Domingo da Semana da Sexagésima

A parábola do semeador e a palavra divina

Exiit qui seminat seminare semen suum – “Saiu o que semeia a semear a sua semente” (Lc 8, 5)

Sumário. Irmão meu, o Senhor semeia continuamente em tua alma a boa semente de sua palavra. Se não produzir o seu fruto, examina se por ventura há em ti algum dos impedimentos indicados no Evangelho. Examina sobretudo se há em ti apego às riquezas, às dignidades, aos prazeres, ou à outra criatura qualquer; pois que são estes os espinhos que não somente fazem perder o fruto da palavra de Deus, mas afinal muitas vezes impedem que Deus ainda fale à alma.

I. Refere São Lucas que, estando certo dia numerosa multidão de povo reunida ao redor de Jesus, este propôs a parábola do semeador, cuja semente caiu parte junto ao caminho, outra sobre pedregulho, outra entre espinhos, outra finalmente em terra boa. Perguntado depois pelos discípulos, o divino Redentor mesmo deu a seguinte interpretação:

“A semente”, disse, “é a palavra de Deus. Os que estão à borda do caminho, são aqueles que a ouvem, mas depois vem o diabo e tira a palavra do coração deles, para que não se salvem crendo. Quanto aos que estão sobre pedra, são os que recebem com gosto a palavra, quando a ouviram; mas eles não têm raízes, porque até certo ponto creem, e no tempo da tentação voltam atrás. A semente que caiu entre espinhos, estes são os que a ouviram, porém, indo por diante, ficam sufocados pelos cuidados e pelas riquezas e deleites desta vida, e não dão fruto: Suffocantur, et non referunt fructum”

Observa São Gregório que, sendo o Evangelho de hoje interpretado por Jesus mesmo, não precisa de outra explicação; mas é digno de nossa mais atenta consideração. — Considera, pois, aos pés de Jesus Cristo, se porventura se ache em ti algum dos três impedimentos notados na parábola que te possa privar do fruto da palavra divina: Aliud cecidit secus viam — “Parte caiu junto ao caminho” . Tens porventura o espírito dissipado e qual caminho público aberto a todos os pensamentos?… Aliud cecidit supra petram — “Outra parte caiu sobre o pedregulho” . Estará por ventura o teu coração endurecido como uma pedra em consequência de algum vício ou tibieza habitual?… Aliud cecidit inter spinas — “Outra parte caiu entre espinhos” . Examina sobretudo se tens apego às riquezas, às dignidades e aos prazeres terrestres, que são como espinhos, que fazem perder o fruto da palavra de Deus e muitas vezes são a causa de Deus não falar mais às almas, porque vê que suas palavras se perdem.

II. Continuando o Senhor a interpretar a última parte da sua parábola, acrescenta:

“A semente que caiu em boa terra, estes são os que, ouvindo a palavra com coração bom e perfeito, a retém, e dão fruto pela paciência”

Nota aqui estas últimas palavras: Fructum offerunt in patientia — “Eles dão fruto pela paciência” . Elas significam que não nos devemos deixar enganar pelo demônio, com a pretensão de fazer tudo ao mesmo tempo, porquanto, como avisava São Filipe Neri:

“A obra da santificação não é obra de um só dia”

Numa palavra, para não nos apartar da parábola, quem quiser colher frutos maduros, deve, como o lavrador, esperar pacientemente o tempo da colheita.

Ó meu amabilíssimo Jesus, estou envergonhado de comparecer à vossa presença, vendo que a semente da vossa palavra, semeada tão frequentemente e abundantemente em meu coração, até agora, por minha culpa produziu tão pouco fruto. Consolo-me, porém, porque sinto que apesar das minhas negligências, ainda continuais a me falar. Loquere, Domine, quia audit servus tuus (1) — “Fala, Senhor, porque o seu servo escuta” . Eis-me aqui, ó Senhor, não quero mais resistir quando me chamais; dizei-me o que desejais; estou pronto a obedecer-Vos: quero deixar tudo para ser todo vosso. É por demais que me obrigastes a amar-Vos! Se porém desejais que Vos seja fiel, transformai o meu coração e fazei que de hoje em diante seja uma terra boa, na qual a vossa divina palavra possa deitar raízes, crescer e dar frutos de vida eterna.

Rogo-Vos também, ó meu Deus, “já que vedes que de nenhuma sorte confio em minhas obras: rogo-Vos que contra todas as adversidades sejamos munidos com a proteção do Doutor das gentes.” (2) † Doce Coração de Maria, sede a minha salvação .

Referências: (1) 1 Rs 3, 9 (2) Or. Dom. curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 262-264)

Clique no botão abaixo para receber a meditação do dia direto no seu celular!

plugins premium WordPress

1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

Todos os dias nós te enviaremos a meditação correspondente para te ajudar a aprimorar sua rotina de oração!