Domingo da Décima Quinta Semana depois de Pentecostes

Os Dois senhores e as Almas Tíbias

Nemo potest duobus dominis servire – “Ninguém pode servir a dois senhores” (Mt 6, 24)

Sumário. As almas tíbias parecem que querem servir ao mesmo tempo a Deus e ao mundo; a Deus, preservando-se de culpas graves; ao mundo, não fazendo caso das culpas veniais deliberadas. Escutem, porém, estas pobres iludidas, o que diz Jesus Cristo no Evangelho de hoje: “Ninguém pode servir a dois senhores: porque, ou há de amar um e odiar o outro, ou se apegar a um e abandonar o outro”. É como que dizer que cedo ou tarde acabará por cair em culpas graves. Além disso, o desgraçado levará vida infeliz; porque ficará privado tanto dos prazeres do mundo como das consolações celestiais.

I. Quem dera que esta máxima de Jesus Cristo fosse bem compreendida por aqueles que vivem na tibieza voluntária. Os ingratos repartem entre Deus e as criaturas o coração que lhes foi dado para amar a Deus só e ainda é muito pequeno para o amar devidamente. Com outras palavras, eles são tão insensatos que se persuadem que podem servir ao mesmo tempo a dois senhores, tão opostos entre si, como o são Deus e o mundo. Querem servir a Deus, preservando-se de pecados graves; e ao mundo, não fazendo caso das culpas veniais, em que caem por hábito e com advertência.

Tais almas dizem: Os pecados veniais não nos fazem perder a graça divina; por poucos que sejam, impedir-nos-ão de santificarmos; mas assim mesmo nos salvaremos, e é quanto basta. – Mas o que fala assim, ouça o que assegura Santo Agostinho: Ubi dixisti, satis, ibi periisti – Dizes que basta que te salves? Sabe, porém, que desde que disseste basta, começou a tua perdição; porquanto a alma nunca fica no lugar onde caiu, mas vai sempre abismando-se mais e mais. Santo Isidoro dá-nos disso a razão, porque com justiça Deus permite que os que não fazem caso dos pecados veniais, em castigo do seu desleixo e do pouco amor que lhe têm, caiam afinal em pecado mortal.

Demais, é natural que o hábito dos pecados leves incline a alma aos pecados graves, exatamente como certos leves mas repetidos incômodos da saúde corporal acabam por fazer a pessoa cair numa enfermidade mortal e levá-la ao túmulo. – Em suma, persuadam-se bem as almas tíbias, que cedo ou tarde se verificará também nelas a palavra de Jesus Cristo:

“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de amar a um e odiar ao outro, ou se apegar a um e abandonar o outro.”

II. Mas, além do grave risco que correm as almas tíbias de caírem em pecado mortal, têm também uma vida infeliz na terra, sem jamais acharem a paz nesse estado. Sim, pois que por um lado estão privadas dos prazeres do mundo; por outro, não podem saborear as consolações espirituais. Justo é que, assim como elas são avarentas para com Deus, Deus seja igualmente para com elas. – Tinha, pois, Santa Teresa razão de dizer: “ Do pecado deliberado, por pequeno que seja, livre-te Deus. ” E alhures: “ Aprouvesse a Deus que tivéssemos medo, não do demônio, mas de todo o pecado venial, que nos pode prejudicar mais do que todos os demônios do inferno .”

Meu amabilíssimo Jesus, eu sou uma daquelas almas tíbias que, de encontro ao vosso ensino, tive a pretensão de servir a dois senhores, inteiramente opostos, como o sois vós e o mundo. Graças vos dou, meu Senhor, por não me haverdes ainda expulso de vosso serviço, conforme tinha merecido. Em vez disso fazeis-me ouvir a vossa voz, que me convida ao vosso amor: Praebe, fili mi, cor tuum mihi (1) – “Meu filho, dá-me teu coração “. Animado pela vossa bondade, proponho ser de hoje em diante todo vosso, e amar-Vos de todo o meu coração.

Amo-vos, ó meu soberano Bem, amo-Vos, meu Deus, digno de amor infinito; e porque Vos amo, arrependo-me de todas as minhas ingratidões para convosco e protesto antes querer morrer do que tornar a Vos dar desgosto. Vós, porém, ó meu Jesus, pelo amor de Maria Santíssima, abençoai este meu propósito e dai-me a graça de ser fiel. “Guardai-nos, Senhor, com vossa perpétua clemência: e pois que a humana fraqueza, sem vossa assistência, cai a cada passo, fazei, com vossos auxílios, que eu fuja do que é nocivo e tenda sempre ao que me é saudável.” (2)

Referências:

(1) Pv 23, 26 (2) Or. Dom. curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 58-61)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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