Quinta-feira da Duodécima Semana depois de Pentecostes

A Santíssima Eucaristia é uma fornalha de amor

Introduxit me rex in cellam vinariam, ordinavit in me caritatem – “O rei me introduziu na sua adega, ordenou em mim a caridade” (Ct 2, 4)

Sumário. É com razão que os santos sempre consideraram os santos altares como outros tantos tronos de amor, onde Jesus Cristo inflama e abrasa em santo amor as suas almas prediletas. Como será então possível que a alma, que se prepara com as devidas disposições para receber dentro de si esta fornalha de amor, não fique toda abrasada e ardente? Não tenhamos a insensatez de nos afastarmos do fogo, porque nos sentimos com frio; ao contrário, quanto mais frio sentirmos, com tanto mais frequência nos devemos chegar ao Santíssimo Sacramento, se ao menos desejamos amar a Deus.

I. Ainda que a santíssima Eucaristia seja a fonte de todas as virtudes, tem todavia eficácia particular para nos abrasar no amor de Deus, que é o ápice da santidade e da perfeição. São Vicente Ferrer diz que a alma tira mais fruto de uma só comunhão, que de uma semana de jejum a pão e água. E Santa Maria Magdalena de Pazzi acrescenta que uma só comunhão bem feita basta para fazer um santo.

O rei me introduziu em sua adega, ordenou em mim a caridade. Segundo São Gregório de Nyssa, é a comunhão aquela adega misteriosa onde a alma de tal modo se embriaga do amor divino, que esquece a terra e todas as coisas criadas; é esta propriamente a languidez produzida pelo santo amor. O Padre Francisco Olympio dizia que nenhuma coisa é capaz de nos inflamar no amor divino como a santa comunhão.

Nem pode ser de outra forma; pois que o Verbo Eterno, que é o próprio amor, assegura que, vindo à terra, não teve outro intuito senão o de acender o fogo do amor: Ignem veni mittere in terram (1). Como será, pois, possível que a alma que se prepara com as devidas disposições para receber dentro de si este fogo de amor, não fique toda abrasada e consumida? – Eis porque os santos sempre consideraram os altares sagrados como outros tantos tronos de amor, onde Jesus Cristo abrasa e inflama as suas almas diletas.

Santa Catarina de Sena viu certo dia na mão do sacerdote a Hóstia consagrada semelhante a uma fornalha de amor, e admirava-se a Santa de que os corações de todos os homens não ardessem todos e se consumissem em tão grande incêndio. Santa Rosa de Lima dizia que, quando comungava, parecia-lhe que recebia o sol, de modo que o seu rosto ficava tão radiante, que chegava a ofuscar a vista, e saía-lhe da boca tal calor, que a pessoa que lhe dava de beber depois da comunhão sentia a mão quente como se a tivesse junto de um forno. – Finalmente o santo rei Wenceslau, quando ia visitar o Santíssimo Sacramento, sentia-se mesmo exteriormente inflamado em tamanho ardor, que o criado que o acompanhava punha os pés nas pisadas do Santo para não sentir frio.

II. Grande é o engano daqueles que deixam de comungar frequentemente, porque se sentem frios no amor divino. Diz Gerson que eles são como um homem que se não quer aproximar do fogo porque não tem bastante calor. – Dizia igualmente São Francisco de Sales:

“Há 25 anos que sou diretor de almas; e a experiência me ensinou a eficácia indizível da santíssima Eucaristia para proteger, fortalecer, consolar, e, numa palavra, divinizar as almas, quando comungam com fé, pureza e devoção.”

Quanto mais frio sentirmos, mais nos devemos aproximar do Santíssimo Sacramento, se ao menos desejamos amar a Deus. Se vos perguntarem porque é que comungais tantas vezes, respondei com o mesmo São Francisco de Sales:

“Há duas classes de pessoas que devem comungar frequentemente: os perfeitos e os imperfeitos, os primeiros para se manterem na perfeição, os segundos para chegarem à perfeição.”

Ó meu Jesus, Vós que amais tanto as almas, já não tendes mais provas a dar-nos de vosso amor. Fazei, bondade infinita, que de hoje em diante Vos ame com todas as forças e com toda a ternura do meu coração. A quem é que meu coração deveria amar com mais ternura, do que a Vós, meu Redentor, que, depois de haverdes dado a vida por mim, Vos dais a Vós mesmo neste Sacramento? Ah! Meu Senhor, pudesse lembrar-me sempre do vosso amor, afim de esquecer todas as criaturas e amar somente a Vós, sem interrupção e sem reserva.

Amo-Vos, meu Senhor; † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas e só a Vós quero amar. Peço-Vos que expulseis do meu coração todos os afetos que não sejam para Vós. Graças Vos dou por me concederdes tempo para Vos amar e chorar os desgostos que Vos causei. Meu Jesus, desejo que sejais o único objeto de todas as minhas afeições. Socorrei-me, salvai-me; possa a minha salvação consistir em amar-Vos de todo o coração e sempre, nesta vida e na outra. – Maria, minha Mãe, ajudai-me a amar Jesus.

Referências:

(1) Lc 12, 49

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 14-17)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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