro, volta para sua casa, mas deixa o seu coração sepultado com Jesus.

Sim, porque Jesus é todo o seu tesouro, e, como disse Jesus: Ubi thesaurus vester est, ibi et cor vestrum erit (1) — “Onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” . E nós, onde teremos sepultado o nosso coração? Talvez nas criaturas? No lodo? E porque não o teremos sepultado com Jesus, o qual, bem que subido ao céu, contudo quis ficar, não morto, mas vivo, no Santíssimo Sacramento do altar, precisamente para ter consigo e possuir os nossos corações? Imitemos, pois, Maria; encerremos os nossos corações no santo Tabernáculo, para não mais o tornarmos a tomar. Entretanto, colocando-nos em espírito com a dolorosa Mãe junto ao sepulcro de Jesus, unamos os nossos afetos com os de Maria e digamos com amor:

Ó meu Jesus sepultado! Beijo a pedra que Vos encerra. Mas ressuscitastes ao terceiro dia. Ah! Pelos méritos de vossa gloriosa ressurreição, fazei com que no último dia eu ressuscite convosco na glória, para estar sempre unido convosco no céu, para Vos louvar e amar eternamente. Eu Vo-lo peço pela vossa paixão, e pela dor que sentiu a vossa querida Mãe, quando Vos acompanhou ao sepulcro.

Referências:

(1) Lc 12, 34

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 420-422)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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