01 de Maio

Festa dos Apóstolos São Filipe e São Tiago

Dicit ei Philippus: Domine, ostende nobis Patrem, et sufficit nobis — ”Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos a Pai, e isso nos basta” (Jo 14, 8)

Sumário. Se foi grande a graça que o Senhor deu a estes seus discípulos, sublimando-os ao ministério do apostolado, eles por sua vez corresponderam-lhe exatamente. Durante toda a sua vida trabalharam pela glória de Deus e salvação do próximo, e afinal selaram a sua pregação com o martírio. Regozijemo-nos com os santos apóstolos, demos graças a Deus em nome deles e vejamos se e como os temos imitado na correspondência aos favores divinos.

I. Considera como São Filipe foi um dos primeiros que Jesus Cristo chamou em seu seguimento. Diz São João Crisóstomo que, já antes de ser chamado ao apostolado, era venerado de todos pela santidade da sua vida. Meditava continuamente nas Escrituras Sagradas, e com sentimentos de devoção sincera esperava o Messias, que havia de ser o Redentor de Israel. Feito apóstolo, trabalhou com tão grande zelo na pregação das glórias do seu divino Mestre, que bem se pode dizer que neste ponto se avantajou aos outros. Com efeito, foi São Filipe o discípulo fiel, que, pressuroso por dar ao Senhor uma prova do seu afeto, o fez conhecer a Natanael, quando ele mesmo acabava apenas de o conhecer (1).

Para fazeres ideia da familiaridade com que o tratou o Redentor, basta que reflitas no seguinte: Querendo Jesus fazer o milagre da multiplicação dos pães, perguntou-lhe, como que de gracejo, onde se poderia conseguir bastante pão para tantas pessoas (2). Além disso, na despedida que o Salvador fez dos apóstolos na véspera da sua Paixão, quando tinha falado sobre o seu Pai divino, o santo tomou a liberdade de pedir ao Senhor que lhes mostrasse o Pai, por ser isso o desejo de todos. E Jesus respondeu: Qui videt me, videt et Patrem meum (3) — “Filipe, quem me vê a mim, vê também o Pai”.

Depois da vinda do Espírito Santo, São Filipe foi pregar o Evangelho na Frígia, converteu grande número de infiéis, e afinal, teve a glória de ser açoitado e crucificado, e apedrejado ainda sobre a cruz, por amor de seu divino Mestre. Regozija-te com o santo, mas procura também imitar-lhe os exemplos, fazendo o que puderes, para que Deus seja amado e servido por todos.

II. Igual ao zelo de São Filipe foi o do apóstolo São Tiago Menor, chamado na sagrada Escritura irmão do Senhor, quer dizer seu parente próximo. A exemplo de Jesus Cristo, que coepit facere et docere — “começou a fazer e a ensinar” (4), ele se preparou para o apostolado pela prática das mais belas virtudes. “A sua vida”, diz São Jerônimo, “não foi senão um jejum prolongado”: abstinha-se do uso de carne e vinho, andava sempre de pés descalços e vivia de um modo tão austero, que, na palavra de São João Crisóstomo, parecia-se mais com um esqueleto do que com um homem vivo.

A sua piedade estava a par da sua mortificação. Basta dizer que ele granjeou tão alta estima, que era cognominado o Justo, e os homens procuravam à porfia tocar-lhe a orla dos vestidos. Era tão contínua a sua oração no templo, que lhe calejaram os joelhos igual pele de camelo. Depois da ascensão do Senhor, São Tiago foi feito bispo de Jerusalém e incumbido da conversão tão difícil dos judeus, dos quais converteu tão grande número, que se fundou ali uma Cristandade muito florescente.

Movidos de despeito, os escribas e fariseus primeiro acometeram-no com pedras e depois precipitaram-no do alto do templo. O santo não morreu logo, mas, pisado pelo corpo todo, levantou as mãos ao céu, rogando pelos seus algozes e repetindo as palavras com que seu divino Parente orou sobre a cruz: Ignosce eis, Domine, quia nesciunt quid faciunt (5) — “Perdoa-lhes, Senhor, pois não sabem o que fazem”.

Regozija-te com o santo apóstolo e dá graças a Deus pelos favores a ele concedidos. Mas ao mesmo tempo examina a tua consciência e vê se em tua alma há virtudes iguais às do santo. Não seja porventura que em vez de edificar ao próximo, o escandalizes com teu modo de viver tíbio e relaxado!

“Ó Deus, que nos alegrais com a festa anual de vossos apóstolos Filipe e Tiago: concedei-me que, celebrando seus méritos, imite seus exemplos” (6). Fazei-o pelo amor de Jesus Cristo e pela intercessão de Maria Santíssima.

Referências: (1) Jo 1, 45. (2) Jo 6, 5. (3) Jo 14, 9. (4) At 1, 1. (5) Lect. II Noct. (6) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 328-330)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.