Sábado da Sexta Semana que sobrou depois da Epifania

Maria Santíssima socorre os seus devotos no purgatório

Gyrum coeli circuivi sola, et profundum abyssi penetravi – “Eu só rodeei o giro do céu, e penetrei a profundidade do abismo” (Eclo 24, 8)

Sumário. Felizes de nós se formos devotos da Santíssima Virgem! Ela não só nos socorrerá na nossa vida, mas também depois da morte, aliviando-nos e mesmo livrando-nos do purgatório. Oh, quantas almas subiram diretamente ao céu pela intercessão de Maria! Procuremos, pois, crescer sempre no amor desta querida Mãe, e aos outros obséquios que em sua honra praticamos, ajuntemos mais este: de orar pelas almas que penam no purgatório, porque, sendo elas esposas de Jesus Cristo, são também filhas de Maria.

I. Muitos ditosos são os devotos desta piedosíssima Mãe, porque são por ela socorridos não só neste mundo, mas também no purgatório são assistidos e consolados com a sua proteção. E porque as almas do purgatório têm mais necessidade de alívio, pelo muito que estão padecendo, sem poderem socorrer-se por si mesmas, Nossa Senhora muito mais se empenha em socorrê-las ali. — Diz São Bernardino de Sena que Maria Santíssima tem naquele cárcere das almas esposas de Jesus Cristo um certo domínio e pleno poder. E São Boaventura, aplicando-lhe esta passagem do Eclesiástico: Profundum abyssi penetravi — “Penetrei as profundidades do abismo” , chega a dizer que nossa piedosa Mãe não se despreza de entrar algumas vezes naquela santa prisão, para visitar e consolar suas aflitas filhas com a sua doce presença.

Mas a Santíssima Virgem não só favorece e consola os seus devotos no purgatório, como também dali os tira e livra com a sua intercessão. Referem abalizados autores que Maria, estando para ir ao paraíso, pediu e obteve de seu Filho a graça de levar consigo todas as almas que então se achavam no purgatório. E desde então, como afirmam Gerson, São Bernardino de Sena, São Pedro Damião e outros, a benigníssima Senhora tem o privilégio de livrar os seus devotos daquelas penas; e todos os anos, no dia da sua Assunção, bem como nas festividades do Nascimento e da Ressurreição de Jesus Cristo, Maria desce para este fim ao purgatório, acompanhada de legiões de anjos.

Bem sabida é a promessa que Maria Santíssima fez a todos aqueles que trouxessem o escapulário do Carmo: que no sábado depois da sua morte seriam livrados daquele cárcere penosíssimo. — Vede, pois, quanta razão tem a Igreja em dar à Santíssima Virgem o belo título de Nossa Senhora do Sufrágio.

II. É certo que havemos de morrer um dia, e talvez mais cedo do que imaginamos. Se desejamos ser socorridos, visitados e livrados pela Santíssima Virgem, quando estivermos no purgatório, sejamos-lhe agora muito devotos. Se com amor especial a servirmos, poderemos também esperar a graça de irmos logo ao céu sem passarmos pelo purgatório.

Esforcemo-nos, pois, por aumentarmos sempre a nossa devoção para com a nossa misericordiosíssima Rainha; e aos obséquios que já praticamos em sua honra, ajuntemos mais este: o de sufragarmos sempre, mas especialmente neste mês, as almas benditas, esposas de Jesus Cristo e filhas de Maria. A divina Mãe assegura-nos que, à semelhança de seu divino Filho, nos tratará da mesma maneira como nós tratamos o nosso próximo: Eadem mensura, qua mensi fueritis, remetietur vobis (1) — “Com a mesma medida com que tiverdes medido, se vos há de medir a vós” .

Ó Rainha de misericórdia e Mãe do Sufrágio, Maria, eu, pobre pecador, movido pela compaixão dessas vossas diletas filhas que penam no purgatório, ofereço-vos espontaneamente e deposito nas vossas mãos todas as obras satisfatórias que tenho feito e que ainda fizer durante a minha vida, bem como os sufrágios que possa receber depois da minha morte. Minha Mãe, quero que vós as apliqueis às almas santas, e especialmente àquelas que em vida se distinguiram pela sua devoção para convosco. Considerando, porém, o meu nada, peço-vos que pela vossa valiosa intercessão deis mais eficácia à minha pobre oferta, e, a favor daqueles infelizes, ofereçais ao Pai Eterno os merecimentos da Paixão de Jesus Cristo e das vossas dores. † Ó Maria, Mãe de Deus e Mãe de misericórdia, rogai por nós e pelos defuntos (2) — “Ó Deus onipotente, concedei que, pela intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria, as almas dos fiéis obtenham a remissão das suas penas, e eu alcance os dons da vossa graça e os prêmios da vida eterna.” (3)

Referências:

(1) Lc 6, 38 (2) Indulg. de 100 dias. (3) Or. Eccl.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 314-316)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.