Continuação da explicação da Oração Dominical – Meditação Alternativa

Continuação da explicação da Oração Dominical

Panem nostrum quotidianum da nobis hodie — “O pão nosso de cada dia nos dai hoje” (Lc 11, 3)

Sumário. O divino Redentor, depois de nos ter feito cumprir as obrigações de bons filhos para com nosso Pai celestial, pela petição do que se refere à sua glória, faz-nos em seguida pedir as graças que dizem respeito a nós mesmos. Quer que peçamos ao Senhor, que nos dê cada dia o sustento do corpo e da alma, força para não sucumbirmos às tentações, e nos livre de toda a sorte de males. Ó sublimidade da Oração Dominical! Rezemo-la frequente e devotamente.

I. Depois de nos ter feito cumprir os deveres de bons filhos para com nosso Pai celestial, pedindo-lhe tudo que se refere à sua glória, o divino Redentor nos faz em seguida pedir no Pai nosso as graças que dizem respeito imediato a nós mesmos. Por isso manda que digamos: Panem nostrum quotidianum da nobis hodie — “O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Nesta quarta petição pedimos a Deus os bens temporais necessários para sustento da vida presente, os quais só de Deus devemos esperar.

Jesus diz: o pão nosso de cada dia, para nos ensinar que devemos pedir esses bens com moderação, assim como os pedia Salomão, dizendo: Senhor, dai-me somente o que for necessário para viver (1). Observa, porém, que em São Mateus em vez de o pão de cada dia, se lê: panem nostrum supersubstantialem da nobis hodie (2) — “Dai-nos hoje o nosso pão sobressubstancial”. Por este pão sobressubstancial se entende, conforme explica o Catecismo Romano, Jesus Cristo no Sacramento do altar, isto é, a santa comunhão. E se diz: dai-nos hoje, porque cada bom cristão deveria receber a santa comunhão cada dia, se não realmente, ao menos espiritualmente, como nos exorta o Concílio de Trento.

Para que sejamos dignos de tomar o Pão eucarístico, devemos estar isentos de pecados mortais, ou pelo menos, ter lavado nossa alma no Sangue do Cordeiro pelo sacramento da penitência. Pelo que se acrescenta: Perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. Acima se disse: dos pecados mortais; mas convém observar que quem comunga com afeto atual a algum pecado venial, já não comunga de todo dignamente, ao menos se quisesse comungar frequentemente. A razão disto é que também os pecados veniais desagradam muito ao Senhor, e esfriam a caridade, que é a vida da alma.

II. Et ne nos inducas in tentationem — “E não nos deixeis cair em tentação”. Como se deve entender isto? Porventura Deus nos tenta ao pecado e nos induz em tentação? Não, conforme a palavra de São Tiago: “Ninguém, quando é tentado, diga que é tentado por Deus; porque Deus não é tentador para coisas más, e Ele a ninguém tenta” — ipse autem neminem tentat (3). Nesta petição rogamos, pois, ao Senhor não permita sejamos expostos a ocasiões de pecado, nas quais o haveríamos de ofender. Pelo que devemos sempre orar, conforme a exortação de Jesus Cristo mesmo: Vigiai e orai, a fim de que não entreis em tentação (4), isto é, que não vos exponhais ao perigo de pecar. Repitamos muitas vezes: E não nos deixeis cair em tentação.

Sed libera nos a malo — “Mas livrai-nos do mal”. São três os males de que devemos pedir que o Senhor nos livre: os males temporais do corpo, os males espirituais da alma, e os males eternos da outra vida. Quanto aos males temporais da vida presente, devemos sempre estar dispostos a aceitar com resignação aqueles que Deus nos queira mandar para bem de nossa alma; como sejam a pobreza, as enfermidades e as desolações. Com outras palavras, pedindo a Deus que nos livre dos males temporais, devemos sempre fazê-lo com a condição, que não sejam necessários ou úteis para nossa salvação eterna.

Os males verdadeiros, dos quais devemos em absoluto pedir que Deus nos livre, são os espirituais, os pecados, que são a única causa dos males eternos. De resto, capacitemo-nos do que está escrito: Per multas tribulationes oportet nos intrare in regnum Dei (5) — “Havemos de entrar no Reino de Deus por muitas tribulações”. Capacitemo-nos, digo, de que no estado presente de nossa natureza corrompida, não nos podemos salvar, sem que passemos por muitas tribulações.

Finalmente, a palavra Amém, que a Igreja manda acrescentar, é um resumo de todas as petições feitas, nas quais o Senhor se compraz. Os grandes da terra enfadam-se com os pedidos importunos; Deus, porém, quanto mais é rogado, tanto mais contente fica, e nos atende. Daí a palavra de São Jerônimo: Haec importunitas apud Dominum opportuna est — “Tal importunação é oportuna junto de Deus”.

Meu amabilíssimo Jesus, graças Vos dou pelo belo modo de orar que me ensinastes na sublime Oração Dominical, e por vosso amor quero rezá-la muitas vezes. E Vós, ó meu Senhor, pelo amor de Maria Santíssima, dai-me a graça de recitá-la de hoje em diante com toda devoção. Pai nosso…

Referências: (1) Pv 30, 8. (2) Mt 6, 11. (3) Tg 1, 13. (4) Mt 6, 41. (5) At 14, 21.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 498-500)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.