Deus não é Pai? E um pai deseja mal a seu filho?

“Se vós, que sois maus, disse Nosso Senhor, se vosso filho pede um pão lhe dais pedra, ou, se quer um peixe lhe dais um escorpião?”

E essas graças, esses golpes doloridos e revezes da fortuna e calamidades, é tudo, tudo para nosso bem! Nem sempre para o bem temporal, mas sempre para o bem eterno! Podemos dizer, cheios de confiança, e resignados, em todos os sofrimentos: Tudo que me acontece é para meu bem! A Divina Providência vela por nós.

Deus é Eterno e Misericordioso. Eterno, quer que desprezemos as coisas temporais e não nos esqueçamos dos bens eternos. Misericordioso, inclina-se até a fragilidade, a miséria de nossa vida, para nos socorrer, não caindo um fio de cabelo de nossas cabeças sem a Sua Vontade Divina. Um piedoso fidalgo, conta o
Pe. Huguet (1), tinha o costume de dizer sempre, em todos os acontecimentos da vida:

“Tudo que me acontece é para meu bem!”

Um dia, no momento de embarcar em viagem para a Inglaterra, caiu e fraturou as pernas. Não deixou de exclamar:

“Tudo que me acontece é para meu bem”

Os amigos, admirados dessa linguagem, disseram-lhe:

“Então será para teu bem quebrarem-se as duas pernas, além de ficar prejudicada a tua viagem de negócios sérios e importantes?”

– “Sim, replicou ele, Deus sabe o que faz! Creio que tudo aconteceu para meu bem”

Poucos dias depois se soube que naufragara o navio em que o piedoso fidalgo deveria viajar.

(1) Huguet – La perfection Chrétienne en exemples, S. C. V.

(Brandão, Ascânio. Breviário da Confiança: Pensamentos para cada dia do ano.
Oficinas Gráficas “Ave-Maria”, 1936, p. 50)