Sexta-feira da Terceira Semana que sobrou depois da Epifania

Suspiros de amor ao pé do Crucifixo

Pro omnibus mortuus est Christus, ut et qui vivunt iam non sibi vivant, sed ei qui pro ipsis mortuus est et resurrexit – “Cristo morreu por todos, para que também os que vivem já não vivam para si, mas para aquele que morreu por eles e ressuscitou” (2 Cor 5, 15)

Sumário. Levantemos os olhos e vejamos Jesus morto no patíbulo da cruz, o corpo coberto de chagas, das quais ainda dimana sangue. A fé ensina-nos que é Ele nosso Criador, nosso Salvador; aquele que nos ama mais do que qualquer outro e só nos pode fazer felizes. Expandamos diante d’Ele o nosso coração, fazendo atos de fé, de esperança, de arrependimento, de agradecimentos e de amor. Sobretudo façamos atos de oferecimento de nós mesmos, protestando que queremos empregar em amá-Lo toda a vida que ainda nos resta.

I. Meu irmão, levanta teus olhos e contempla Jesus morto no patíbulo da cruz, o corpo todo coberto de chagas, das quais ainda corre o sangue. A fé te ensina que Ele é teu Criador, teu Salvador, tua Vida e teu Libertador; aquele que te ama ainda mais que outro qualquer e que só te pode fazer feliz.

Meu Jesus, eu creio que sois aquele que me amou desde a eternidade, sem algum merecimento da minha parte; apesar da previsão de minhas ingratidões e unicamente movido pela vossa bondade, me destes a existência. Vós sois meu Salvador, que pela vossa morte me livrastes do inferno tantas vezes por mim merecido. Vós sois minha vida, pela graça que me comunicastes e sem a qual teria ficado eternamente na morte. Vós sois meu Pai, e Pai amantíssimo, perdoando-me com tão grande misericórdia as injúrias que Vos fiz. Vós sois o meu tesouro, enriquecendo-me com tantas luzes e favores, em vez dos castigos de que era digno. Vós sois a minha esperança, visto que fora de Vós não há de quem possa esperar algum bem. Vós sois meu verdadeiro e único amante, pois que por meu amor quisestes morrer. Numa palavra, Vós sois meu Deus, meu Bem supremo, meu tudo.

Ó homens, ó homens, amemos Jesus Cristo, amemos um Deus que se sacrificou todo pelo nosso amor. Sacrificou as honras às quais tinha direito na terra; sacrificou todas as riquezas e delícias de que podia gozar, e contentou-se com levar uma vida humilde, pobre e atribulada; finalmente, para satisfazer pelas suas penas por nossos pecados, quis sacrificar todo o seu sangue e a vida, morrendo num oceano de dores e de desprezos. Retribuamos-Lhe amor com amor.

II. Meu filho, diz o Redentor, do alto da cruz, a cada um de nós, — meu filho, que mais podia fazer para ser amado por ti, do que por ti morrer? Vê se há no mundo alguém que te tenha amado mais do que eu, teu Senhor e teu Deus? Ama-me, pois, ao menos em retribuição do amor que te mostrei.

Ah, meu Jesus, como posso lembrar-me que meus pecados Vos fizeram morrer de dor sobre um infame patíbulo e não chorar sempre de dor por haver desprezado assim o vosso amor? E como posso ver-Vos pendurado nesse madeiro por meu amor e não Vos amar com todas as minhas forças? Cristo morreu por todos, para que também os que vivem já não vivam para si, mas para aquele que morreu por eles e ressuscitou. Mas, já que Vós morrestes por nós todos, a fim de que ninguém mais viva para si mesmo, como é possível que eu, em vez de viver somente para Vos amar e glorificar, tenha vivido unicamente para Vos afligir e desonrar?

Por piedade, ó meu Senhor crucificado, esquecei-Vos das amarguras que Vos tenho causado e de que me arrependo com sincero coração, e pela vossa graça atraí-me todo a vosso amor. Já não quero mais viver para mim mesmo, mas unicamente para Vós, que me haveis amado tanto e sois tão digno de ser amado. Eu Vos consagro toda a minha pessoa e tudo o que é meu, sem reserva alguma. Renuncio a todas as dignidades e prazeres da terra, e me ofereço para sofrer tudo o que for da vossa vontade. Vós que me inspirastes este bom querer, concedei-me também a força para o executar. — Ó Cordeiro de Deus, sacrificado sobre a cruz, ó vítima de amor, ó Deus tão amante dos homens, quem me dera morrer por Vós como Vós morrestes por mim! — Ó Mãe de Deus, Maria, obtende-me a graça de sacrificar ao amor de vosso Filho amabilíssimo todo o resto de minha vida. Minha Mãe, impetrai-me também uma terna compaixão pelas vossas dores; a fim de que, tendo chorado convosco na terra, possa ir reinar convosco no céu.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 256-259)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.