1ª Sexta-feira de Fevereiro

Recompensa da devoção ao Sagrado Coração: a Perseverança

Neque creatura alia poterit nos separare a caritate Dei – “Nenhuma criatura nos poderá separar do amor de Deus” (Rm 8, 39)

Sumário. Pode-se dizer que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é um penhor e sinal de predestinação, porque este Coração é o coração mais amante, mais reconhecido, mais misericordioso, mais desejoso da nossa salvação. É um Coração divino, criado de propósito para nos amar e ser amado por nós. Se os corações que se amam, buscam unir-se para não se separarem mais, o Coração de Jesus deve desejar imensamente unir-se às almas de uma maneira inseparável no céu.

I. Pode-se dizer sem exageração que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus é um penhor e sinal de predestinação. É evidente que este Coração é o coração mais amante: é todo amor para nós . O divino Salvador ama todos os homens, pois deu a sua vida por todos eles sem exceção; mas “Ama com afeto especial aqueles que O amam” — Ego diligentes me diligo (1). Que belo testemunho de amor é a devoção ao Sagrado Coração, que não é outra coisa senão um exercício de amor. Ora, se os corações que se amam, buscam unir-se para não se separarem mais, o Coração de Jesus deve desejar imensamente unir-se às almas de uma maneira inseparável, pela união perfeita e eterna do paraíso.

Demais, o Coração de Jesus é de tal modo reconhecido, que não pode deixar sem recompensa um copo de água fria dado por seu amor. Como poderia abandonar, na última hora, a quem o honrou por tantas orações, comunhões, boas obras feitas na intenção de Lhe agradar? Santo Hilarião, chegada a hora da morte, animava-se dizendo:

“Minha alma, que temes? Não serviste a Jesus Cristo durante setenta anos? Seu Coração, que é tão reconhecido, poderia te abandonar agora que tens tanta necessidade do seu socorro?”

Deveríamos, porventura, temer por causa dos nossos pecados passados? Mas temos de tratar com um Deus cujo Coração é tão misericordioso, que mais ardentemente deseja nos conceder o perdão dos nossos pecados, do que nós obtê-lo, segundo diz São João Crisóstomo. “Ele se gloria de usar misericórdia com os culpados”, diz o profeta (2) — Expectat Dominus, ut misereatur vestri , e perdoa-lhes, apenas lhe pedem perdão. Pois bem! Este Deus cheio de clemência, a quem fará misericórdia senão àqueles que tiverem honrado durante a vida o seu Coração, infinitamente misericordioso, e lhe tiverem oferecido tantos atos de reparação, tantas generosas satisfações, pelos seus próprios pecados e pelos dos outros?

II. Quão própria é a devoção ao Sagrado Coração para nos tranquilizar com relação ao Juízo. Porquanto, quem será o nosso Juiz? Consolemo-nos:

“A nosso Redentor mesmo é que o Padre Eterno confiou o poder de nos julgar” — Omne iudicium dedit Filio (3)

Também São Paulo nos anima dizendo: Quem é que vos condenará? É o mesmo Salvador que, para não nos condenar à morte eterna, condenou-se a si mesmo à morte por nós, e, não contente deste imenso benefício, continua ainda a interceder por nós no céu junto de Deus, seu Pai (4). Oh! Que sinal de predestinação é a devoção ao Sagrado Coração! Oh! Quão doce é morrer depois de ter sido discípulo fiel do Coração de Jesus.

Ah! Meu Jesus, quando virá o dia em que poderei dizer: Meu Deus, não posso mais Vos perder? Quando vos verei face a face e estarei certo de Vos amar com todas as minhas forças durante toda a eternidade? Ó meu Bem supremo, meu único amor, enquanto eu viver cá na terra, estarei sempre em perigo de Vos ofender e perder a vossa amável graça! Houve um triste tempo em que eu não Vos amava, em que desprezava o vosso amor, agora arrependo-me de toda a minha alma e confio que já me haveis perdoado; amo-Vos de todo o meu coração, desejo fazer tudo o que posso, para Vos amar e Vos agradar. Contudo, estou sempre exposto ao perigo de Vos recusar o meu amor e afligir o vosso divino Coração que tanto amor me tem.

Ah! Meu Jesus, vida e tesouro da minha alma, não o permitais. Se esta desgraça extrema tivesse de me suceder, fazei antes que eu morra neste momento do modo mais doloroso; eu o aceito e Vos darei as graças por isto. Eterno Pai, pelo amor de Jesus Cristo e pelos merecimentos do seu divino Coração, não me desampareis no meio dos perigos que me cercam. Castigai-me quanto quiserdes, mas preservai-me da desgraça de perder o vosso amor. Maria, minha boa Mãe, obtende-me do Coração tão generoso do vosso Filho a perseverança na sua amizade.

Referências: (1) Pv 8, 17 (2) Is 30, 18 (3) Jo 5, 22 (4) Rm 8, 34

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 462-464)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.