Domingo da Décima Nona Semana depois de Pentecostes

A cura do paralítico e a causa das tribulações

Confide, fili: remittuntur tibi peccata tua – “Filho, tem confiança, perdoados te são os pecados” (Mt 9, 2)

Sumário. De ordinário, a causa de todas as tribulações, e especialmente das enfermidades, são os pecados. Eis porque o Senhor, como refere o Evangelho, antes de restituir ao paralítico a saúde do corpo, lhe restituiu a da alma, concedendo-lhe o perdão dos pecados. Portanto, se quisermos que Deus nos livre das aflições que nos oprimem, arranquemos primeiro a raiz, isto é, o pecado. Aconselhemo-lo igualmente a nosso próximo em suas tribulações.

I. Quando alguém ofende a Deus, provoca todas as criaturas a castigarem-no, e especialmente aqueles de que abusa para ofender o Criador. Sucede então o mesmo, diz Santo Anselmo, que quando um escravo se revolta contra seu senhor: excita a indignação não só de seu senhor, como também de toda a família. – Deus, porém, sendo um Senhor de infinita misericórdia, contém as criaturas afim de que não castiguem o réu; mas quando vê que este não faz caso das ameaças, serve-se delas então para se desafrontar. De modo que, de ordinário, a causa de todas as tribulações e especialmente das enfermidades corporais, são os pecados: Qui delinquit, incidet in manus medici (1) — “Aquele que peca, virá a cair nas mãos do médico”.

Esta verdade nos é revelada com bastante clareza no fato do Evangelho de hoje. Um paralítico pediu a Jesus Cristo a saúde, e Jesus, antes de curar corporalmente, curou-lhe a alma dizendo:

“Filho, tem confiança; perdoados te são os pecados.”

Porque é que Jesus procedeu assim? Responde Santo Tomás: Porque o Senhor, como bom médico, quis primeiro arrancar a causa da enfermidade que eram os pecados, e depois tirar a própria enfermidade, que era efeito deles. É este também o motivo porque o Senhor, depois de curar aquele outro enfermo na piscina de Bethsaida, o qual estivera doente por trinta e oito anos, o exortou a não pecar mais, afim de que não lhe acontecesse coisa pior. Ne deterius tibi aliquid contingat . (2)

Escuta, pois, meu irmão, o belo conselho que te dá o Espírito Santo, para quando tu também estiveres oprimido pelas tribulações:

“Filho, em tua enfermidade (e o mesmo se diga de qualquer tribulação) faze oração ao Senhor e Ele te curará. Aparta-te do pecado, endireita as tuas ações, purifica o teu coração de todo o delito,… e depois dá lugar ao médico.” (3)

II. A narração evangélica mostra-nos também um belo exemplo de caridade, digno de ser imitado. O paralítico, deitado no seu leito, não se apresentou por si mesmo ao Senhor; mas foi apresentado por outros com bastante incômodo. Porque, segundo observa São Marcos, como não pudessem entrar pela porta na casa onde estava Jesus, descobriram parte do teto, e, fazendo uma abertura, arrearam o leito em que o paralítico jazia até perto de Jesus (4). E o Redentor sentiu-se impelido a curá-lo, não tanto pela compaixão para com o enfermo, como pela fé dos que o tinham trazido: videns Jesus fidem illorum — “vendo-lhes a fé” .

Eis o que nós também devemos fazer; empreguemos todos os meios para reconduzir a Jesus as almas enfermas dos pecadores, afim de que sejam curadas; e se não estiver ao nosso alcance fazer mais, demos-lhes, ao menos, bom exemplo e roguemos por eles. — Desta maneira praticaremos um belo ato de caridade, não somente para com o próximo, como também para conosco; porquanto, na expressão de Santo Agostinho, neste mundo o Senhor castiga muitas vezes os bons com os maus, porque se descuidam de impedir e de corrigir os pecados dos outros.

Ó meu Jesus, saúde dos enfermos, conforto dos que sofrem, tende piedade de mim! Renovai, suplico-Vos, os prodígios que outrora fizestes a favor de Israel, e pela vossa onipotência, livrai-me de todas as enfermidades, de todas as tribulações que com justiça me afligem em castigo das ofensas que Vos tenho feito. Se Vós, porém, ó meu Senhor, dispondes de outras formas, eu Vô-las ofereço como sacrifício, em união e agradecimento daquele que por mim fizestes sobre a cruz, para desconto de meus pecados e para a conversão dos pecadores. Dignai-Vos de as aceitar, e como recompensa, infundi em meu coração a virtude da paciência, e “conduzi-o sempre pela ação da vossa misericórdia; porque sem Vós a Vós não podemos agradar”. (5) † Doce Coração de Maria, sede minha salvação .

Referências:

(1) Eclo 38, 15 (2) Jo 5, 14 (3) Eclo 38, 9ss (4) Mc 2, 4 (5) Or. Dom. curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 134-136)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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