Mês de Fevereiro – Santo Afonso, modelo de Firme Confiança

Santo Afonso, modelo de Firme Confiança

Beatus vir, cuius est nomem Domini spes eius – “Bem-aventurado o homem que pôs sua confiança no nome do Senhor” (Sl 39,5)

Sumário. Em toda a sua vida o Santo deu provas desta virtude. Foi ela que o levou a deixar tudo por amor de Deus, e depois sustentou no meio das contradições e obstáculos que encontrou nos trabalhos para o serviço divino e em particular na fundação da sua Congregação e na reforma de sua diocese. “Deus nos basta”, dizia, “estejamos bem para com Deus, e Deus pensará em nós”. Não se contentou o Santo de praticar ele mesmo a esperança, procurou igualmente avivá-la nos outros. Portanto a melhor homenagem que lhe podemos tributar, é a imitação dos seus exemplos.

I. A medida as misericórdias divinas é proporcionada à confiança que a alma põe em Deus. Querendo, pois, o Senhor sublimar Afonso ao mais alto grau de santidade e fazer dele um Apóstolo, Bispo, Fundador de Ordem e Doutor da Santa Igreja, enriqueceu-o com uma confiança ilimitada. – E o Santo deu provas dela em toda a sua vida. Foi esta confiança que, depois de o ter levado a deixar tudo por amor de Deus, o sustentou entre as dificuldades e obstáculos que se lhe antolhavam na fundação da sua Congregação, na reforma da sua diocese, e na execução de inúmeros trabalhos pela sua própria santificação e pela dos outros.

Para não tentar a Deus e não exigir milagres, não descurava de nenhum meio que a prudência lhe sugeria; mas também, uma vez certo da vontade de Deus, nada era capaz de o abater ou de o demover do bem começado; nem a falta de qualquer recurso humano, nem as demandas longas e pertinazes, nem a deserção completa dos companheiros, nem, afinal, os desprezos mais baixos, as injúrias mais vis, as mais negras calúnias. “Deus nos basta” , dizia ele, e mostrava-o pelo fato. “Procuremos estar bem com Deus, amemos a Sua glória, e Ele pensará em nós. Deus é um Senhor que nunca se deixa vencer em generosidade” .

Foi a mesma confiança viva e firme que sustentava Afonso e constante na aridez e desolação espiritual, em que o Senhor, para maior provação, quis que passasse os derradeiros anos da sua vida. Sustentou-o mais ainda nas tentações horrorosas e contínuas, com que o demônio o atormentava e o procurava vencer. “Senhor” , assim dizia muitas vezes, “é em Vós que confio. O demônio quer fazer-me desesperar; mas, sempre quero confiar em Jesus Cristo. Sim, Jesus Cristo é a minha esperança, e, depois dele, a Virgem Maria” .

Foi ainda da grande confiança do Santo que nasceu aquele desejo vivíssimo de se ver livre dos laços do corpo; pelo que tinha uma santa inveja dos companheiros que morriam antes dele. Longe de olhar a morte com medo, falava dela com complacência, e meditava nela continuamente, considerando-a como o único meio para se unir a Deus, e, acrescentava, para ir beijar os pés de Maria Santíssima. – Numa palavra, bem se pode dizer que toda a vida de Afonso foi um ato perpétuo de esperança em Deus, a quem sempre se recomendava e de quem esperava todo o bem. Felizes de nós, se o soubermos imitar!

II. Santo Afonso, não contente em praticar ele mesmo a confiança em Deus, pelos merecimentos de Jesus Cristo e pela intercessão de Maria Santíssima, procuro por todos os meios inspirá-la também aos outros. Considerava-a como um meio eficacíssimo, não só para tirar os pecadores do abismo do vício, mas também para elevar os justos à mais alta perfeição. É por isso que aconselhava a seus filhos espirituais, fizessem de ordinário a meditação em seus livros, mesmo porque contém abundância de afetos e de orações.

Alegra-te, portanto, com o Santo, e agradece a Deus em seu nome. Depois, para lhe fazeres coisa agradável, e mereceres sempre mais a sua proteção, une os teus afetos aos do Santo, e entrega-te sem reserva à divina Providência.

Ó Pai Eterno, Vós, que, para me perdoar e salvar, não haveis perdoado a morte ao Vosso amado Filho, perdoai-me e salvai-me pelo amor desse mesmo Filho. Meu criador e meu Pai, não sois somente piedoso, mas também fiel. Haveis, pois, de dar o que se Vos pede pelo amor de Jesus Cristo, que nos prometeu que dareis tudo que Vos pedimos em Seu nome. Sois também justo. Não é, pois, possível, já que estamos arrependidos das ofensas feitas à Vossa bondade, que não nos perdoeis e não nos salveis, pelos merecimentos de Jesus Cristo, que pela Sua morte satisfez à Vossa justiça e nos mereceu a salvação. Eis porque, ó meu Deus e Esperança minha, a Vós recorro cheio de confiança e Vos rogo, pelos merecimentos de Vosso Jesus: fazei com que eu não espere outra coisa senão o Vosso santo amor. Ó amabilíssimo objeto do meu amor, fazei com que me esqueça inteiramente de mim mesmo, para repousar unicamente em Vós.

Em Vossas mãos, ó Senhor, ponho todas as minhas esperanças e toda a minha alma, a fim de que viva tranquilo em Vós na vida presente, e deixando este mundo entregue-me a Vós para sempre, e expire em Vós.

Ó minha Mãe dulcíssima e Esperança minha, Maria, obtende-me a graça de orar sempre e de confiar nos merecimentos de Jesus e nos Vossos (1).

Fazei-o pelo amor do Vosso grande devoto, Santo Afonso.

Referências:

(1) Oração de Santo Afonso

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 484-487)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.