5º Dia da Novena para a festa do Natal (20 de Dezembro)

Jesus Menino se oferece à justiça divina como nossa vitima

Oblatus est, quia ipse voluit – Ele foi oferecido, porque ele mesmo quis (Is 53, 7)

Sumário. Todos os sacrifícios oferecidos a Deus no correr de quarenta séculos, não foram bastante eficazes para remir o homem. Por isso, o Verbo divino, apenas feito homem, ofereceu-se a si mesmo para vítima da divina justiça, e por nosso amor aceitou a morte com todos os padecimentos que a deviam acompanhar. Fê-lo o divino Menino logo na sua primeira entrada no mundo. E nós, já chegados ao uso da razão, que temos feito por seu amor? Talvez que desde então tenhamos começado a ofendê-lo.

I. O Verbo divino, no primeiro instante em que se fez homem e criança, no seio de Maria, ofereceu-se a si mesmo, sem reserva, aos sofrimentos e à morte, para o resgate do mundo. Sabia que todos os sacrifícios de ovelhas e de bois, oferecidos antigamente a Deus, não puderam resgatar as culpas dos homens. Era preciso que uma pessoa divina pagasse em lugar dos homens o preço do resgate. Por isso disse ele, conforme nos ensina o Apóstolo: Hostiam et oblationem noluisti (1) – Não quiseste hóstia nem oblação. Meu Pai, todas as vítimas que Vos foram oferecidas até hoje, não foram suficientes, nem puderam sê-lo, para satisfazer à vossa justiça. Vós me preparastes este corpo passível, afim de que eu possa aplacar-Vos e salvar os homens com o preço do meu sangue. Ecce venio – eis que venho. Eis-me aqui disposto a aceitar tudo e a submeter-me inteiramente à vossa vontade. – Relutava a parte inferior da alma que naturalmente tinha horror de uma vida e morte tão cheias de padecimentos e de opróbrios. Mas venceu a parte racional da alma, que, inteiramente submissa à vontade do Pai, aceitou tudo, de sorte que desde aquele instante Jesus começou a padecer todas as angústias e dores que devia sofrer nos anos da sua vida terrestre.

Foi assim que se houve Jesus desde a sua primeira entrada no mundo. Mas, ó Deus, como é que nos temos havido nós para com Jesus, desde que, chegados ao uso da razão, começamos a conhecer pela luz da fé os sagrados mistérios de nossa Redenção? Quais são os pensamentos, os projetos, os bens que foram objeto do nosso amor? Prazeres, passeios, desejos de grandeza, vinganças, sensualidades; eis os bens que nos prenderam o afeto do coração. Mas se ainda temos fé, é mister que mudemos afinal a nossa vida e os nossos afetos. Amemos um Deus que tanto tem padecido por nós.

II. Ó meu Senhor, quereis que Vos diga como me tenho havido para convosco durante a minha vida? Desde o despontar da razão comecei a desprezar a vossa graça e o vosso amor. Mas Vós o sabeis melhor do que eu mesmo; não obstante suportastes-me, porque ainda me quereis bem. Eu andava fugindo de Vós, e Vós viestes à minha procura chamando-me. Foi esse mesmo amor que Vos fez baixar do céu, afim de buscar as ovelhas perdidas, que Vos fez suportar-me e não me abandonar. Meu Jesus, agora Vós me buscais e eu Vos busco. Sinto que a vossa graça me auxilia; auxilia-me com o arrependimento de meus pecados, que detesto mais que qualquer outro mal; auxilia-me inspirando-me um grande desejo de Vos amar e dar-Vos gosto. Sim, meu Senhor, quero amar-Vos e agradar-Vos quanto puder.

Mas o que me faz temer, é a minha fraqueza e insuficiência, consequência dos meus pecados. Maior todavia é a confiança que a vossa graça me inspira fazendo-me colocar a minha esperança nos vossos merecimentos, e dizer com toda a segurança: Omnia possum in eo qui me confortat (2) – Tudo posso naquele que me conforta. Se sou fraco, Vós me dareis força contra os inimigos; se sou enfermo, espero que o vosso sangue será o meu remédio; se sou pecador, espero que me fareis santo. Reconheço que outrora tenho cooperado para a minha perdição, porque nos perigos deixei de recorrer a Vós. Para o futuro, meu Jesus e minha Esperança, quero sempre recorrer a Vós e de Vós espero todo o auxílio, todo o bem. Amo-Vos sobre todas as cosias e não quero amar senão a Vós. Ajudai-me, Vo-lo suplico, pelo merecimento de tantos sofrimentos que desde menino suportastes por mim. Pai Eterno, pelo amor de Jesus Cristo, permiti que Vos ame. Se Vos tenho desprezado, abrandem-Vos as lágrimas de Jesus Menino que Vos roga por mim. R espice in faciem Christi tui (3) – Põe os olhos no rosto de teu Christo. Eu não mereço as graças, mas merece-as esse Filho inocente que Vos oferece uma vida de dores, afim de que useis de misericórdia comigo.

E vós, ó Mãe de misericórdia, Maria, não deixeis de interceder por mim. Sabeis quanto confio em vós, e bem sei que não desamparais quem recorre a vós.

Referências: (1) Hb 10, 5 (2) Fl 4, 13 (3) Sl 83, 10

OBS: Santo Afonso indulgenciou esta Novena da seguinte forma: para cada dia da Novena, recebemos Indulgência de 300 dias. Para o dia do Natal ou num dia da Oitava, recebemos Indulgência Plenária se fizermos e cumprirmos as obras prescritas da Confissão e da Comunhão.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 66-68)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

Todos os dias nós te enviaremos a meditação correspondente para te ajudar a aprimorar sua rotina de oração!