Terça-feira da Vigésima Segunda Semana depois de Pentecostes

Fins da oração mental

In meditatione mea exardescet ignis – “Na minha meditação se acenderá o fogo” (Sl 38, 4)

Sumário. Para fazer bem a oração mental e tirar proveito dela, é preciso conhecer os seus fins, que são principalmente três: primeiro, a união mais íntima com Deus; segundo, a obtenção das graças necessárias; terceiro, o conhecimento da Santíssima vontade de Deus e a força para executá-la plenamente. Enganam-se, pois, aqueles que deixam de fazer meditação, porque nela não acham consolações ou doçuras. Lembremo-nos bem, que o que não faz oração mental, dificilmente perseverará na graça de Deus e dificilmente se salva.

I. Para que façamos bem a oração mental e tiremos dela grande fruto para a alma, devemos fixar o fim pelo qual a queiramos fazer. Primeiro, devemos fazer oração para nos unir mais a Deus . O que nos une a Deus, não são tanto os bons pensamentos do espírito, como os atos da vontade, os santos afetos. E são estes afetos que se excitam na meditação: como sejam os afetos de humildade, de confiança, de desapego, de resignação e, sobretudo, os de amor e de arrependimento dos próprios pecados. Os atos de amor, diz Santa Teresa, conservam aceso no coração o fogo do santo amor.

Em segundo lugar, devemos fazer a meditação a fim de alcançarmos de Deus as graças necessárias para progredir no caminho da salvação e especialmente a fim de alcançarmos a luz divina para evitar os pecados e empregar os meios que nos conduzem à perfeiçã o. O grande fruto da oração é excitar-nos a rogar graças, visto que, de ordinário, Deus não concede as graças senão ao que as pedir. Escreve São Gregório: Deus quer ser rogado, quer ser constrangido, quer ser vencido pela importunação. Notemos estas palavras: Vult quadam importunitate vinci — “Quer ser vencido pela importunação” . Para obtermos certas graças mais importantes, às vezes não será bastante que as peçamos; deveremos insistir, e com nossos pedidos obrigar Deus a no-las conceder. Verdade é que em todo tempo o Senhor está pronto para nos atender; mas no tempo da meditação, quando estamos mais recolhidos a Deus, Ele nos concede auxílio com mais liberalidade.

O que sobretudo devemos pedir na oração é a perseverança e o santo amor . A perseverança não é uma única graça, senão uma corrente de graças, à qual deve corresponder a corrente de nossas orações. Se deixarmos de rezar, Deus deixará de nos dar o seu auxílio e assim nos perderemos. O que não medita, dificilmente perseverará na graça de Deus até à morte. — Devemos rezar e rezar muito, para obtermos de Deus o seu divino amor. Dizia São Francisco de Sales que o santo amor traz unidas consigo todas as virtudes: Venerunt autem mihi omnia bona pariter cum illa (1) — “Juntamente com ela vieram-me todos os bens”.

II. A oração não é senão um colóquio entre Deus e a alma. Esta lhe manifesta os seus afetos, os seus desejos, os seus temores, os seus pedidos; e Deus lhe fala ao coração, fazendo-lhe conhecer a sua bondade, o amor que lhe tem e o que a alma deve fazer para lhe agradar. D´onde resulta que não devemos ir à meditação para nela gozarmos consolações espirituais, mas principalmente para conhecermos o que Deus quer de nós. Digamos a Deus com Samuel: Loquere, Domine, quia audit servus tuus (2) — “Senhor, fazei-me conhecer o que quereis de mim, que eu quero fazê-lo”.

Alguns perseveram na oração, enquanto durem as consolações; mas, cessando estas, deixam a oração. Enganam-se, pois, saibamos bem, que em regra geral as almas santas sofrem aridez. Por isso escreve Santa Teresa:

“O Senhor experimenta os que o amam com aridez e tentações. Mas por mais que dure a aridez, não deixe a alma de fazer oração; tempo virá em que tudo lhe será pago com abundância.”

— O tempo de aridez é, portanto, o tempo de maior lucro. Humilhemo-nos e resignemo-nos; porque tal oração nos trará mais fruto do que qualquer outra. Se não pudermos fazer mais, basta que repitamos então:

† Meu Jesus, misericórdia!

Senhor, ajudai-me tende piedade de mim, não me abandoneis. Recorramos também à nossa consoladora, Maria Santíssima. Bem-aventurado o que não deixa a oração no tempo de desolação! Deus o encherá de graças.

Ah, meu Deus! Como posso pretender ser consolado por Vós, eu que mereci estar no inferno, separado de Vós para sempre e sem esperança de Vos poder ainda amar? Não me queixo, pois, meu Senhor, de que me privais das vossas consolações; não as mereço nem as exijo. Contento-me em saber que não repelis a alma que Vos ama. Não me priveis de vosso amor e depois tratai-me como quiserdes. Se é vossa vontade que até minha morte e por toda a eternidade eu esteja em aflição e desolação, fico satisfeito. Basta que deveras Vos possa dizer: Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas.

— Maria, Mãe de Deus, tende piedade de mim!

Referências:

(1) Sb 7, 11 (2) 1 Rs 3, 10

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 194-196)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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