07 de Outubro

Solenidade do Santíssimo Rosário

Quasi rosa, plantata super rivos aquarum, fructificate — “Frutificai como rosal plantado sobre as correntes das águas” (Eclo 39, 17)

Sumário. O santíssimo Rosário merece ser rezado com respeito e atenção, pois é uma devoção sublime e excelente sob todos os pontos de vista. Foi aprovada pela Igreja, enriquecida de indulgências pelos Sumos Pontífices, e glorificada por Deus com milagres estupendos. Por outro lado este saltério celeste, em razão das orações que o compõem, encerra tudo o que há de mais belo na Igreja católica. Em que estima tens tão precioso tesouro? Como é que costumas rezar o Rosário?

I. Considera a excelência da devoção do santíssimo Rosário. Já se sabe que foi revelada a São Domingos pela divina Mãe, na ocasião em que, estando aflito o santo e lamentando-se, com Nossa Senhora, dos grandes danos que naquele tempo faziam à Igreja os hereges albigenses, a Virgem lhe disse:

“Este terreno será sempre estéril, enquanto sobre ele não cair a chuva”

Entendeu então São Domingos que esta chuva era a devoção do Rosário que ele devia publicar. Com efeito, o santo foi logo pregando por toda a parte, e esta devoção veio a ser abraçada por todos os católicos; de tal maneira, que presentemente não há devoção mais praticada por todas as classes dos fiéis do que a do santíssimo Rosário.

Que não têm dito os hereges para desacreditar este uso? Mas, para nos persuadirmos da sua impiedade, basta sabermos que esta devoção foi aprovada pela Igreja, que a honrou com a instituição de uma solenidade especial; os Sumos Pontífices enriqueceram-na de indulgências, e Deus a glorificou por milagres estupendos. Por outra parte, é conhecido o grande bem que ao mundo tem resultado desta nobre devoção. Quantos por meio dela têm sido livres dos pecados? Quantos conduzidos a uma vida santa? Quantos têm obtido uma boa morte e hoje estão salvos? O próprio demônio, obrigado a isso por São Domingos, declarou pela boca de um possesso, que não se condenou nenhum daqueles que até a morte perseveraram em rezar devotamente o Rosário.

Nem isso nos pode admirar; porquanto, sendo este saltério celeste composto da contemplação dos mistérios, da Oração dominical e da Saudação Angélica, encerra em si tudo que há de mais sublime na Igreja católica. Examina-te aqui sobre se tens o santíssimo Rosário na devida estima, já que é uma devoção tão exímia sob todos os pontos de vista.

II. Para compreendermos quanto agrada à Santíssima Virgem a devoção do santo Rosário, basta refletirmos nas belas promessas por ela feitas àquele que constantemente reza o Rosário. “ A todos os ”, disse Nossa Senhora ao Bem-aventurado Alano, “ que recitarem o meu saltério, prometo a minha proteção especialíssima. O Rosário será para todos um penhor seguro da sua predestinação à glória, porquanto é uma arma poderosíssima contra o inferno para extirpar os vícios, dissipar o pecado e vencer as heresias ”.

“Aquele que recitar devotamente o santo Rosário, não será oprimido pelas desgraças, não morrerá de morte imprevista, sem sacramentos; mas converter-se-á, se for pecador; crescerá na graça, se for justo, e será feito digno da vida eterna. Os que na terra se esmerarem em propagá-lo, serão por mim assistidos em todas a suas necessidades”.

O fruto desta consideração será que rezaremos frequentemente o santo Rosário, e o rezaremos devotamente, com a coroa benta na mão, acompanhando-o da contemplação dos mistérios, e pondo-nos, sendo possível, diante de uma imagem de Maria. Considerando também de uma parte as perseguições de que é alvo a Igreja católica, e da outra a confiança esclarecida que os Sumos Pontífices põem nesta arma poderosíssima, rezemos muitas vezes o saltério celeste para que seja acelerado o triunfo da Igreja.

Ó Virgem gloriosa, Rainha do santíssimo Rosário, congratulo-me convosco pela homenagem que no mundo inteiro vos tributam tantas confraternidades que se gloriam de vosso venerável Nome. Prostrado diante do vosso trono, rogo-vos que lanceis um olhar benigno sobre a herança que Jesus Cristo adquiriu com o seu sangue, e renoveis em seu favor um daqueles prodígios que vos mereceram o título de Rainha das Vitórias. Igualmente vos rogo, ó minha Mãe, que me permitais unir-me hoje e sempre a tantos confrades, vossos filhos diletos, e vos saúde sempre com a saudação angélica: Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco (1).

“Ó Deus, cujo Filho unigênito pela sua vida, morte e ressurreição nos mereceu os prêmios da salvação eterna, concedei-me propício, que contemplando estes mistérios no santíssimo Rosário da Bem-aventurada Virgem Maria, possa imitar o que eles contêm e conseguir o que prometem. Pelo mesmo Jesus Cristo, nosso Senhor” (2).

Referências: (1) Lc 1, 28. (2) Or. festi.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Duodécima semana depois de Pentecostes até ao fim do ano Eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 374-377)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.