25 de Fevereiro

Motivos para Esperar em Jesus Cristo

Sic Deus dilexit mundum, ut Filium suum unigenitum daret – “Tanto amou Deus o mundo, que lhe deu seu Filho unigênito” (Jo 3, 16)

Sumário. O Pai Eterno, dando-nos seu Filho por Redentor, vítima e preço de nosso resgate, não pôde dar-nos motivos mais poderosos de confiança e de amor. Aproveitemo-nos de tão grande dom e recorramos a Jesus em todas as necessidades, lembrando-nos de que Ele é nossa sabedoria, para trilharmos o caminho da salvação; nossa justiça, para aspirarmos ao paraíso; nossa santificação, para obtermos a santidade; finalmente, nossa redenção, para alcançarmos a liberdade dos filhos de Deus.

I. Considera que o Eterno Pai, dando-nos o Filho por Redentor, vítima e preço de nosso resgate, não nos pode dar motivos mais poderosos de confiança e de amor. Tendo-nos dado Seu Filho, não tem mais nada que nos dar, diz Santo Agostinho. Quer o Pai que nos aproveitemos deste seu dom imenso, para alcançarmos a salvação eterna e todas as graças de que necessitamos. Em Jesus achamos tudo que podemos desejar; nEle achamos luz, fortaleza, paz, confiança, amor e a glória eterna, porquanto Jesus Cristo é um dom que encerra todos os dons que nos é lícito buscar e desejar: Quomodo non etiam cum illo omnia nobis donavit? (1). Depois que Deus nos deu Seu amado Unigênito, que é a fonte e o tesouro de todos os bens, como poderemos temer, diz São Paulo, que nos queira recusar alguma graça que lhe vamos pedir?

Christus Jesus factus est nobis sapientia a Deo, et iustitia, et sanctificatio et redemptio – “Jesus Cristo foi por Deus feito para nós sabedoria, justiça, santificação e redenção” (2). Deus no-lo deu, para que fosse nossa luz e sabedoria na ignorância e cegueira, para trilharmos o caminho da salvação. Aos réus do inferno deu-o como justiça afim de poderem aspirar ao paraíso; aos pecadores deu-o como santificação para alcançarem a santidade; e, finalmente, como éramos escravos do demônio, deu-no-lo como redenção para adquirirmos a liberdade dos filhos de Deus. – Numa palavra, diz o Apóstolo que por meio de Jesus Cristo fomos enriquecidos com todos os bens e graças, se os pedimos em virtude dos seus merecimentos: In omnibus divites facti estis; ita ut nihil vobis desit in ulla gratia – “Em todas as coisas fostes enriquecidos nele, de modo que nada vos falta em alguma graça” (3).

O dom que Deus fez do Seu Filho, é um dom feito a cada um de nós; pois que o deu de tal forma a cada um, como se fosse dado a este só. De modo que cada um de nós pode dizer: Jesus é todo meu; é meu o Seu Corpo, o Seu Sangue, é minha a Sua vida e a Sua morte; são meus os Seus padecimentos e méritos; – Por isso dizia São Paulo: Dilexit me, et tradidit semetipsum pro me – “Ele me amou e se entregou a si mesmo por mim” (4). Quem quer pode dizer o mesmo: o meu Redentor me amou, pelo amor que me teve, se deu todo a mim.

II. Ó Deus eterno, quem poderia fazer-me um dom de valor infinito a não ser Vós, que sois um Deus de amor infinito? Ó meu Criador, que mais podíeis fazer para excitar em nós a confiança na Vossa Misericórdia, e nos obrigar a Vos amar? Senhor, eu Vos paguei com ingratidão; mas Vós dissestes: Diligentibus Deum omnia cooperantur in bonum – “Para os que amam a Deus, tudo coopera para o bem” (5). Não quero, portanto, que o grande número e a enormidade de meus pecados me façam perder a confiança em Vossa bondade; quero que me sirvam para me humilhar mais, quando receba alguma afronta. É digno de outras humilhações e desprezos aquele que teve a ousadia de Vos ofender, ó Majestade infinita! Quero ainda que me sirvam para me resignar mais perfeitamente nas cruzes que me queirais enviar; para ser mais diligente em Vos servir e louvar, afim de compensar as injúrias que Vos fiz. Sempre terei diante dos olhos os desgostos que Vos causei, para louvar mais a Vossa Misericórdia, para me abrasar mais em Vosso amor, já que me viestes procurar, quando fugia de Vós, e me fizestes tanto bem, depois que Vos tinha ofendido tantas vezes.

Espero, Senhor, que já me haveis perdoado. Arrependo-me e quero sempre arrepender-me dos ultrajes que Vos fiz. Quero provar-Vos a minha gratidão, compensando pelo meu amor a minha ingratidão para conVosco. Vós, porém, deveis ajudar-me, e peço-Vos a graça de executar esta minha vontade. Para Vossa glória, fazei, ó meu Deus, que Vos ame muito um pecador que muito Vos ofendeu. Meu Deus, meu Deus, como poderei não Vos amar e tornar a me separar do Vosso amor?

– Ó Maria, minha Rainha, socorrei-me; conheceis a minha fraqueza. Fazei que me recomende a Vós cada vez que o demônio queira separar-me de Deus. Maria, minha Mãe, e minha esperança, ajudai-me.

Referências: (1) Rm 8, 32 (2) 1 Cor 1, 30 (3) 1 Cor 1, 5 e 7 (4) Gl 2, 20 (5) Rm 8, 28

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 467-469)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.