Domingo da Quinta Semana depois da Epifania

A parábola do joio e a conduta de Deus para com os pecadores

Colligite primum zizania, et alligate ea in fasciculos ad comburendum – “Colhei primeiro o joio, e atai-o em feixes para o queimar” (Mt 13, 30)

Sumário. O joio que cresce no meio do bom trigo é figura dos pecadores, que pela benignidade divina vivem juntamente com os justos no campo da Igreja Católica. Mais ai daqueles, se continuarem obstinados no pecado e deixarem passar o tempo de misericórdia! Chegará o dia da colheita, isso é, do juízo, e então os anjos separarão os maus dos bons, para levarem a estes ao paraíso e lançarem aqueles no fogo do inferno, onde serão atormentados por toda a eternidade.

I. “O reino dos céus”, diz Jesus Cristo no Evangelho deste dia, “é semelhante a um homem que semeou boa semente no seu campo. Mas, quando dormiam os homens, veio o seu inimigo e sobressemeou o joio no meio do trigo, e foi-se. Tendo, porém, crescido a erva e dado fruto, então apareceu também o joio. E chegando-se os servos do pai de família, disseram-lhe: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde, pois, lhe veio o joio? Disse-lhes ele: Um homem inimigo fez isso. E os servos disseram-lhe: Queres que vamos e o apanhemos? Ele disse: Não! Não seja que apanhando o joio arranqueis juntamente com ele o trigo. Deixai crescer um e outro até a ceifa, e no tempo direi aos ceifeiros: Apanhai primeiro o joio, e ataio em molhos para o fogo; mas o trigo recolhei-o no meu celeiro.”

Nesta parábola vê-se de um lado a paciência do Senhor para com os pecadores, e por outro o seu rigor para com os obstinados. Diz Santo Tomás que todas as criaturas, por natural instinto, quereriam castigar o pecador e assim vingar as injúrias feitas ao Criador.

Visimus et colligimus ea? — “Queres que vamos e o apanhemos?”

Deus, porém, pela sua misericórdia, as impede. E assim faz, não só pelo amor dos justos, aos quais não quer tirar a ocasião para praticarem a virtude, suportando os maus; senão também, e muito mais, pela sua longanimidade para com os próprios pecadores, a quem quer dar tempo para se converterem:

Propterea expectat deus, ut misereatur vestri (1) — “Por isso o Senhor espera, para ter misericórdia de vós”.

Mais ai deles se continuarem obstinados em seu pecado e deixarem passar o tempo da divina misericórdia. Chegará o dia da colheita, isso é, assim como Jesus mesmo explica, o fim do mundo e o juízo universal. Então ordenará aos ceifeiros, a saber, aos anjos, que separem os maus dos justos a fim de fazerem estes entrar no eterno gozo do paraíso e lançarem aqueles no fogo do inferno, onde serão atormentados por toda a eternidade.

II. Eis aí, cristão, aonde irão parar aqueles pecadores que se obstinam em seus pecados e que abusam do tempo de penitência, que Deu lhes concede, para se tornarem mais soberbos (2) — irão queimar para sempre, alma e corpo, no fogo do inferno, sem esperança de saírem em tempo algum:

Et mittent eos in caminum ignis (3) — “E lança-los-ão na fornalha de fogo”

Com razão; porquanto não merece mais a misericórdia divina aquele que, enormemente ingrato, se prevalece da mesma misericórdia para ofender o Senhor mais gravemente. O que ofende a justiça, diz Afonso Tostato, pode recorrer à misericórdia, mas a quem poderá recorrer o que ofende a própria misericórdia?

Ó meu amabilíssimo Jesus! Eis-me aqui; eu fui um daqueles que continuaram a ofender-Vos, porque éreis bom para mim. Esperai, Senhor; não me abandoneis agora, já que pela vossa graça espero nunca mais dar-Vos motivo para que me abandoneis. Peza-me, ó Bondade infinita, ter-Vos ofendido, e ter abusado tanto de vossa paciência. Agradeço-Vos por me terdes esperado até agora. De hoje em diante não Vos quero mais trair, como no passado tenho feito.

Vós, ó Senhor, me aturastes tão longo tempo, a fim de me verdes um dia cativo amante da vossa bondade. † Jesus, meu Deus, amo-Vos sobre todas as coisas ; e estimo a vossa graça mais que todos os reinos do mundo; antes quero perder mil vezes a vida que perder a vossa afeição. Vós, porém, ó Redentor meu, dai-me a santa perseverança. Pelo sangue que por mim derramastes, Vos rogo: “ guardai-me, ó Senhor, com vosso auxílio contínuo, para que, esperando só na graça celeste, seja sempre munido com a vossa proteção. ”(4) † Doce Coração de Maria, sede a minha salvação .

Referências: (1) Is 30, 18 (2) Jó 24, 23 (3) Mt 13, 42 (4) Or. Dom. curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 208-210)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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