Mês de Junho – Santo Afonso, modelo de Castidade

Santo Afonso, modelo de Castidade

Erunt sicut angeli Dei in coelo – “Eles serão como os anjos de Deus no céu” (Mt 22, 30)

Sumário. A santa pureza nos faz de algum modo iguais aos anjos, e sob certo ponto de vista, mesmo superiores; porque por ela o homem se torna por virtude o que os anjos são por natureza. Por isso Santo Afonso tomou a bela virtude por companheira inseparável, e guardou-a ilesa, apesar das tentações mais horrorosas. Para este fim se serviu o Santo de diversos meios, mas o principal foi a oração e a sua devoção particular à Santíssima Virgem. Felizes de nós se soubermos imitá-lo!

I. A santa pureza faz o homem semelhante aos espíritos celestiais, ou antes, na palavra de São João Crisóstomo, fá-lo superior a estes; porquanto, se nos anjos a castidade é mais perfeita por natureza, nos homens é mais gloriosa pelos muitos assaltos a que está exposta. — Santo Afonso que, desde a sua mais tenra idade, compreendeu o valor desta virtude, tomou-a por sua companheira inseparável.

À imitação do Sábio, como soube que de outra maneira não podia ter continência, se Deus lha não desse, dirigiu- se ao Senhor e fez-lhe a sua suplica (1) , e nunca mais deixou de a pedir, enquanto viveu. Por seu lado, não desprezou nenhum dos meios indispensáveis para conservação de uma joia tão preciosa. — Foi vigilantíssimo na guarda dos sentidos, particularmente da vista; reduziu o seu corpo a servidão, por meio de penitencias rigorosas; ficou sempre afastado o mais possível das ocasiões que pudessem, não digo ofender, mas empanar sequer de leve o brilho do candor virginal. Foi tão reservado em conversar com pessoas de outro sexo, que nunca as fitava no rosto, e, enquanto o permitissem os assuntos a tratar, queria que alguma pessoa fosse, ao menos de longe, testemunha do que se fazia.

— “A nossa naturezas, dizia ele, “já é bastante inclinada ao mal; em se tratando com pessoas de outro sexo, é preciso usar de extrema cautela, despachá-las o mais breve possível, e quando se tem de falar três palavras, dizer somente duas”

O meio, porém, mais eficaz, empregado pelo Santo para guardar a pureza, foi a sua devoção particular à Rainha das virgens, Maria Santíssima. Com o auxilio poderoso de tão boa Mãe, não somente conservou ilesa a inocência batismal; mas chegou ainda a tão alto grau de perfeição, que por todos era considerado como um anjo em carne. Feliz de ti, se souberes imitá-lo, ao menos no tempo de vida que te resta.

II. Por ter sido a pureza de Afonso tão sublime, não se creia que o Santo tenha ficado livre de tentações. Ao contrario, pela permissão divina, para mérito maior do seu servo e para nosso ensino, sofreu tentações violentíssimas, mormente nos últimos anos da sua vida. — O Santo, porém, confiado no auxilio de Deus, soube sempre combatê-las e obter uma vitória completa. No juízo final o seu exemplo servirá para condenação daqueles que, não fazendo esforços para resistir, se deixam vencer, com a desculpa fútil de que as tentações são demasiadamente fortes.

A fim de que te não suceda tamanha desgraça, procura guardar a castidade de teu estado, como a menina dos teus olhos. Para este fim serve-te dos meios usados por Santo Afonso. Recorre muitas vezes a Deus pela oração e frequenta os sacramentos; afasta-te das ocasiões; mortifica a tua carne rebelde; refreia os teus sentidos, especialmente a vista, por cuja causa, como diz o santo Doutor, muitos estão no inferno. Sê sobretudo devoto a Maria Santíssima. Nas tentações, recorre a ela, invocando o seu Nome dulcíssimo, junto com o de Jesus . Se és religioso, renova amiúde os teus votos nas suas mãos, protestando que preferes morrer a transgredi-los. — A fim de que a Virgem te olhe com mais benevolência, professa devoção especial a Santo Afonso, seu servidor, e consagra-te a ele, dizendo:

Ó zelosíssimo Doutor da Igreja, apesar da minha indignidade de ser vosso servo, animado pela vossa grande bondade, na presença de toda a corte celestial, reconheço-vos, depois de Maria, por meu pai, mestre e advogado, e proponho firmemente servir-vos sempre, e fazer quanto possa, para que de todos sejais servido. — Pelo amor que tendes a Jesus e Maria, suplico-vos que me aceiteis no número dos vossos devotos, e me protejais como vosso servo. Alcançai me a graça de imitar as vossas virtudes e de trilhar o caminho da perfeição cristã. Obtende-me especialmente a santa pureza, o desapego das criaturas, uma devoção terna e constante a Jesus sacramentado e a Maria Santíssima, o espírito de oração e um zelo ardente pela salvação das almas. Aceitai esta minha oferta como penhor da minha servidão; assisti-me na minha vida e particularmente na hora da minha morte; para que, depois de vos ter venerado e servido na terra, mereça gozar convosco da vista de Deus no céu por toda a eternidade.

Referências: (1) Sb 8, 21

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até à Undécima Semana depois de Pentecostes Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 392-394)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.