Mês de Março – Santo Afonso, modelo de Amor a Deus

Santo Afonso, modelo de Amor a Deus

Quis ergo nos separabit a caritate Christi? – “Quem nos separará do amor de Cristo?” (Rm, 8, 35)

Sumário. Desde a mais tenra idade o nosso Santo começou a amar a Deus. Sabendo que o pecado é o único mal contrario à bondade divina, teve-lhe sempre horror supremo, ainda que fosse somente venial ou leve. Este amor o excitou a abandonar o mundo, para se consagrar ao serviço divino, e todos os seus grandes empreendimentos foram outros tantos efeitos do seu amor. Nós nos gabamos de sermos filhos do santo Doutor; mas como é que até hoje o havemos imitado?… Esforcemo-nos ao menos por imitá-lo no futuro, empregando os meios de que ele se serviu.

I. Posto que Afonso se tenha distinguido em todas as virtudes, o amor para com Deus foi a sua virtude de predileção, como sendo a que excede em excelência e encerra todas as outras. — Desde a mais tenra idade começou a amar a Deus, e, quando jovem, aplicou-se especialmente a conhecer a santa vontade divina e a cumpri-la perfeitamente. A fim de oferecer a Deus um coração puro e sem mancha, guardou sempre a inocência batismal, e considerava o pecado como o único mal oposto à bondade divina:

“Eu quisera antes morrer”, dizia; “e ser queimado vivo, do que cometer um só pecado”.

E em outra ocasião:

“Antes me deixaria cortar a cabeça do que dizer refletidamente uma mentira”.

Com o crescer dos anos cresceu também em Afonso o seu amor a Deus, de forma que, se nas demais virtudes se mostrou sempre grande Santo, nesta foi um verdadeiro Serafim. Basta dizer que a chama dulcíssima do amor foi nele tão ardente, que só ao ouvir as palavras amor divino o semblante se lhe inflamava, parecia todo transfigurado e ficava muitas vezes em êxtase suspenso no ar. — O abandono completo do mundo; a vitória absoluta alcançada sobre a carne e o sangue; a vida pobre, mortificada, e desprezada que abraçou; numa palavra, tudo quanto o Santo fez ao serviço de Deus durante os seus noventa anos, tudo foi efeito do seu amor ardentíssimo para com Deus. — Pode-se, portanto, dizer dele o que ele mesmo escreveu de Santa Teresa: Toda a sua vida foi um ato continuo de amor, uma procura incessante do que era do agrado do seu Amado.

Os meios de que o Santo se serviu para acender em seu coração um fogo tão vivo, foram principalmente a oração contínua, a meditação da Paixão de Jesus Cristo, e a devoção ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima. — Ah! Se tu também te resolvesses a empregar estes meios, também tu havias de fazer progressos no amor de Deus, e não havias de ter pejo em te ver tão diferente do teu santo Pai.

II. Assim como o fogo material nunca fica concentrado, mas procura espalhar-se e dilatar-se para toda a parte; também o amor divino, que ardia no coração de Afonso, procurava expandir-se e comunicar-se a todos os corações. Nunca se cansava de falar de amor, não somente nas suas pregações, mas também nas conversas familiares. Tudo lhe servia de ocasião para falar em Deus e suas perfeições infinitas; especialmente na bondade divina, que merece a nossa gratidão amorosa.

— “Vê”, assim disse certo dia a um seu Congregado, “vê, como este cavalo nos serve e se cansa por um pouco de cevada. E nós, que fazemos para amar um Deus, que nos fez tão grandes benefícios?”

Numa palavra, todo o desejo, toda a alegria do nosso Santo era ver Jesus Cristo venerado e amado por todos. Ao contrario, não tinha para ele maior dor e tristeza do que em vê-Lo ultrajado e ofendido.

A fim de que, nem sequer depois da morte, deixasse de pregar ao mundo o amor a Deus, Afonso fundou com trabalhos imensos a sua Congregação, e, apesar das suas muitas ocupações, achou ainda tempo para escrever tantos livros, e em particular a Pratica do amor de Jesus Cristo, que tem por único fim acender o amor divino em todas as almas. — Para imitares mais facilmente o amor do santo Doutor, lê com frequência os seus livros; e para que o Santo te seja mais propicio, roga pelos missionários, seus filhos, a fim de que o Senhor conserve e aumente neles o espírito do Pai. Roga-lhe também por ti mesmo, que te comunique parte das chamas que lhe abrasaram e consumiram o coração.

Ó santo Serafim, que na terra ardestes em tão grande amor para com vosso e meu Deus, e agora no céu estais abrasado num fogo mais puro e mais ardente; vós que sempre desejastes vê-Lo amado de todos os homens; alcançai-me, eu vo-lo peço, uma centelha dessa chama sagrada, a fim de que me esqueça do mundo, das criaturas e de mim mesmo. Faça o amor que todos os meus pensamentos, desejos e afetos tenham por único fim, tanto na alegria como na tristeza, a execução fiel da vontade do Bem supremo, que merece infinitamente ser obedecido e amado. Ó meu Pai, fazei-o pelo amor que tivestes a Maria Santíssima, vossa e minha querida Mãe.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 487-490)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.