Quinta-feira da Undécima Semana depois de Pentecostes

A Missa é um sacrifício de agradecimento proporcionado à divina beneficência

Quid retribuam Domino, pro omnibus quae retribuit mihi? Calicem salutaris accipiano, et nomen Domini invocabo – “Que darei ao Senhor por todos os benefícios que me tem feito? Tomarei o cálice da salvação, e invocarei o nome do Senhor” (Sl 115, 12-13)

Sumário. A santa missa foi instituída particularmente para agradecer a Deus os benefícios que nos tem feito. Quando celebramos, e, também de certo modo, quando assistimos ao sacrifício divino, podemos dizer com verdade: Senhor, as vossas misericórdias são imensas; mas eis que vo-las retribuo por meio de uma oferenda que vale tanto como vossos dons, e infinitamente mais. Portanto, se és sacerdote, não deixes um dia de celebrar a missa com a devida preparação e ação de graças; se és simples leigo, procura ao menos assistir à missa, ainda à custa de algum proveito temporal.

I. É mais do que justo que agradeçamos ao Senhor os imensos benefícios que nos fez a sua bondade infinita. Nós ainda não existíamos, ainda não existia o mundo, e Deus já nos amava e resolvera criar-nos no tempo e cumular-nos de seus dons na ordem da natureza e na da graça. – Mais: vendo o Eterno Pai que todos nós estávamos mortos e privados de sua amizade por causa do pecado, pelo grande amor que nos tinha, como escreve o Apóstolo, mandou seu Filho amado para satisfazer por nós (1).

A estes e mais outros benefícios que o Senhor fez a todos em geral, acrescentai tantos outros, igualmente inúmeros e imensos, que fez a cada um em particular: tantas inspirações e impulsos ao bem; a remoção de tantos perigos de cair, tantos pecados perdoados; e depois dize-me: Quid retribuam Domino pro omnibus quae retribuit mihi? – “Como poderemos nós, criaturas miseráveis, agradecer dignamente a Deus? – Calicem salutaris acciptam . Eis que Jesus Cristo nos proporcionou o meio para não ficarmos aquém das nossas obrigações, e de dar-lhe dignas ações de graças. É a santa missa, que, na frase de Santo Irineu, foi instituída principalmente por Jesus para este fim, e de que ele mesmo foi o primeiro a servir-se: Et accepto calice, gratias egit – “Tendo tomado o cálice, deu graças” (2) .

Com este sacrifício divino o Pai Eterno se dá por plenamente retribuído e satisfeito; porquanto a vítima que lhe é oferecida, é seu próprio Filho, em que põe as suas complacências; e, numa palavra, o sacrifício de um Deus, que na consagração e na comunhão é sacrificado, morrendo misticamente. Portanto, quando celebramos, e, de algum modo também, quando assistimos à santa missa, podemos com verdade dizer a Deus: Senhor, reconhecemos que as vossas misericórdias são imensas; mas eis que Vo-las retribuímos com uma oferenda que por si só tem um valor igual a vossos dons e infinitamente mais. Ó excelência da santa missa!

II. Se és sacerdote, procura tributar todos os dias a Deus o preito condigno de agradecimento, pela celebração devota da santa missa; e lembra-te de que então rendes mais glória a Deus, do que lhe renderam e lhe renderão em toda a eternidade todos os Anjos e Santos do céu, sem exceptuar a divina Mãe Maria.

– Se não és sacerdote, reverencia os ministros de Deus e procura ao menos assistir todos os dias ao sacrifício divino, mesmo à custa de algum proveito temporal, na certeza de que o Senhor lhe recompensará abençoando todas as tuas ações do dia. – Pela assistência devota ao divino sacrifício, também tu renderás ao Senhor dignas ações de graças, como foi revelado a Santa Teresa. Lamentando-se um dia a Santa por não saber agradecer bastante à divina bondade os favores de que se via cumulado, ouviu uma voz do céu que lhe disse distintamente: Ouve uma missa .

Ah, meu Senhor! Eu também me vejo cumulado de vossas misericórdias, visto que tudo quanto possuo na alma e no corpo me veio de Vós. Vós me destes a existência, de preferência a tantos outros que Vos teriam servido melhor que eu; adotastes-me por Filho no santo Batismo; nos outros sacramentos me abristes outros tantos canais de graças; afinal, destes-me um anjo por guarda, Maria Santíssima por Mãe, e Jesus Cristo por meu Redentor. Permite, ó meu Deus, que em agradecimento de tantos favores Vos ofereça o vosso próprio Filho, que cada dia se sacrifica tantas vezes sobre nossos altares.

Permite igualmente que, vendo meu Jesus todo sacrificado e aniquilado por meu amor no divino Sacramento, eu Vos faça o sacrifício de mim mesmo e o una ao sacrifício de valor infinito de Jesus. Consagro-Vos, ó Senhor, toda a minha alma, toda a minha vontade, toda a minha vida. Aceitai-me pelos merecimentos de Jesus Cristo, e dai-me a graça de Vos renovar este sacrifício todos os dias de minha vida, até morrer consumindo-me todo pela vossa glória.

– Peço também a mesma graça a vós, ó grande Mãe de Deus e minha Mãe, Maria.

Referências:

(1) Ef 2, 4 (2) Lc 22, 17

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 314-316)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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