Quarta-feira da Décima Quarta Semana depois de Pentecostes

A ressurreição dos corpos no dia do Juízo

Ecce mysterium vobis dico: Omnes quidem resurgemus, sed non omnes immutabimur – “Eis que vos digo um mistério: todos certamente ressuscitaremos, mas nem todos seremos mudados” (1 Cor 15, 51)

Sumário. Mortos todos os homens, a trombeta soará e todos ressuscitarão. Todos retomarão o mesmo corpo com que serviram a Deus nesta terra, ou o ofenderam. Que diferença haverá entre os corpos dos escolhidos e dos réprobos! Estes serão negros, horrendos e nauseabundos; aqueles serão alvos, belos e mais resplandecentes que o sol. Meu irmão, qual será a tua sorte nesse dia?… Se quisermos que o nosso corpo apareça dignamente ao lado dos Bem-aventurados, apliquemo-nos a mortificá-lo e a guardá-lo pela penitência, sujeito à alma.

I. O Juízo universal será precedido do fogo do céu que devorará a terra e todos os homens que então viverem: Terra et quae in ipsa sunt opera exurentur (1) – “A terra será presa do fogo, com todas as obras que nela se contém” . Palácios, campos, cidades, reinos, tudo deverá ser reduzido a um montão de cinzas. É preciso que esta infecionada habitação dos pecados seja purificada pelo fogo. Eis como deve ser o fim de todas as riquezas, pompas e delícias deste mundo. – Mortos todos os homens, a trombeta soará e todos ressuscitarão: Canet enim tuba, et mortui resurgent (2). Dizia São Jerônimo:

“Todas as vezes que penso no dia do Juízo, tremo pelo corpo todo; julgo ouvir a cada instante esta terrível trombeta: Ressuscitai, ó mortos, vinde ao juízo.”

Ao som desta trombeta, as almas gloriosas dos bem-aventurados descerão do céu, para se unirem aos corpos com que serviram a Deus nesta vida; e as almas infelizes dos condenados subirão do inferno para se unirem aos corpos malditos, com que ofenderam a Deus. – Oh! Que diferença haverá então entre os corpos dos bem-aventurados e os dos réprobos! Os bem-aventurados aparecerão belos, puros, resplandecentes como o sol: Tunc fulgebunt iust sicut sol (3). Feliz de quem nesta vida sabe mortificar a carne, recusando-lhe os prazeres proibidos; ou, para a refrear mais, lhe recusa até os gozos permitidos, como fizeram os santos! Como estará então contente por ter vivido assim um São Pedro de Alcântara, que depois da morte disse a Santa Teresa:

“Feliz penitência, que tamanha glória me alcançou.”

Os corpos dos réprobos, ao contrário, serão horrendos, negros e nauseabundos, quais tições do inferno. Que suplício então para o condenado o dever unir-se ao corpo! Corpo maldito, dirá a alma, foi para te contentar que me perdi. E o corpo dirá: alma maldita, que tinhas a razão por final, porque me concedeste essas satisfações, que foram a causa da minha perdição e da tua, por toda a eternidade? – Portanto, meu irmão, se por desgraça te perderes, a alma e o corpo que agora conspiram na busca de prazeres proibidos, unir-se-ão à força nesse dia, para se servirem mutuamente de algozes, para sempre.

II. Assim terminará a cena deste mundo. Terminarão todas as grandezas, os prazeres e as pompas da terra: tudo estará terminado. Só restarão duas eternidades: uma de glória, outra de sofrimento; uma feliz, outra infeliz; uma de gozos e outra de tormentos; no céu estarão os justos; os pecadores no inferno. Infeliz de quem tiver amado o mundo e perdido tudo, a alma, o corpo, o céu e Deus, pelas satisfações miseráveis desta terra.

Meu Jesus e meu Redentor, Vós, que um dia deveis ser meu Juiz, perdoai-me, antes que chegue esse dia. Ne avertas faciem tuam a me (4) – “Não afasteis de mim a vossa face” . Agora sois meu Pai, e como Pai recebei na vossa graça um filho que volta arrependido aos vossos pés. Meu Pai, peço-Vos perdão: fiz mal em Vos ofender; fiz mal em me afastar de Vós; não merecíeis ser tratado como Vos tratei. Arrependo-me disto e detesto-o de todo o coração; perdoai-me! Ne avertas faciem tuam a me ; não afasteis de mim a vossa face, não me repilais, como merecia. Lembrai-Vos do sangue que derramastes por mim e tende piedade de mim.

Meu Pai, amo-Vos e não mais me quero afastar de Vós. Esquecei as injúrias que Vos fiz e dai-me um grande amor para com a vossa bondade. Desejo amar-Vos mais do que Vos ofendi; mas, sem vosso auxílio, não Vos posso amar. Ajudai-me, meu Jesus: fazei-me viver grato ao vosso amor, para que nesse dia eu seja, no vale do juízo, do número de vossos amigos. – Ó Maria, minha Rainha e minha Advogada, socorrei-me agora; porque, se vier a perder-me, não me podereis mais valer nesse dia. Vós orais por todos, orai também por mim, que me prezo de ser vosso servo devoto e tanta confiança deposito em vós.

Referências:

(1) 2 Pd 3, 10 (2) 1 Cor 15, 52 (3) Mt 13, 43 (4) Sl 26, 9

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 45-48)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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