Sexta-feira após a Pascoa

Conformidade com a vontade de Deus a exemplo de Jesus Cristo

Descendi de coelo, non ut faciam voluntatem meam, sed voluntatem eius qui misit me – “Eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou” (Jo 6, 38)

Sumário. É tão agradável a Deus o sacrifício da nossa própria vontade, que Jesus Cristo desceu sobre a terra para nos ensinar a maneira de o fazer e em toda a sua vida não fez outra coisa senão dar-nos disso as mais sublimes lições com as suas palavras e com os seus exemplos. Eis, portanto, o que devemos ter em mira em todas as nossas ações: conformar a nossa vontade com a divina, especialmente no que mais repugna ao amor próprio. Vale mais um Bendito seja Deus, dito nas adversidades, do que mil agradecimentos na prosperidade.

I. É certo que a nossa salvação consiste em amar a Deus, nosso supremo Bem; porque a alma que não O ama, já não vive, mas está morta (1). A perfeição, porém, do amor consiste em conformar a nossa vontade com a divina; pois que, como diz o Aeropagita, o efeito principal do amor é unir as vontades dos que se amam, de sorte que não tenham senão um só coração e uma só vontade.

É isto o que antes de mais nada com as suas palavras e com os seus exemplos veio ensinar-nos Jesus Cristo, que nos foi dado por Deus tanto para ser nosso Salvador como nosso modelo. Pelo que o Apóstolo escreve que as primeiras palavras de Jesus, ao entrar no mundo, foram estas: Ecce venio ut faciam, Deus, voluntatem tuam (2) — “Eis que venho para fazer, ó Deus, a tua vontade” . Meu Deus, recusastes as hóstias e oblações dos homens; não Vos agradaram os holocaustos que Vos ofereciam pelos seus pecados. Quereis que Vos sacrifique morrendo este meu corpo, que Vós mesmo me haveis dado. Eis-me aqui, Senhor, estou pronto para fazer a vossa santíssima vontade.

No correr de sua vida, Jesus Cristo tem manifestado diversas vezes a sua submissão e conformidade de vontade, dizendo: Eu desci do céu não para fazer a minha vontade, senão a d’Aquele que me enviou. Quis que conhecêssemos o grande amor a seu Pai pelo ver ir à morte por obediência à vontade d’Este. Por isso disse aos apóstolos: Para que conheça o mundo que amo ao Pai, e assim como me ordenou o Pai, assim faço: Levantai-vos; vamo-nos d´aqui (3).

Depois no horto de Getsêmani, parece que o Senhor, opresso pelo temor, pelo aborrecimento e pela tristeza, não sabe fazer outra oração senão esta: Meu Pai, não seja como eu quero, mas sim como Tu (4). Meu Pai, se não pode passar este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua vontade (5). — Numa palavra, é tão grande a excelência da conformidade com a vontade de Deus, e Jesus Cristo exige tão rigorosamente que a pratiquemos, que protesta ter por seus discípulos somente aqueles que cumprem a vontade divina (6).

II. Se agrada tanto o Deus o sacrifício de nossa vontade, que enviou à terra seu próprio Filho para nos ensinar a maneira de a sacrificarmos, tinha razão o santo abade Nilo de dizer que nas nossas orações não devemos pedir a Deus que faça o que nós queremos, mas que nos dê a graça para bem fazermos o que Ele quer. — É a isso que se devem dirigir todos os nossos desejos, devoções, meditações e comunhões: o cumprimento da vontade divina, especialmente naquilo que repugna mais ao nosso amor próprio. Lembremo-nos sempre do que costumava dizer o Bem-aventurado João de Ávila: Um só Bendito seja Deus, nas adversidades, vale mais do que mil agradecimentos na prosperidade.

Toda a minha desgraça, ó meu Deus, foi não querer sujeitar-me no passado à vossa santa vontade. Detesto e amaldiçôo mil vezes esses dias e momentos em que, para seguir a minha vontade, me opus à vossa, ó Deus de minha alma. Eu Vô-la consagro agora sem reserva e quero unir esta minha oferta à que vosso divino Filho fez de si mesmo e continua a fazer sobre os nossos altares. Recebei-a, ó meu Senhor, e ligai-me de tal modo ao vosso amor, que nunca mais me possa revoltar contra Vós.

Amo-Vos, bondade infinita, e pelo amor que Vos tenho me ofereço todo a Vós. Disponde de mim, e de tudo o que me pertence, como Vos aprouver. Resigno-me em tudo à vossa divina vontade. Preservai-me da desgraça de contrariar as vossas disposições, e depois fazei de mim segundo a vossa vontade. Pai Eterno, pelo amor de Jesus Cristo, atendei-me. Meu Jesus, escutai-me pelos merecimentos da vossa Paixão. E vós, o Maria Santíssima, ajudai-me; obtende-me a graça de executar a vontade divina, na qual consiste toda a minha salvação e nada mais de vós desejo.

Referências:

(1) Lc 22, 48 (2) Sl 54, 13 (3) Mt 26, 24 (4) 1Cor 11, 28 (5) Jo 13, 10

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 14-17)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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