Sexta-feira da Décima Oitava Semana depois de Pentecostes

O grande livro que é o Crucifixo

Non iudicavi me scire aliquid inter vos, nisi Iesum Christum, et hunc crucifixum – “Não entendi saber entre vós coisa alguma, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (Jo 13, 1)

Sumário. O lenho da cruz serviu a Jesus Cristo, não só de patíbulo, para operar o nosso resgate; mas também de cátedra para nos ensinar as mais sublimes virtudes. À imitação dos santos, procuremos estudar amiúde o grande livro do Crucifixo e nós também nele aprenderemos como devemos praticar a obediência aos preceitos divinos, o amor para com o próximo, a paciência nas adversidades. Nele aprenderemos sobretudo como devemos odiar o pecado e amar a Deus, aceitando por seu amor trabalhos, tribulações e a própria morte.

I. Dizia o Apóstolo São Paulo que ele não queria saber outra coisa senão Jesus, e Jesus crucificado, isto é, o amor que Ele nos testemunhou sobre a cruz. E na verdade, em que livros poderemos melhor estudar a ciência dos santos, que é a ciência de amar a Deus, senão em Jesus crucificado? O grande servo de Deus Frei Bernardo de Corlione, capuchinho, não sabendo ler, queriam os religiosos, seus irmãos, ensiná-lo. Foi primeiro tomar conselho com o Crucifixo; mas Jesus lhe respondeu da cruz: “Que, livros! Que, leituras! Eu é que sou o teu livro, no qual podes sempre ler o amor que tenho tido.” Oh, que grande assunto para meditação por toda a vida e por toda a eternidade: um Deus morto por nosso amor! Um Deus morto por nosso amor! Oh, que grande assunto!

Um dia Santo Tomás de Aquino visitando a São Boaventura perguntou-lhe de que livro tinha feito mais uso para consignar em suas obras tão belos conceitos. São Boaventura mostrou-lhe a imagem de Jesus crucificado, toda enegrecida pelos beijos que lhe dera, dizendo: “Eis aqui o livro que me fornece tudo que escrevo; É ele que me ensinou o pouco que sei.” Jesus crucificado foi também o livro predileto de São Filipe Benicio, que teve a fortuna de exalar a sua alma bendita enquanto beijava aquelas chagas sagradas. Numa palavra, foi no estudo do crucifixo que os santos aprenderam a arte de amar a Deus e de, por amor d’Ele, sofrer as tribulações, os tormentos, os martírios e a morte mais cruel.

Tinha, pois, Santo Agostinho razão para escrever que o lenho da cruz serviu a Jesus Cristo, não só de patíbulo, para nele operar a nossa redenção, mas também de cátedra para nos ensinar as mais sublimes virtudes. — Por isto, o Santo, arrebatado pelo amor à vista de Nosso Senhor coberto de chagas sobre a cruz, fazia esta terna oração: Gravai, ó meu amantíssimo Salvador, gravai as vossas chagas em meu coração, afim de que nelas leia eu sempre a vossa dor e o vosso amor. Sim, porque, tendo diante dos olhos a grande dor, que Vós, meu Deus, padecestes por mim, sofrerei em paz todas as penas que me possam acontecer; e à vista do amor que me tendes patenteado na cruz, não amarei nem poderei amar senão a Vós.

II. Eis, pois, aí o nosso grande livro: Jesus crucificado! Se o estudarmos amiúde, ficaremos também instruídos na ciência dos santos; porquanto, no dizer de Santo Tomás, ao mesmo tempo que n’Ele acharemos auxílio seguro contra todas as tentações, aprenderemos a praticar a obediência a Deus, a caridade para com o próximo, e a paciência nas adversidades. Mas n’Ele, sobretudo, aprenderemos a temer o pecado e a amar a Jesus Cristo com todas as nossas forças; pois nessas chagas leremos de uma parte a malícia do pecado que constrangeu um Deus a sofrer tão amargosa morte para satisfazer à divina justiça; e da outra o amor que o Salvador nos mostrou querendo sofrer tanto a fim de nos fazer compreender o quanto nos amava.

Procuremos, portanto, ter uma linda imagem de Jesus crucificado, coloquemo-la em nosso quarto, e olhando para ela frequentemente, mesmo entre os nossos estudos e trabalhos, façamos com afeto alguma oração jaculatória e particularmente esta: † Meu Jesus, misericórdia! (1)

O Senhor revelou a Santa Gertrudes, que todo o que olha com devoção o Crucifixo, será cada vez recompensado com um olhar amoroso de Jesus.

Ah, meu Jesus! Quem não Vos há de amar, reconhecendo-Vos pelo Deus que sois e contemplando-Vos na cruz? Oh! Que setas de amor arremessais às almas do alto da cruz! Quantos corações tendes atraído a Vós lá do trono de amor! Ó chagas de meu Jesus, ó belas fornalhas de amor, deixai-me entrar em Vós afim de ser consumido pelo amor de meu Deus, que quis morrer por mim, consumido pelos tormentos. — Ó minha dolorosa Mãe, Maria, ajudai um vosso servo que deseja amar a Jesus.

Referências:

(1) 300 dias de indulgência a cada vez

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 129-131)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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