Domingo da Décima Sexta Semana depois de Pentecostes

O Moço de Naim e a lembrança da Morte

Defunctus efferebatur, filius unicus matris suae – “Levavam à sepultura um defunto, filho único de sua mãe” (Lc 7, 12)

Sumário. Que verdade tão importante nos é lembrada pelo Evangelho de hoje! O filho da viúva de Naim era novo, herdeiro único de seu pai, consolação única de sua mãe, amado de seus concidadãos, que por isso acompanhavam o cortejo fúnebre. Provavelmente não pensara que a morte viria surpreendê-lo em tais circunstâncias; mas, assim mesmo colheu-o. Nada, pois, mais certo do que a morte, mas nada mais incerto do que a hora da morte. Ah! Se pensássemos muitas vezes nesta grande máxima, não pecaríamos nunca, e estaríamos sempre preparados para morrer.

I. Refere São Lucas que “Jesus ia para uma cidade chamada Naim; e iam com ele os seus discípulos e uma grande multidão de povo. E quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que já era viúva, e vinha com ela muita gente da cidade.” Antes de prosseguirmos, meu irmão, reflitamos nesta primeira parte da narração evangélica, e lembremo-nos da morte.

É fora de dúvida que devemos morrer. Cremos nesta verdade, não porque é um ponto da fé, mas porque a vemos também com nossos olhos, pois que cada dia se repete o fato do Evangelho: Ecce defunctus efferebatur – “Um defunto é levado à sepultura” . Se alguém se quisesse iludir pensando que não há de morrer, não seria tido por herege, mas sim por louco, que nega a evidência. – É, pois, certo que havemos de morrer; contra cada um de nós já foi lançada a sentença inapelável: Statutum est hominibus semel mori (1) – “Esta decretado que os homens morram uma só vez.” Mas onde é que morreremos?… Como?… Quando? Ninguém o sabe. “Nada mais certo do que a morte”, diz o Idiota, “e ao mesmo tempo, nada mais incerto do que a hora da morte.”

O filho da viúva de Naim era novo, na flor dos anos, herdeiro único de seu pai; única consolação de sua mãe; amado de seus concidadãos que por isso acompanhavam o cortejo fúnebre. Provavelmente não pensara que a morte o havia de surpreender em tais circunstâncias; mas apesar disso colheu-o. Tal será também a nossa sorte; quem no-lo diz é Jesus Cristo, a verdade mesma: Estote parati; quia qua hora non putatis, Filius hominis veniet (2) – “Estai preparados; porque à hora que não cuidais, o Filho do homem virá.”

II. O Evangelho continua a narração dizendo que “o Senhor, vendo a viúva, e movido de compaixão para com ela, lhe disse. Não chores. E, chegando ao esquife, acrescentou: Moço, eu te ordeno, levanta-te. E sentou-se o que havia estado morto, e começou a falar.” Deste modo Jesus Cristo aproveitou-se da morte daquele moço para fazer um grande milagre, que consolou uma mãe extremamente aflita e confirmou no bem os assistentes, que glorificavam a Deus e diziam: “Um grande profeta levantou-se entre nós; e Deus visitou o seu povo.”

É o que o Senhor continua ainda sempre a fazer nas almas por Ele remidas pela meditação sobre a morte. Serve-se desta lembrança para consolar a Igreja, nossa mãe, pela ressurreição espiritual de tantos pecadores, seus filhos; e, depois de os ressuscitar, serve-se ainda da mesma consideração para os fazer perseverar no bem, enchendo-os de um temor salutar. – Procura, tu também, ter sempre diante dos olhos o pensamento da morte. Fazendo isto, se és pecador, ressuscitarás depressa à vida da graça; se, como espero, és justo, o Espírito Santo te assegura que nunca mais tornarás a cair no pecado: Memorare novíssima tua, et in aeternum non peccabis (3) – “Lembra-te de teus novíssimos, e jamais pecarás.”

Ó meu Deus! Graças Vos dou pela luz que agora me comunicais. Já basta de anos perdidos! Quero empregar todo o resto de minha vida em me preparar para a morte, chorando as ofensas que Vos fiz, e reparando o tempo passado por uma dedicação mais fiel a vosso serviço. Ajudai-me com a vossa santa graça. “Purificai-me, ó Senhor, fortalecei-me com a vossa continua piedade; e, porque sem Vós nada pode subsistir, sustentai-me sempre com os vossos dons.” (4) – † Doce Coração de Maria, sede minha salvação.

Referências:

(1) Hb 9, 27 (2) Lc 12, 40 (3) Eclo 7, 40 (4) Or. Dom. curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 76-78)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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