Quarta-feira da Décima Terceira Semana depois de Pentecostes

Bem-aventurado daquele que se conserva fiel a Deus na adversidade

Usque in tempus sustinebit patiens, et postea redditio iucunditatis – “O homem paciente sofrerá até o tempo destinado, e depois tornar-se-lhe-á a dar a alegria” (Eclo 1, 29)

Sumário. A terra é um campo de batalha, no qual fomos postos todos para combater. Felizes de nós se formos vencedores! Se nos chegarmos a salvar, terminarão as adversidades, as tentações, as enfermidades e todas as misérias da vida presente; e Deus mesmo será a nossa recompensa eterna. Anime-nos a esperança deste galardão a combatermos até à morte, e a não nos deixarmos enquanto não estivermos na posse da pátria bem-aventurada. Para que não sintamos tanto o peso das tribulações, deitemos um olhar sobre Jesus crucificado e lembremo-nos do inferno que temos merecido.

I. A fidelidade dos soldados prova-se nos combates e não no repouso. A terra é para nós um campo de batalha, no qual fomos postos para combater e para nos salvar pela vitória; quem não ficar vencedor, está perdido para sempre. Pelo que o santo homem Jó dizia:

“Todos os dias, que passo nesta guerra estou esperando, até que chegue a minha imutação.” (1)

Queria dizer que lhe era penoso o combate com tantos inimigos; mas que se consolava com a esperança que pela vitória e pela ressurreição depois da morte tudo se havia de mudar. – É também desta mudança que falava São Paulo e se alegrava, quando dizia: Et mortui resurgent incorrupti, et nos immutabimur (2) – “E os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados”. No céu muda-se tudo: o céu não é um lugar de fadigas, mas de descanso; não de temor, mas de segurança; não de tristeza e aborrecimento, mas de alegria e gozo eterno.

Com a esperança de tão grande gozo animemo-nos a combater até à morte e não nos deixemos vencer pelos inimigos enquanto não chegar o fim do nosso combate e a posse da eternidade bem-aventurada. – Feliz do que sofre por Deus durante a vida! Padece algum tempo: usque in tempus sustinebit patiens ; mas o seu gozo será eterno na pátria bem-aventurada. Então terminarão as perseguições, terminarão as tentações, as enfermidades, as moléstias e todas as misérias da vida presente; e Deus nos dará outra vida interminável de pleno contentamento.

Numa palavra, o tempo atual é o tempo da poda, quer dizer: de cortar tudo quanto nos possa ser de impedimento no caminho à terra prometida do céu: Tempus putationis advenit (3) – “Chegou o tempo da poda”. O talho causa dor; eis porque é indispensável a paciência. Postea redditio iucunditatis: depois seremos consolados, conforme tivermos sofrido. Deus é fiel, e ao que sofrer qualquer coisa com resignação e por seu amor, promete que ele mesmo lhes será recompensa, mas recompensa infinitamente superior a todos os nossos padecimentos: Ego protector tuus sum, et merces tua magna nimis (4) – “Eu sou teu protetor e a tua paga infinitamente grande” . Feliz, pois, daquele que é fiel a Deus no sofrimento das adversidades!

II. Diz o Eclesiástico:

“Aceita de boa mente tudo que te suceder, e tem constância na tua dor, e ao tempo da humilhação tem paciência; porque no fogo se prova o ouro e a prata, e os homens, que Deus quer receber, na fornalha da humilhação.” (5)

Portanto, se quisermos sofrer com paciência, mister é que ao amor de Deus unamos a humildade. O que cometeu um pecado mortal, lance um olhar sobre o inferno merecido e assim sofrerá com paciência qualquer desprezo e qualquer dor. – Nas humilhações é que se manifesta a santidade. Um tal é tido por santo, mas ao receber alguma injúria fica todo perturbado e queixa-se a todos. Que prova isso? Prova que não é ouro, mas chumbo.

Maldito amor próprio que quer intrometer-se em todas as nossas ações! Mesmo nos exercícios espirituais, na oração, nas penitências e em todas as obras de devoção ele acha interesses seus. Não é raro as almas espirituais caírem neste defeito. – Mulierem fortem quis inveniet? – Qual é a alma forte que livre de toda paixão e inteiramente desinteressada continue a amar Jesus Cristo entre os desprezos e sofrimentos, entre as desolações interiores e as contrariedades da vida? Salomão diz que tais almas são verdadeiras pedras preciosas: veem trazidas da extremidade da terra e por isso são raríssimas: Procul et de ultimis finibus pretium eius (6).

Meu Jesus crucificado, eu sou um daqueles que ainda em suas devoções buscam apenas o próprio gosto e a própria satisfação; sendo assim todo diferente de Vós, que por meu amor levastes vida atribulada e falta de todo alívio. Dai-me o vosso auxílio, porque de hoje em diante quero buscar tão somente o vosso agrado e a vossa glória. Quero amar-Vos desinteressadamente; mas sou fraco; Vós me dareis a força para assim fazer. Eis-me aqui; sou vosso, disponde de mim conforme a vossa vontade; fazei com que Vos ame e nada mais Vos peço. – Ó Maria, minha Mãe, pela vossa intercessão obtende-me a fidelidade a Deus.

Referências:

(1) Jó 14, 14 (2) 1 Cor 15, 52 (3) Ct 2, 12 (4) Gn 15, 1 (5) Eclo 2, 4-5 (6) Pv 31, 10

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo III: Desde a Décima Segunda Semana depois de Pentecostes até o fim do ano eclesiástico. Friburgo: Herder & Cia, 1922, p. 30-32)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

REZE CONOSCO

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