Quarta-feira da Quarta Semana da Quaresma

Sentença dos escolhidos e dos réprobos no Juízo Universal

Venite, benedicti Patris mei, possidete paratum vobis regnum… Discedite a me, maledicti, in ignem aeternum – “Vinde, benditos de meu Pai, possui o reino que vos está preparado… apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno” (Mt 25, 34-41)

Sumário. No Juízo final, a fim de que os réprobos sintam mais a grandeza do bem que perderam, será primeiro pronunciada a sentença dos escolhidos. E enquanto estes entrarem triunfantes no paraíso, o divino Juiz se voltará para os réprobos, e amaldiçoando-os, condená-los-á a se afastarem d’Ele para queimarem no fogo eterno. Meu irmão, com a vida que vais levando, qual das duas sentenças julgas que naquele dia será a tua?

I. São Bernardo diz que no Juízo universal Jesus pronunciará primeiramente a sentença dos justos, chamando-os à glória do paraíso, a fim de que os réprobos sintam maior pena à vista do que perderam. Jesus Cristo, pois, voltar-se-á para os escolhidos, e com o semblante cheio de benevolência lhes dirá: Venite, benedicti Patris mei — “Vinde, benditos de meu Pai” . São Francisco de Assis, sabendo por uma revelação que era predestinado à glória, não podia conter a alegria. Qual não será então a alegria dos que ouvirem estas palavras do Juiz: “ … Vinde, filhos benditos, entrai no reino que vos espera; não tendes mais nada a sofrer, nada mais a recear; estais salvos, e salvos por toda a eternidade. Abençôo o sangue que por vós derramei, e abençôo as lágrimas que vós derramastes sobre os vossos pecados. Vamos ao paraíso onde juntos permaneceremos eternamente. ” A Santíssima Virgem abençoará também os seus dedicados servos e os convidará a acompanhá-la à celeste morada; e assim cantando aleluia! aleluia! Os escolhidos entrarão triunfantes no paraíso, para possuírem, louvarem e amarem eternamente a Deus.

Ao contrário, os réprobos voltados para Jesus Cristo dir-Lhe-ão: Que será feito de nós, desgraçados? — Vós, assim dirá o Juiz eterno, já que haveis recusado e desprezado a minha graça: Discedite a me, maledicti, in ignem aeternum — “Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno” . Discedite : apartai-vos, nunca mais vos quero ver nem ouvir. Maledicti , ide, malditos, ide, já que haveis desprezado a minha bênção. — Mas para onde, Senhor, para onde devem ir estes desgraçados? In ignem , para o inferno, onde devem arder em corpo e alma. Mas, por quantos anos ou por quantos séculos? O que? Anos? Séculos? In ignem aeternum , por toda a eternidade, enquanto Deus for Deus.

Ó pecado maldito, a que triste destino levarás um dia tantas pobres almas, remidas pelo sangue de Jesus Cristo! Ó almas desgraçadas, às quais está reservado um destino tão lastimável. — Dize-me, meu irmão, qual das duas sentenças julgas que será a tua naquele dia. Queres ser um dia abençoado com os escolhidos à tua direita! Deixa então o caminho que te leva a ser maldito com os réprobos à esquerda.

II. Depois da sentença, os réprobos, segundo Santo Efrém, despedir-se-ão dos Anjos, dos Santos, dos parentes e da divina Mãe. E neste instante um vasto abismo se abrirá no meio do vale, e nele cairão juntamente os demônios e os condenados, que sobre si ouvirão fechar essas portas, que, durante toda a eternidade, nunca e nunca se hão de abrir.

Ah, meu Deus e meu Salvador, qual será a sentença que me tocará no último dia? Se neste momento, meu Jesus, me pedísseis contas da minha vida, que outra coisa poderia responder-Vos, senão que mereço mil vezes o inferno? Sim, meu amado Redentor, é verdade que mereço mil vezes o inferno; mas sabei que Vos amo e que Vos amo mais que a mim mesmo. Quanto às ofensas que Vos fiz, estou possuído de tal dor, que antes quisera ter sofrido todos os males que ter-Vos desagradado. Ó Jesus meu, condenais os pecadores obstinados, mas não os que se arrependem e Vos querem amar. Aqui me tendes aos vossos pés com o coração contrito; deixai-me ouvir uma palavra de perdão.

Já mo declarastes pela boca do Profeta: Convertimini ad me, et convertar ad vos (1) — “Convertei-vos a mim, e Eu me converterei a vós” . Tudo abandono, renuncio a todos os gozos, a todos os bens do mundo; converto-me e ligo-me a Vós, Redentor meu amabilíssimo. Ah! Recebei-me em vosso Coração e ali abrasai-me com o vosso santo amor; inflamai-me de tal modo que nunca mais pense em separar-me de Vós. Jesus meu, salvai-me, e que a minha salvação consista em amar-Vos sempre, e louvar para sempre as vossas misericórdias: Misericordias Domini in aeternum cantabo (2) — “Eternamente cantarei as misericórdias do Senhor” .

— Maria, minha esperança, meu refúgio e minha Mãe, ajudai-me e alcançai-me a santa perseverança. Ainda não se perdeu ninguém que recorresse a vós; a vós me recomendo, tende piedade de mim.

Referências:

(1) Zc 1, 3 (2) Sl 88, 2

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo I: Desde o Primeiro Domingo do Advento até a Semana Santa Inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 364-367)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.