Dia 09 de Janeiro

Misericórdia de Deus em baixar do céu para nos salvar com a sua morte

Benignitas et humanitas apparuit Salvatoris nostri Dei – “Apareceu a benignidade e o amor de Deus nosso Salvador” (Tt 3, 4)

Sumário. Antes da vinda de Jesus Cristo, manifestou-se o poder de Deus na criação do mundo, a sabedoria divina manifestou-se na sua conservação; a misericórdia, porém, manifestou-se particularmente, quando Jesus tomou a natureza humana a fim de salvar, pelos seus padecimentos e morte, os homens perdidos. Com efeito, de que misericórdia maior podia o Filho de Deus usar para conosco do que tomando sobre si os castigos por nós merecidos? E, apesar disso, quantos pecadores há que não voltam a Deus por desconfiança da sua bondade!

I. Quando o Filho de Deus apareceu sobre a terra, viu-se quão grande é a bondade de Deus para conosco. Escreve São Bernardo, que primeiro se manifestou o poder de Deus em criar o mundo, a sua sabedoria em conservá-lo; mas a sua misericórdia manifestou-se, particularmente, quando o Filho de Deus tomou a natureza humana, a fim de salvar, pelos seus padecimentos e morte, os homens perdidos. Com efeito, que maior misericórdia podia o Filho de Deus mostrar-nos do que tomando sobre si os castigos por nós merecidos? Ei-lo nascido como criança, fraco e envolto em panos, deitado numa manjedoura, como que impossibilitado de mover-se e alimentar-se. É mister que Maria lhe dê um pouco de leite para lhe sustentar a vida. Vede-o depois no pretório de Pilatos, onde é preso a uma coluna com cordas, de que não podia livrar-se e açoitado da cabeça aos pés. Vede-o no caminho ao Calvário, onde pela extrema fraqueza e pelo peso da cruz que carrega, cai repetidas vezes por terra. Vede-o, finalmente, pregado no infame lenho, sobre o qual termina a vida à força de sofrimentos.

Pelo amor que nos teve, Jesus Cristo quer ganhar todo o amor dos nossos corações. Por isso, não quer enviar um anjo para nos remir, senão quer vir Ele mesmo para nos salvar com a sua Paixão. Se um anjo houvera sido nosso Redentor, o homem deveria dividir o seu coração, amando a Deus como seu Criador, e ao anjo como seu Redentor. Mas Deus, que quis possuir o coração do homem todo inteiro, assim como já era Criador do homem, quis também ser seu Redentor.

II. Ó meu amado Redentor! Onde estaria eu neste momento, se não me tivésseis suportado com tamanha paciência, e se me tivésseis deixado morrer quando me achava em estado de pecado? Já que me esperastes até agora, ó meu Jesus, perdoai-me, antes que me surpreenda a morte, réu qual sou de tantas ofensas que Vos tenho feito. Ah! Meu Deus, ai de mim, se para o futuro não Vos fosse fiel e, depois de tantas luzes recebidas, tornasse a trair-Vos! Estas luzes são o penhor de que quereis perdoar-me. Pesa-me, ó meu Bem supremo, de Vos ter injuriado tantas vezes e de Vos ter ofendido, a Vós que sois a bondade infinita. Confio em vosso Sangue para obter o perdão, e espero com segurança obtê-lo. Mas se tornasse a virar-Vos as costas, mereceria um inferno feito especialmente para mim.

Todavia é isto o que me faz temer, ó Deus de minha alma. Posso tornar a perder a vossa graça. Sei que repetidas vezes Vos tenho prometido fidelidade, e cada vez me revoltei novamente contra Vós. Ah! Senhor, não o permitais, não me deixeis cair na grande desgraça de me fazer outra vez vosso inimigo. Enviai-me qualquer castigo que quiserdes, mas não este: “Não permitais que me afaste de Vós” — Ne permittas me separari a te . Se virdes que jamais tenha ainda de ofender-Vos, deixai-me antes morrer. De boa vontade aceito a morte mais dolorosa, antes que ter de lamentar a miséria de mais uma vez me ver privado de vossa graça. Ne permittas me separari a te — “Não permitais que me afaste de Vós” . Repito-o, ó meu Deus, e fazei que o repita sempre: Não permitais que me afaste de Vós. Amo-Vos, ó meu amado Redentor; não quero mais separar-me de Vós. Pelos merecimentos da vossa morte, dai-me um grande amor, que me una tão fortemente a Vós, que eu não possa mais separar-me do vosso Coração.

— Ó Maria, minha Mãe, se eu tornar ainda a ofender meu Deus, temo que vós também me hajais de abandonar. Ajudai-me, pois, com as vossas orações; alcançai-me a santa perseverança e o amor de Jesus Cristo.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 129-131)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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