Quinta-feira da Décima Terceira Semana depois de Pentecostes

Jesus no Santíssimo Sacramento não deseja senão dispensar graças

Mecum sunt divitiae… ut ditem diligentes me, et thesauros eorum repleam – “Comigo estão as riquezas, para enriquecer os que me amam e encher os seus tesouros” (Pv 8, 18; 21)

Sumário. Porque Jesus Cristo é a bondade infinita, tem desejo extremo de nos comunicar seus bens, e está sempre pronto a fazer-nos bem. Ensina contudo a experiência que no Santíssimo Sacramento da Eucaristia Jesus dispensa as graças mais fácil e abundantemente. Felizes, portanto, de nós se, conforme no-lo permitir nosso estado, procurarmos frequentemente visitá-lo, entreter-nos com ele e recebê-lo em nosso peito! A graça que sobretudo lhe devemos pedir é que nos abrase mais e mais em seu santo amor.

I. Consideremos como Jesus na Eucaristia dá audiência a todos, para a todos fazer bem. Segundo Santo Agostinho, o Senhor deseja mais dar-nos suas graças do que nós recebê-las. A razão é que Deus é infinitamente bom, e a bondade da sua natureza é expansiva, de sorte que tende a comunicar seus bens a todos. Deus se queixa das almas que lhe não vão pedir graças. «Porque», diz ele, “ não quereis mais vir a mim? Tenha sido para vós terra estéril ou tardia, quando me pedistes favores?” — Quare ergo dixit populus meus: Non veniemus ultra ad te? (1). São João diz que viu o Senhor cingido aos peitos com um cinturão de ouro, querendo Jesus sob essa figura mostrar-nos a multidão de graças que em sua misericórdia nos deseja conceder: Vidi praecinctum ad mamillas zona aurea (2). Jesus Cristo está sempre disposto a fazer-nos bem; mas, diz o discípulo que é especialmente no Santíssimo Sacramento que dispensa suas graças com maior abundância. E o Bem-aventurado Henrique Suso dizia que na Santíssima Eucaristia Jesus atende de melhor vontade às nossas súplicas.

Assim como uma mãe corre aonde está seu filhinho para nutri-lo e aliviá-lo de seu leite, assim o Senhor, lá do sacramento do Amor, nos chama para si e diz: “Sereis como meninos que sua mãe aperta com ternura sobre o seio” — Ad ubera portabimini… Quomodo si cui mater blandiatur, ita ego consolabor vos (3). O Padre Baltazar Álvarez viu a Jesus no Santíssimo Sacramento com as mãos cheias de graças, procurando distribuí-las, mas não havia quem as quisesse. Oh, feliz da alma que fica ao pé do altar, afim de pedir graças a Jesus Cristo! Dentro de pouco tempo subirá ao mais alto grau de perfeição, e ficará enriquecida de méritos imensos para o céu.

II. Ó insensatos mundanos, exclama Santo Agostinho, desgraçados, onde ides buscar contentamento para o vosso coração? Vinde a Jesus; só ele vos pode dar a felicidade que buscais. E tu, minha alma, não sejas do número destes insensatos; busca a Deus só, que encerra todos os bens. E, se o queres já, ei-lo aqui perto de ti no Santíssimo Sacramento. Dize-lhe o que quiseres, porque para te consolar e ouvir é que ele está neste cibório. — Pede-lhe sobretudo o dom de seu divino amor. Feliz de ti, se Jesus Cristo fizer o favor de abrasar-te todo em seu amor. Então, de certo, não amarás, mas desprezarás todas as coisas terrestres.

Ah, meu Jesus! fazei-Vos conhecer e amar! Sois tão amável e tudo esgotastes para Vos fazer amar dos homens; como, pois, são tão poucos entre eles os que Vos amam? Ai! tive eu mesmo a desgraça de ser do número desses ingratos! Fui grato às criaturas que me fizeram algum favor; somente para convosco, que Vos destes a mim, levei a ingratidão até ao ponto de Vos desagradar muitas vezes gravemente, e de Vos ultrajar com os meus pecados. Contudo, vejo que, em vez de me abandonar, persistis em me procurar e pedir o meu coração. Sinto que continuais a intimar-me o preceito amoroso: Diliges Dominum Deum tuum ex toto corde tuo (4) — “Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração” .

Já que, apesar da minha ingratidão, quereis ainda ser amado por mim, tomo a resolução de Vos amar. Desejais meu amor, e eu também, pelo socorro da vossa graça, não desejo outra coisa senão amar-Vos. Amo-Vos, meu amor, meu tudo; Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas. Ajudai-me a amar-Vos, pelo Sangue que por mim derramastes. Meu amado Redentor, nesse Sangue precioso é que ponho todas as minhas esperanças, e também na intercessão da vossa Mãe Santíssima, cujas orações quereis concorram para a nossa salvação.

— Ó Maria, minha Mãe, rogai a Jesus por mim; inflamais com amor divino todos os que vos amam: abrasai-me também, a mim que tanto vos amo.

Referências:

(1) Jr 2, 31 (2) Ap 1, 13 (3) Is 66, 12-13 (4) Mt 22, 37

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 33-35)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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