Domingo da Décima Terceira Semana depois de Pentecostes

O bom samaritano e o divino Redentor

Samaritanus quidam, iter faciens, venit secus eum; et videns eum, misericordia motus est – “Um Samaritano, que ia seu caminho, chegou perto dele, e quando o viu, moveu-se à compaixão” (Lc 10, 33)

Sumário. Sob a imagem do bom Samaritano do Evangelho de hoje, Jesus Cristo representou-se a si mesmo. Por nosso amor desceu sobre a terra e se fez homem; curou as chagas de nossa alma, derramando sobre elas o azeite de sua graça e o vinho de seu preciosíssimo sangue; pelo santo batismo levou-nos ao albergue da Igreja e confiou-nos aos pastores das almas. Como temos até agora correspondido a tantas graças? … Esforcemo-nos, ao menos, por amar a nosso Deus de todo o coração; e por amor d’Ele amemos também ao próximo como a nós mesmos.

I. Narra Jesus Cristo no Evangelho de hoje, que um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu em mãos de salteadores. Estes o despojaram, feriram-no e deixaram-no quase morto. Aconteceu que um sacerdote vinha pela mesma estrada; ele viu este homem e passou adiante; um levita também o viu e seguiu. Mas um Samaritano, chegando perto, se moveu à compaixão; ligou-lhe as feridas, derramando nelas azeite e vinho, pô-lo sobre a sua própria cavalgadura e conduziu-o a uma hospedaria, onde, recomendando-o ao hospedeiro, disse: “Cuida deste homem, e tudo o que gastares na volta pagar-te-ei” — Curam illius habe .

Na explicação desta parábola, os Santos Padres veem na figura do homem que caiu nas mãos de assassinos, o gênero humano, que pela desobediência de Adão caiu no poder de Satanás e foi não somente despojado da justiça original, mas, além disso, enfraquecido pela concupiscência e ferido em todas as faculdades da alma. Nem o Sacerdote, nem o levita, que representam a Lei antiga, quiseram ou puderam auxiliar o infeliz em sua desgraça.

Mas o Filho de Deus, o verdadeiro Samaritano, quis, com grande pasmo do céu e da natureza, vir sobre esta terra e fazer-se homem por nosso amor; curou as feridas de nossa alma, derramando sobre elas o azeite da sua graça e o vinho de seu preciosíssimo sangue. Pelo santo Batismo levou-nos ao albergue de sua Igreja e entregou-nos aos médicos das almas, para o tratamento ulterior. — Paremos aqui para considerarmos um pouco o excesso da misericórdia de Jesus Cristo e para examinarmos o modo como lhe temos correspondido até agora.

II. Cum amet Deus, nihil aliud vult quam amari , escreve São Bernardo, querendo dizer que o amor não se paga senão com amor. Se, pois, irmão meu, quisermos corresponder ao amor que Jesus, o piedoso Samaritano, nos mostrou curando todas as feridas de nossa alma e livrando-nos da morte eterna, de hoje em diante, como preceitua o Evangelho, “ amemos ao Senhor nosso Deus, de todo o nosso coração, de toda a nossa alma, com todas as nossas forças, e de todo o nosso espírito; e, por amor d’Ele, amemos ao próximo como a nós mesmos ”.

Ah, meu querido Redentor Jesus, estou envergonhado por ver que de vosso lado fizestes tudo para me obrigar ao vosso amor e que eu, por meu lado, fiz tudo, pela minha ingratidão, para vos obrigar a abandonar-me. Se pudessem voltar os anos de minha vida, quisera empregá-los todos em vosso serviço. Mas já que os anos não voltam mais, quero ao menos empregar o resto de minha vida em Vos amar e Vos agradar.

Ó misericordioso médico de minha alma, amo-Vos de todo o coração. Amo-Vos, ó bondade infinita, digna de um amor infinito e nada desejo nem procuro senão viver unicamente ocupado em Vos amar. “ Ó Deus onipotente e misericordioso, de quem vem a graça de vossos servos vos servirem bem e louvavelmente, concedei-me que sem tropeço corra à consecução das vossas promessas. ” (1) Aumentai sempre em mim o vosso amor, recordando-me o que haveis feito e padecido por mim e não permitais que eu torne a ofender-Vos. Deixai-me antes morrer.

— Doce Coração de Maria, sede minha salvação.

Referências:

(1) Or. Dom. curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 22-24)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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