Sexta-feira da Décima Terceira Semana depois de Pentecostes

A prisão de Jesus e as más ocasiões

Vincula illius afligatura salutaris – “Os seus vínculos são uma ligadura salutar” (Ecl 6, 31)

Sumário. Judas entra no jardim das Oliveiras e com um beijo trai o seu Mestre. No mesmo instante os insolentes ministros se lançam sobre Jesus, encadeiam-no como um malfeitor e assim o levam pelas ruas de Jerusalém. O Redentor divino quis sujeitar-se a tão grande ignomínia para nos merecer a graça de sacudirmos as cadeias do pecado, que são as más ocasiões. Quantos cristãos, muito devotos talvez por algum tempo se precipitaram por causa delas num abismo de iniquidade e estão agora ardendo no inferno!

I. Judas entra no horto e entrega o seu Mestre com um beijo. No mesmo instante os insolentes ministros lançaram-se sobre Jesus. Um o prende, outro o empurra, outro o fere, outro o amarra como um malfeitor. Comprehenderunt Iesum et ligaverunt eum – “Eles prenderam Jesus e o ligaram” (1). Céus! Que vejo! Um Deus encadeado!… E porque?… e por quem? Pelas suas próprias criaturas; pelos homens, esses vis vermes da terra. Anjos do céu, que dizeis vós? E Vós, meu Jesus, porque Vos deixais ligar? Que teem de comum convosco, pergunta São Bernardo, os ferros dos escravos e dos criminosos, com o Rei dos reis, com o Santo dos santos? O rex regum, quid tibi et vinculis?

Ah, meu Senhor, que na vossa infância fosseis ligado estreitamente nos paninhos por vossa divina Mãe, compreendo, que no sacramento do Altar fiqueis como ligado e encarcerado dentro do cibório, debaixo das espécies eucarísticas, compreendo-o igualmente. Mas que fosseis amarrados como um malfeitor pelos pérfidos judeus, para serdes arrastados pelas ruas de Jerusalém de um tribunal a outro; para serdes preso a uma coluna no Pretório de Pilatos e ali sofrerdes a mais horrível flagelação; para serdes, enfim, levado ao Calvário e pregado num infame patibulo; ah, meu Jesus! É o que não deveis ter permitido. Se os homens se atrevem a cometer tão grande sacrílegio, Vós, o Todo-Poderoso, desatai-Vos e livrai-Vos dos tormentos e da morte, que os ingratos Vos preparam.

Já compreendo, porém, o mistério: meu Senhor, não são as cordas que Vos ligam, mas sim o amor; foi o amor que Vos ligou e Vos obriga a sofrer e morrer por nós. – Pelo que São Lourenço Justianiani exclama:

“Ó amor! Ó amor divino! Só vós pudestes ligar um Deus e conduzi-Lo a morte por amor dos homens!”

E apesar disso, estes mesmos homens lhe são ingratos e o ofendem.

II. O divino Redentor quis sujeitar-se a ignominia de ser encadeado, para nos merecer a graça de sacudirmos as cadeias que nos prendem ao pecado, e que se chamam as más ocasiões . Se estas cadeias não forem quebradas de uma só vez, nunca serão quebradas. Quantos há que estão agora ardendo no inferno, por terem dito: Amanhã, amanhã! Não vale dizer que até hoje não houve nada de mal; porque é pouco a pouco que o demônio leva as almas incautas até a borda do precipício, e então basta o choque mais leve para as fazer cair. É uma máxima comum dos mestres da vida espiritual, que, especialmente em se tratando da impureza, não há outro meio senão a fuga das ocasiões e o rompimento de todo o afeto.

Meu irmão, se por desgraça estiveres preso por alguma daqueles cadeias de morte, escuta o que te diz Jesus Cristo: Solve vincula colli tui, captiva filia Sion – “Desata as cadeias o teu pescoço, cativa filha de Sião” (2). Pobre alma, rompe os laços que te prendem ao inferno, chega-te a mim, e permite que, partilhando contigo as minhas cadeias, te obrigue a amar-Vos sempre.

Ó meu mansíssimo Jesus! Vendo-Vos encadeado por meu amor, que posso eu temer, já que estais de certo modo impossibilitado de levantar o braço para me ferir? Não quereis castigar-me, contanto que eu me resolva a sacudir o jugo das minhas paixões e unir-me a Vós. Sim, meu Senhor, quero recuperar a minha liberdade; e pesa-me sobre todas as coisas ter outrora abusado da minha liberdade e de Vos ter ofendido. Vós Vos deixas-te ligar por meu amor, e eu quero ser ligado pelo vosso amor. Ó felizes cadeias, ó formosas ligaduras de salvação, que unis as almas ao Coração de Jesus: Apoderai-vos do meu pobre coração e liga-o de tal modo, que nunca mais se possa separar desse amantíssimo Coração

– Ó grande Mãe de Deus e minha Mãe, Maria, pela dor que sentistes em ver vosso Jesus, amarrado como um malfeitor, obtende-me a santa perseverança.

Referências:

(1) Jo 18, 12 (2) Is 52, 2

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 35-37)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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