Segunda-feira da Quinta Semana depois da Páscoa

A morte despoja-nos de tudo

Divitias, quas devoravit, evomet, et de ventre illius extrahet eas Deus – “Vomitará as riquezas que devorou, e Deus lh´as fará sair das entranhas” (Jó 20, 15)

Sumário. Os mundanos só consideram felizes os que podem gozar os bens deste mundo, os prazeres, as riquezas e as grandezas. Mas a morte põe fim a todos estes gozos terrestres, porque então tudo se há de deixar. Vê esse grande do mundo, cortejado hoje, temido e quase adorado; amanhã, quando estiver morto, será desprezado de todos, não se fará mais caso de suas ordens; será expulso de seu palácio e atirado a uma cova para apodrecer. Entretanto que será de sua alma?… Desgraçada, se vier a cair no inferno!

I. Os mundanos só consideram felizes aqueles que gozam os bens deste mundo, os prazeres, as riquezas e as grandezas; mas a morte põe fim a todos estes gozos terrestres. Quae est vita vestra? Vapor est ad modicum parens (1) – “Que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco” . Os vapores que a terra exala, erguendo-se ao ar, por efeito dos raios do sol, oferecem às vezes agradável aspecto; que tempo, porém, dura isto? Ao menor vento, tudo desaparece. Vê esse grande mundo, cortejado hoje, temido e quase adorado; amanhã, quando estiver morto, será desprezado, amaldiçoado, calcado aos pés.

Na morte é preciso deixar tudo. O irmão do grande servo de Deus, Thomaz Kempis, felicitava-se de ter construído uma casa magnífica. Houve, porém, um amigo que lhe notou um defeito. Qual é? Perguntou ele. – O defeito, respondeu o amigo, é terdes feito a porta. – O que? Replicou, a porta será um defeito? – Sim, acrescentou o amigo, porque um dia deverás sair por essa porta, morto, e assim deixar a casa e tudo o mais.

Que espetáculo ver arrancar tal grande de seu plácio, para nunca mais entrar nele, e ver outros tomarem posse de seus móveis, de seus tesouros e de todos os seus outros bens! Os criados deixam-no na tumba com um vestido que é apenas suficiente para lhe cobrir o corpo. Já não há quem o estime, nem quem o lisonjeie; já não se faz caso das ordens que deixou. – Saladino, que conquistou muitos reinos da Ásia, ordenou, ao morrer, que quando lhe levassem o corpo para a sepultura, fosse um homem diante do esquife, levando suspensa de uma lança uma mortalha e gritando: Aqui está tudo o que Saladino leva para a cova. Numa palavra, a morte priva o homem de todos os bens deste mundo: Finis venit, venit finis (2) – “O fim vem, vem o fim”.

II. Senhor meu Jesus Cristo, já que me iluminastes para conhecer que tudo que o mundo estima não passa de fumo e loucura, dai-me força para me desapegar dele, antes que dele me separe a morte. Que desgraçado tenho sido! Quantas vezes, por miseráveis prazeres e outros bens da terra, Vos ofendi, a Vós que sois um Bem infinito! Ó meu Jesus, ó médico celeste, lançai os olhos sobre minha pobre alma, olhai as numerosas fendas que me fiz com os meus pecados, e tende piedade de mim. Si vis, potes me mundare (3) . Sei que me quereis e podeis curar; mas para me curar quereis que me arrependa das injúrias que Vos fiz. Pois bem, arrependo-me de todo o coração; curai-me agora que me podeis curar: Sana animam meam, quia peccavi tibi (4).

Eu Vos esqueci; mas Vós, Senhor, não me esquecestes; e agora dizeis-me que quereis perdoar-me as injúrias que Vos fiz, se eu as detestar: Omnium iniquitatum eius non recordabor (5). Oh! Detesto-as e abomino-as mais que todos os males. Esquecei, pois, meu Redentor, esquecei todas as amarguras que Vos causei. No futuro quero perder tudo, mesmo a vida, antes que perder a vossa graça. De que me serviriam todos os bens da terra sem a vossa graça?

Ajudai-me, por piedade! Sabeis quanto sou fraco. O inferno não deixará de me tentar; já se prepara para se lançar em mil assaltos contra mim e me tornar de novo seu escravo. Ó meu Jesus, não me abandoneis! Daqui em diante quero ser escravo de vosso amor. Sois o meu único Senhor, Vós me criastes, Vós me resgatastes, Vós me haveis amado mais do que qualquer outro, Vós sois o único digno de ser amado, e a Vós só quero amar. – Ó minha Rainha e Mãe, Maria, ajudai-me com a vossa intercessão, e obtende para mim a santa perseverança.

Referências:

(1) Zc 4, 15 (2) Ez 7, 2 (3) Mt 8, 2 (4) Sl 40, 5

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 75-77)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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