Quarta-feira da Sexta Semana depois de Pentecostes

Deus é o bem que faz o paraíso

Ego ero merces tua magna nimis – “Eu serei tua recompensa infinitamente grande” (Gn 15, 1)

Sumário. A formosura dos Santos, as harmonias celestiais e todas as outras delícias do céu, são os menores bens desse reino bem-aventurado. O bem que faz a alma plenamente feliz e faz propriamente o céu é o Bem supremo, é Deus, é vê-lo face a face e amá-lo. Ânimo, pois, meu irmão, visto que tão grande recompensa nos aguarda também. Mas, para o conseguirmos, mister é que abracemos de boa vontade as cruzes e tribulações da vida presente, mormente se no passado houvéssemos tido a desgraça de merecer o inferno.

I. A formosura dos Santos, as harmonias celestiais e todas as outras delícias do céu são os menores bens desse reino bem-aventurado. O bem que faz a alma plenamente feliz e que constitui propriamente o paraíso é o Bem supremo, é o Deus, é ver Deus face a face e amá-lo. – Diz Santo Agostinho que, se Deus se deixasse ver aos réprobos, o inferno com todos os seus tormentos se mudaria para ele no mesmo instante em um paraíso. E acrescenta que, se fosse dada a uma alma, ao sair desta vida, a escolha de ver a Deus ficando nas penas do inferno, ou de ser livre das penas do inferno, mas privada da vista de Deus, preferiria ver o Senhor nos tormentos do inferno.

A felicidade de ver e amar a Deus face a face, não pode ser de nós concebida nesta terra. Procuremos, porém, formar dela alguma ideia. Em primeiro lugar, sabemos que o amor divino é tão encantador, que mesmo nesta terra chegou a arrebatar não só as almas, como também os corpos dos Santos. São Filipe Neri foi certa vez arrebatado ao ar, juntamente com o banco em que estava sentado. São Pedro de Alcântara foi também elevado sobre a terra, a ponto de desarraigar a árvore à qual estava abraçado.

Sabemos, além disso, que os santos mártires, pela doçura do amor divino, se regozijavam até no meio dos tormentos. São Vicente falava de tal maneira, enquanto o atormentavam, que, na expressão de Santo Agostinho, parecia ser um que sofria e outro que falava. São Lourenço, enquanto estava na grelha em brasa, zombava do tirano nestes termos: Vira-me e come. – Que suavidade não enche a alma, quando, iluminada na oração por um raio da luz divina, vê a bondade divina e as misericórdias de Deus para com ela e o amor que lhe teve Jesus Cristo. Então a alma se sente toda abrasada e como que cair desfalecida pelo amor.

No entanto, neste mundo não vemos Deus tal qual é. Temos uma venda sobre os olhos e Deus está oculto sob o véu da fé e não se deixa ver. Que será, porém, quando se tirar a venda dos nossos olhos, se levantar o véu e virmos a Deus face a face? Veremos então como Deus é belo, quanto é grande, quanto é justo, quanto é perfeito, quanto é amável, quanto é amante!

II. Tinha razão o Apóstolo São Paulo em dizer que todos os sofrimentos da vida presente não são nada quando comparados com a futura glória que se manifestará em nós: Non sunt condignae passiones huius temporis ad futuram gloriam, quae revelabitur in nobis (1) . Por isso, meu irmão, abracemos de boa vontade as cruzes e tribulações que Deus nos envia para nosso bem; e, mais ainda, se no passado temos tido a desgraça de merecer o inferno. Digamos frequentemente com São Filipe: É tão grande o bem que espero, que toda a pena me é gozo.

Meu soberano Bem, eu sou esse desgraçado que Vos voltou às costas e renunciou ao vosso amor. Não merecia mais ver-Vos e amar-Vos. Mas, Vós sois aquele que, tendo compaixão de mim, não teve compaixão de si próprio, condenando-se a morrer de dor sobre um madeiro ignominioso e infame. A vossa morte me dá a esperança de Vos ver um dia e gozar de vossa presença, amando-Vos então com todas as minhas forças. Agora, que estou ainda em risco de Vos perder para sempre, depois de já Vos haver perdido pelos meus pecados, que farei no resto da minha vida? Continuarei a ofender-Vos? Não, meu Jesus, abomino com todo o horror de que sou capaz as ofensas que Vos fiz: pesa-me extremamente de Vos haver ultrajado e amo-Vos de todo o meu coração.

Repelireis uma alma que está arrependida e Vos ama? Não, meu amado Redentor; bem sei que dissestes que não sabeis repelir aquele que arrependido volta a vossos pés. – Ó meu Jesus, eu abandono tudo e me converto a Vós; abraço-Vos, aperto-Vos ao coração; abraçai-me também e apertai-me ao vosso. Ouso falar-Vos assim; porque falo a uma bondade infinita; falo a um Deus, que quis morrer por meu amor. Meu querido Salvador, dai-me a perseverança em vosso amor. – Minha querida Mãe Maria, pelo grande amor que tendes a Jesus Cristo, obtende-me a perseverança.

Referências:

(1) Rm 8, 18

(LIGÓRIO, Afonso Maria de. Meditações: Para todos os Dias e Festas do Ano: Tomo II: Desde o Domingo da Páscoa até a Undécima Semana depois de Pentecostes inclusive. Friburgo: Herder & Cia, 1921, p. 222-224)

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1. Preparação

Na preparação fazem-se três atos:

1º Ato de Fé na presença de Deus, dizendo:

Meu Deus, eu creio que estais aqui presente e Vos adoro com todo o meu afeto

2º Ato de Humildade, por um breve ato de contrição:

Senhor, nesta hora deveria eu estar no inferno por causa dos meus pecados; de todo o coração arrependo de Vos ter ofendido, ó Bondade infinita.

3º Ato de Petição de luzes:

Meu Deus, pelo amor de Jesus e Maria, esclarecei-me nesta meditação, para que tire proveito dela.

Depois:

  • uma Ave Maria à Santíssima Virgem, afim de que nos obtenha esta luz;
  • na mesma intenção um Glória ao Pai a São José, ao Anjo da Guarda e ao nosso Santo Protetor.


Estes atos devem ser feitos com atenção, mas brevemente, depois do que se fará a Meditação.

2. Meditação

Para a Meditação sirvamo-nos sempre de um livro, ao menos no começo, parando nas passagens que mais impressão nos fazem. São Francisco de Sales diz que devemos imitar as abelhas, que se demoram numa flor enquanto acham mel, e voam depois para outra.

Note-se além disto que são três os frutos da meditação: afetos, súplicas e resoluções; nisto é que consiste o proveito da oração mental. Assim, depois de haverdes meditado numa verdade eterna, e Deus ter falado ao vosso coração, é mister que faleis a Deus:

1º Pelos Afetos

Isto é, pelos atos de fé, agradecimento, adoração, louvor, humildade, e sobretudo de amor e de contrição, que é também ato de amor. O amor é como que uma corrente de ouro que une a alma a Deus. Conforme Santo Tomás, todo o ato de amor nos merece mais um grau de glória eterna. Eis aqui exemplos de atos de amor:

Meu Deus, eu Vos amo sobre todas as coisas. Eu Vos amo de todo o meu coração. Fazei-me saber o que é de vosso agrado; quero fazer em tudo a vossa vontade. Regozijo-me por serdes infinitamente feliz.

Para o ato de contrição basta dizer:

Bondade infinita, pesa-me de Vos ter ofendido.

2º Pelas Súplicas

Pedindo a Deus luzes, a humildade ou qualquer outra virtude, uma boa morte, a salvação eterna; mas principalmente o dom do seu santo amor e a santa perseverança, porque, no dizer de São Francisco de Sales, com o amor se alcançam todas as graças.

Se a nossa alma está em grande aridez, basta dizermos:

Meu Deus, socorrei-me. Senhor, tende compaixão de mim. Meu Jesus, misericórdia!

Ainda que nada mais fizéssemos, a oração seria excelente.

3º Pelas Resoluções

Antes de se terminar a oração, cumpre tomar alguma resolução, não geral, como por exemplo evitar toda falta deliberada, de se dar todo a Deus, mas particular, como por exemplo evitar com mais cuidado tal defeito, em que se caia mais vezes, ou praticar melhor tal virtude em que a alma procurará exercer-se mais vezes: como seja, aturar o gênio de tal pessoa, obedecer mais exatamente a tal superior ou a regra, mortificar-se mais frequentemente em tal ponto, etc. Nunca terminemos a nossa oração sem havermos formado uma resolução particular.

S. Alfonso Maria De Liguori Evangelizare Pauperibus Misit Me

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