07 de Agosto

Festa de São Caetano

Quaerite primum regnum Dei et iustitiam eius; et haec omnia adicientur vobis — “Buscai primeiramente o reino de Deus e a sua justiça; e todas estas coisas se vos acrescentarão” (Mt 6, 33)

Sumário. Posto que este santo fosse heroico em todas as virtudes, a virtude nele característica foi a sua inalterável confiança em Deus, entregando a sua pessoa e a Ordem por ele fundada inteiramente à divina Providência. À imitação do santo, expulsemos de nosso coração a solicitude pelos bens temporais e busquemos primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça; estejamos certos de que o Pai celestial proverá a todas a nossas necessidades. Quando jamais se ouviu dizer que alguém tivesse posto a sua confiança no Senhor e ficasse confundido?

I. Considera as belas virtudes que adornaram a vida deste grande santo. Teve ele a ventura de receber uma educação verdadeiramente cristã, particularmente pelos cuidados da mãe, que consagrou seu filho recém-nascido à Bem-aventurada Virgem e depois lhe lembrou reiteradamente a obrigação de a imitar. E o menino correspondeu tão bem a estas lições salutares, que durante toda a vida ficou devotíssimo de Maria Santíssima, e desde então o seu único divertimento era entregar-se a exercícios de sólida piedade. Feito moço, desprezando as vaidades do mundo, abraçou o estado eclesiástico, no qual fez tão grandes progressos na virtude, que o Sumo Pontífice o chamou à sua corte, onde viveu em grande humildade e conservou intacta a açucena da pureza virginal.

Com que sentimentos recebeu Caetano a dignidade sacerdotal, com que humildade celebrava o sacrifício divino, pode-se deduzir do que ele escreveu a uma religiosa sua parenta:

“Eu, verme miserável, eu lodo da terra, atrevo-me, entre legiões de anjos, a tocar com as minhas mãos no Criador do mundo… Ó suprema cegueira minha! Cada dia recebo aquele que diz: Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e não deponho o meu orgulho. … Arde nas minhas mãos e nos meus lábios aquele fogo divino que diz: Eu vim abrasar a terra, e, todavia, meu peito fica frio como o gelo”

Era tão fervoroso Caetano no espírito de oração, que orava quase continuamente. Pelo que, na noite do Natal, enquanto estava na capela do Presépio em Santa Maria Maior de Roma, mereceu, numa visão celeste, receber das mãos da Santíssima Virgem o Menino Jesus. Rejubilando- te com o santo, compara a tua vida com a sua, põe as tuas virtudes em confronto com as do santo, e propõe emendar-te nos pontos em que faltaste.

II. Considera as outras virtudes que ornaram a vida de São Caetano. Distinguiu-se no desapego das dignidades e dos bens terrestres, porque resignou a prelatura, as comodidades e o ofício lucrativo da corte romana, para abraçar uma vida humilde, pobre e penitente. Distinguiu-se na caridade para com o próximo, porque à sua própria custa fundou hospitais e socorria toda espécie de necessitados. Distinguiu-se no zelo apostólico, pois converteu tão grande número de pecadores, que foi cognominado caçador de almas. Distinguiu-se, por fim, na paciência, sofrendo com admirável tranquilidade de alma as perseguições, as brutalidades, os maus tratos e os cárceres.

A virtude característica, porém, deste santo foi a sua inalterável confiança em Deus; foi ela que o moveu a fundar uma Ordem, que não só não teria bens nem rendimentos, mas proibia mesmo a mendicância, obrigando assim os religiosos ao abandono à divina Providência. Regozija-te novamente com o santo, examina-te mais uma vez e mira-te na sua vida. Vê se não cuidas demasiado das coisas temporais, e lembra-te do que diz Jesus Cristo no Evangelho de hoje:

“Não vos aflijais, dizendo: Que comeremos, que beberemos, ou com que nos cobriremos? Porque os gentios é que põem as vistas sobre todas estas coisas. Vosso Pai sabe que precisais de todas elas. Buscai, pois, primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça: e todas estas coisas se vos acrescentarão”

A fim de que tenhas força para imitar a São Caetano, recomenda-te a Deus pelos próprios merecimentos do santo.

“Ó Deus, que concedestes a São Caetano a graça de imitar a vida dos apóstolos, concedei-me propício que, à imitação e exemplo do santo, ponha eu sempre em Vós as minhas esperanças e suspire tão somente pelos bens celestiais” (1). Fazei-o pelo amor de Jesus Cristo, vosso divino Filho, e de Maria Santíssima, minha amada Mãe.

Referência: (1) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 345-347)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.