15 de Setembro

Festa das Dores de Maria Santíssima

Compatimur ut et glorificemur — “Padecemos com ela para sermos também com ela glorificados” (cf. Rm 8, 17)

Sumário. Ó! Como aprouve a Deus glorificar já nesta terra as dores da Santíssima Virgem! Primeiro deu-lhe assim ocasião para patentear as suas belas virtudes, e especialmente a sua caridade para com Deus e o próximo. Em segundo lugar fê-la merecer o título glorioso de Rainha dos Mártires. Finalmente, foi pelas suas dores que Maria se tornou Mãe de todos os fiéis e Co-redentora do gênero humano. Se nos quisermos mostrar seus dignos filhos, alegremo-nos com a nossa boa Mãe e esforcemo-nos por a imitarmos, carregando com paciência as nossas cruzes. Assim virá também para nós o dia em que seremos glorificados com ela no céu.

I. Consideremos o modo admirável de que o Senhor glorificou já nesta terra à Santíssima Virgem, por se ter associado voluntariamente à Paixão do seu divino Filho. Primeiro, forneceu-lhe assim a ocasião para patentear ao mundo as suas sublimes virtudes, especialmente a sua ardente caridade para com Deus e o próximo. Com efeito, sendo o sofrer pela pessoa amada a prova mais patente do amor, e tendo Maria sofrido mais do que outro qualquer, pelo amor de Jesus Cristo e dos homens, provou igualmente que mais do que nenhum outro amava estes dois objetos tão caros ao seu Coração.

Em segundo lugar, em recompensa pelo martírio indizível que a Virgem sofreu no Coração, comunicou-lhe Deus o título glorioso de Rainha dos Mártires; assim como deu a seu Filho o título de Rei das Dores, em recompensa dos tormentos inexprimíveis sofridos no corpo.

Finalmente, assim como Jesus Cristo se tornou o nosso Redentor, por nos ter remido da escravidão do demônio pelos merecimentos da sua Paixão, também Maria, porque uniu voluntariamente as suas penas com as do Filho, e pelos merecimentos das suas dores, coadjuvou a causa da nossa salvação, tornou-se Co-redentora do gênero humano. É exatamente o que Jesus Cristo declarou do alto da cruz, depositando nas mãos dela, como diz São Bernardo, todo o preço da Redenção, e proclamando-a Mãe de todos os fiéis na pessoa de João:

Mulier, ecce filius tuus (1) — “Mulher, eis aí teu filho”.

Também nós temos a dita de ser filhos desta grande Mãe; e por isso, alegremo-nos com ela pela glorificação das suas dores e sejamos-lhe sempre devotos, reconhecendo-a como criatura mais abrasada em amor e como verdadeira Rainha dos Mártires e Co-redentora do mundo.

II. Sendo esta terra um lugar de merecimentos, é chamada com razão vale de lágrimas; pois que todos somos destinados a sofrer. O merecimento, porém, não consiste somente em sofrermos, mas em sofrermos com paciência e conformidade com a vontade divina. São João viu todos os santos com palmas, símbolo do martírio, nas mãos: Vidi turbam magnam… et palmae in manibus eorum (2). Desta forma insinua que todos os adultos que venham a salvar- se, devem ser mártires, quer pelo sangue, quer pela paciência.

Nós também, como observa São Gregório, podemos, assim como a divina Mãe, ser mártires sem o ferro do algoz, praticando a virtude de paciência. Se, pois, oferecermos a Deus, pela conversão dos pecadores, as penas que forçosamente havemos de sofrer, e se sofrermos essas penas exatamente com a intenção de cooperarmos para esta conversão, então, na palavra de Pedro de Blois, seremos também de alguma sorte co-redentores.

Como fruto desta meditação, abracemos com resignação e pelo amor de Deus todas as tribulações que nos possam vir durante o dia, especialmente as enfermidades, as perseguições, as injúrias, os desprezos. E quando sentirmos o peso das cruzes, olhemos para a Rainha dos Mártires, e pensando na sua glorificação, digamos: Padecemos com Maria para também sermos com Maria glorificados.

Ó Mãe das Dores, proponho imitar as vossas virtudes, e especialmente a vossa paciência; ajudai-me a ser-vos fiel.

“E Vós, o meu Jesus, sede me propício, e concedei-me a graça de experimentar o feliz efeito da vossa Paixão, na qual, como o havia profetizado Simeão, uma espada de dor traspassou a alma tão terna da gloriosa Virgem Maria, vossa Mãe, cujas dores celebramos e honramos” (3).

Referências: (1) Jo 19, 26. (2) Ap 7, 9. (3) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 363-365)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.