1ª Sexta-feira de Março

Meio de nos unirmos ao Sagrado Coração: a Boa Intenção

Oculi eius sine intermissione inspicientes in viis eorum – “Os seus olhos se aplicam sem intermissão a considerar os seus caminhos” (Eclo 17, 16)

Sumário. A boa intenção é tão agradável a Jesus Cristo, que tem o poder de nos introduzir no seu Coração. Feliz aquele que se serve dela para ir habitar nesta morada de amor! Todas as obras exteriores que não procedem do coração e não são acompanhadas de boa intenção, não têm valor algum diante de Deus. Toda a glória de uma alma consiste em ser inteiramente unida pelo Coração de Jesus.

I. A boa intenção é tão agradável a Jesus Cristo, que tem o poder de nos introduzir no seu Coração. Feliz aquele que se serve dela para ir habitar nesta morada de amor! Quando Deus criou os nossos primeiros pais, Adão e Eva, não pôs os olhos sobre as suas mãos, mas sobre os seus corações, diz o Eclesiástico: Posuit oculum suum super corda illorum (1). Porque todas as obras exteriores que não procedem do coração e não são acompanhadas de boa intenção, não têm valor algum diante de Deus. Toda a glória de uma alma consiste em ser inteiramente unida pelo Coração de Jesus.

A nossa intenção nos atos de virtude, pode ser boa de três maneiras. A primeira, quando os fazemos para obter de Deus os bens temporais ; esta intenção é boa, contanto que seja acompanhada de resignação à vontade de Deus; mas é pouco perfeita, porque o seu objeto não passa a terra. A segunda, quando os fazemos para satisfazer à justiça divina e diminuir as penas que merecem as nossas faltas, ou para obtermos de Deus os bens espirituais, como as virtudes, os merecimentos, a maior glória no paraíso ; esta intenção é muito melhor do que a primeira. A terceira é a mais perfeita: é quando, em nossas ações, só temos em vista o beneplácito de Deus e o cumprimento da sua santa vontade . Esta intenção é também a mais meritória; porque, quanto mais nos esquecemos no bem que fazemos, mais o Senhor se lembrará de nós e nos encherá de graças, como disse um dia a Santa Catarina de Sena:

Minha filha, pensa em mim e eu pensarei em ti.

Estas palavras significam: pensa unicamente em me agradar, e eu cuidarei dos teus progressos na virtude, da tua perfeição e da tua glória no céu. Eis aqui justamente o que dizia a Esposa sagrada:

Eu sou para o meu amado, e o seu coração se volta para mim (2)

II. Pela boa intenção imitamos o amor dos Bem-aventurados, cuja felicidade consiste toda em agradar a Deus, porque eles se regozijam mais da felicidade de Deus que da deles próprios, e assim entram na alegria do seu Senhor (3), como se lê na Escritura. – A nossa intenção nos introduza, pois, no Coração de Jesus; aí é que iremos achar a alegria mais verdadeira que se pode gozar neste mundo. O olhar que fere o Coração do Esposo divino (4) e o inflama de amor, não é senão a intenção de agradar a Deus em tudo o que se faz.

Meu Deus, eu sou a árvore estéril de que fala o Evangelho; desde muito tempo mereço ouvir a sentença pronunciada contra ela: Cortai esta planta, lançai-a no fogo; para que deixa-la ocupar inutilmente o lugar? (5) Desgraçado de mim! Há tantos anos que me favoreceis com graças imensas para me santificar, e até o presente, Senhor, que frutos recebestes de mim? Mas Vós não quereis que eu desespere, que eu cesse de ter confiança no vosso Coração infinitamente misericordioso. Não dissestes: Pedi e recebereis? Pois sim! Como quereis que Vos peça graças, a primeira que solicito é o perdão de todas as minhas faltas; delas me arrependo do fundo da alma, vendo que feri o vosso Coração tão amante e benfazejo, por tantas ofensas e ingratidões. A segunda graça que peço, é o dom do vosso amor; possa eu Vos amar d’ora em diante, não com a frieza que Vos testemunhei no passado, mas de todo o meu coração, evitando dar-Vos o menor desgostos, e fazendo tudo o que Vos for agradável. Vós me quereis todo para Vós, para poderdes me estreitar mais ternamente sobre o vosso Coração: eis-me aqui pronto para Vos pertencer. Ó Coração de meu Jesus, tão cheio de generosidade e ternura, eu sou vosso e espero que sereis a minha recompensa durante toda a eternidade.

– Ó Maria, minha Mãe, uni-me ao Coração de vosso divino Filho, e obtende-me a graça de o amar sempre.

Referências: (1) Eclo 17, 7 (2) Ct 7, 10 (3) Mt 25, 21 (4) Ct 4, 9 (5) Lc 13, 7

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 465-467)

Nos ajude a alcançar mais fiéis compartilhando nas suas redes:
Facebook
Twitter
LinkedIn

Quer rezar conosco todos os dias?

Criamos uma rotina diária para ajudar na prática da oração. Enviaremos meditações, novenas, orações e devoções para te ajudar a estar com o Senhor ao longo do dia. Todos os dias!

Junte-se ao nosso Grupo no Telegram e caminhemos juntos na fé e na oração diária:

1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.