Domingo da Sétima Semana depois de Pentecostes

As turbas famintas e a vaidade dos bens terrestres

Misereor super turban: quia ecce iam triduo sustinent me, nec habent quod manducent – “Tenho compaixão da multidão; porque desde três dias já me acompanham e não têm o que comer” (Mc 8, 2)

Sumário. A fome das turbas de que fala o Evangelho, nos pode ensinar que a felicidade das riquezas, das dignidades e dos prazeres, jamais pode saciar o nosso coração. Persuadamo-nos bem de que o que possui todos os tesouros da terra, mas não possui a graça de Deus, é o homem mais pobre do mundo… Se em tempos passados tivemos a insensatez de apegar o nosso coração às vaidades, sejamos agora mais prudentes; unamo-nos à Jesus Cristo, que nos saciará espiritualmente, assim como com sete pães apenas saciou corporalmente mais de quatro mil pessoas.

I. Eram tais os atrativos do nosso divino Salvador, e tal a doçura com que acolhia todos, que se viu um dia cercado de uma multidão de cerca de quatro mil pessoas, que tendo-o seguido três dias não tinham o que comer. Movido de compaixão, disse aos discípulos: Tenho compaixão da multidão que me vem acompanhando três dias e não tem o que comer. E, sabendo que ali havia sete pães e uns poucos peixes, fez o grande milagre da multiplicação dos pães e alimentou abundantemente toda a multidão faminta.

É este o sentido literal do Evangelho de hoje; porém, o sentido místico significa que não há nenhum manjar neste mundo que possa saciar nossas almas. Todos os bens da terra, as riquezas, as honras, os prazeres, deleitam somente os sentidos do corpo; mas para o espírito são vaidade e aflição: Universa vanitas et afflictio spiritus (1) , Se os bens deste mundo contentassem o homem, seriam inteiramente felizes os poderosos e os ricos; não obstante, a experiência demonstra inteiramente o contrário; ela nos faz ver que eles são os mais desgraçados, porque vivem sempre sob a opressão do temor, da inveja, da tristeza e da cobiça de possuírem mais.

Eis, diz o Espírito Santo, o justo castigo daqueles que, em vez de servirem a Deus com alegria, por causa da abundância de todos os bens que nele se encontram, querem servir ao inimigo de Deus, isto é, ao mundo, que os faz sofrer fome, sede, nudeza e miséria (2). – Tenhamos nós também, à imitação de Jesus Cristo; compaixão da multidão de mundanos, que, por lhes faltar o pão substancial, comem sem jamais se saciarem. Se nos tempos passados nós também nos deixamos enganar pelas falsas aparências, lamentemos a nossa cegueira e proponhamos ser mais prudentes para o futuro.

II. Et manducaverunt, et saturati sunt (3) – “Todos comeram e ficaram fartos” . Com estas palavras o Evangelista termina a narração do milagre. As quatro mil pessoas que acompanhavam o Senhor, comeram dos sete pães e dos poucos peixes bentos por ele, e ficaram fartas; mais ainda, encheram sete cestos de pedaços que sobraram. — Com isso quer o Senhor dar-nos a entender que, como Ele criou para si o coração do homem, assim Ele só o pode saciar. Por isso, Santo Agostinho, ensinado pela própria experiência, teve razão de exclamar: Ó mundanos insensatos! Ó homens desgraçados! aonde ides para achar a felicidade? Vinde a Jesus; só ele vos pode dar a felicidade que estais buscando: Bonum quod quaeritis, ab ipso est .

Ó meu amabilíssimo Redentor! Graças Vos dou pelas luzes que me dais agora para compreender tão importante verdade, e peço-Vos que a graveis sempre mais fundo em meu espírito, afim de que me sirva de regra em minhas ações. É verdade, Senhor, quem possui todos os bens, mas não Vos possui a Vós, é o mais pobre do mundo; mas o pobre que Vos possui, ainda que não possua nenhum dos bens terrestres, é o mais rico e possui tudo. Por isso, ó meu Jesus, quero possuir-Vos a todo o custo. Peza-me que no passado corri atrás das vaidades, e por elas Vos deixei, ó bondade infinita. Peza-me, quisera morrer de dor e quero reparar o passado, amando-Vos com tanto mais ardor para o futuro.

Ó Deus, autor das virtudes e de tudo que é bom e ótimo, fortalecei-me com a vossa graça. “Suplico-Vos, pelos merecimentos do vosso preciosíssimo sangue, que instileis em minha alma o amor do vosso nome e aumenteis em mim o espírito de religião, fomentando em mim o que é bom, e conservando esse bem por um vivo amor da piedade” (4). – Peço esta graça também a vós, ó grande Mãe de Deus e minha Mãe, Maria.

Referências:

(1) Ecle 1, 14 (2) Dt 28, 47 (3) Mc 8, 8 (4) Or. Dom. Curr.

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 232-235)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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